EUA: Justiça barra site que oferecia turismo sexual a militares

Com um pedido de liminar, uma estudante de 20 anos conseguiu tirar do ar o site da agência americana Tours Gone Wild (TGW), acusada de promover o turismo sexual no Rio, vendendo pacotes para soldados americanos que servem no Iraque. Aline Alves Rajão fico

Segundo Renata Chiavegatto, advogada que cuida do caso, a estudante estava em uma boate com suas amigas, quando foi fotografada, sem autorização. ''As fotos foram veiculadas na internet sem que a minha cliente sequer tivesse pousado para elas'', disse a advogada.


 


A ação foi distribuída no sábado (3) no plantão do Tribunal de Justiça e deu, ainda que provisoriamente, ganho de causa à jovem, que cursa engenharia de produção na UFRJ.


 


Os mandados de intimação foram direcionados a sete importantes provedores de internet (Terra, Brasil Telecom, Embratel, Uol, Global Crossing, Telecom Itália e Telesp) e, no pedido, a advogada solicitou o corte do sinal. ''Quem acessar esses provedores, em tese, não deve conseguir acessar o site da agência. O único que ainda não recebeu o mandado é a Telecom Itália, que deve estar recebendo o mandado hoje por oficial de justiça'', diz Renata Chiavegatto.


 


Em seu despacho, a juíza diz que ''o pedido da autora encontra respaldo legal'' e determina o corte do sinal. As empresas que desobedecerem a determinação legal poderão receber multas diárias de R$ 50 mil.


 


Segundo a advogada, no processo foram juntadas provas que comprovam a má-fé da agência. ''Temos, em alguns artigos veiculados na internet, depoimentos de clientes que compraram os pacotes e de funcionários, inclusive do sócio da agência, confessando que colocam no site fotos de mulheres bonitas que eles encontram em boates de alto nível no Rio''.


 


Denúncias serão investigadas


 


O Ministério do Turismo investiga a denúncia de que soldados americanos em serviço no Iraque estão vindo ao Rio de Janeiro para fazer turismo sexual e deverá recomendar ao governo brasileiro uma ação de repúdio, caso fique comprovado que uma agência de viagens americana está incentivando esse tipo de prática no país. A decisão surgiu em reação à matéria do jornal inglês ''The Guardian'', que relata como os militares estariam utilizando suas férias e o dinheiro do benefício dado às tropas para conhecer as mulheres brasileiras.


 


Em nota, o ministério diz que “assim que tomou conhecimento da matéria publicada no Jornal The Guardian, o Ministério solicitou que o escritório da Embratur nos Estados Unidos averiguasse as informações” e que “repudia toda e qualquer promoção do nosso País com apelo sensual”.


 


Em entrevista ao site da Rede Globo G1 no dia 23 de janeiro, o responsável pela agência Tour Gone Wild (TGW), principal agenciadora da entrada dos soldados no país, o guia Mayko Rei admitiu que 90% de seus clientes são homens, mas garantiu que a empresa faz turismo noturno e não sexual.


 


“A partir do momento em que nossos clientes quiserem vir para o turismo sexual, a nossa empresa acaba. Nós não levamos para boates de gringos, onde só aparecem prostitutas. No site, estão fotos sensuais e colocamos fotos das mulheres mais bonitas, mas são fotos tiradas na Nuth, na Baronetti, são mulheres que freqüentam as boates de mais alto nível da cidade”, explica Mayko.


 


Segundo ele, entretanto, não há como reprimir o turismo sexual. “Às vezes eles saem sozinhos, fora da nossa programação com garotas de programas, mas nós não vendemos nem acompanhamos. Mas não podemos controlar o tempo livre dos clientes. Se eles encontram essa facilidade no Brasil, a culpa não é nossa”, diz o guia, que deve receber três soldados mulheres, vindas do Iraque, em fevereiro, e um grupo de 120 turistas para o carnaval no Rio e em Salvador, inlcuindo casais com filhos.


 


No site da empresa, no entanto, quem já usou seus serviços de viagem relata as vantagens: “Mayko, nosso guia, atuou como um personal cafetão, nos apresentando a garotas e ajudando na tradução quando havia alguma barreira com a língua”, diz o americano James P., de Nova York.


 


Mais abaixo, o conterrâneo identificado como Mario M. descreve a sua experiência com a agência: “Não há nada como relaxar na praia durante o dia, ter uma agenda sem muitas regras e sair para festas até as 6h ou 7h com algumas das mulheres mais bonitas do planeta”. Também americano, o turista que assina como Rick F. conta que a noite no Rio é incrível. “TGW escolheu ótimos points, que vinham junto com mulheres maravilhosas”.


 


O guia se defende dizendo que costuma atuar como um amigo que “coloca uma menina na fita” de outro. “Você imagina uma pessoa que não fala português querendo se comunicar com uma mulher. Eu fico lá desde a hora em que eles chegam na boate até a hora em que vão embora. Se eles conhecem uma menina e tiverem uma dúvida, vou ajudar, sem problemas. Se elas fossem garotas de programas, eu não precisaria interceptar”, rebate.