Arthur Poerner: mídia é alienada da realidade

Por Carla Santos


No calor da ocupação das entidades estudantis ao terreno da Praia do Flamengo, 132, na cidade do Rio de Janeiro, realizado no dia 2 de fevereiro, o Vermelho conversou com Arthur Poerner, jornalista e

Poerner você que se dedica, entre outras coisas, a escrever a história do movimento estudantil, como você se sente fazendo parte desta ocupação?

Em me lembro do dia 1º de abril de 1.964, eu morava em Copacabana e era relator do Correio da Manhã, jornal que liderou a resistência à ditadura militar na imprensa. Neste dia sai da minha casa para o Jornal, que ficava nas proximidades da Lapa, e vi o prédio da UNE ser incendiado. Foi terrível! Quarenta e três anos depois eu estou aqui, convidado pela UNE, na primeira fileira da passeata que realizou a ocupação do terreno. É muito emocionante, vi muita gente chorando de alegria.


 


Como jornalista como você vê os grandes meios de comunicação hoje?


Eu gostaria muito que a mídia desce a devida atenção a isso [a ocupação]. Porque a mídia aqui no Brasil, me parece, é totalmente alienada da realidade. A realidade é uma e a mídia vive outra. Vive a realidades das novelas, dos costumes, desvia do principal, do que está acontecendo. Por isso que a mídia vive se surpreendendo. De repente uma coisa que já existe a muito tempo descobrem, ‘mas como?’, eles não entendem. Estão muito distantes do povo, como aliás também as classes dominantes, as elites do Brasil, elas vivem sendo surpreendidas porque elas vivem totalmente longe do povo. Estão voltadas para os Estados Unidos, para a Europa, não estão preocupados com a América Latina, com o Brasil. Se surpreenderam agora, aliás, com a reeleição do Lula. Eles não entenderam que para milhões de brasileiros comer três vezes por dia é uma coisa importante.


 


Você concorda que é hora de sair uma nova edição do Poder Jovem?


Plenamente. Saiu a quinta edição a dois anos, mas o dinamismo do movimento estudantil, a luta da UNE, me obriga de vez em quando, e de maneira cada vez mais intensa, a reeditar o livro. Então eu estou pronto para a próxima edição na qual eu vou ter que contar a história da retomada deste terreno. Um capítulo muito bonito, pelo menos isso eu vou ter que acrescentar à edição anterior.


 


Leia também: ''Acampamento é uma reconquista para a UNE'', afirma Poerner