Dois anos da morte de irmã Dorothy Stang

No dia 12 de fevereiro de 2005, a irmã Dorothy Stang, missionária americana naturalizada brasileira, da congregação das irmãs de Notre Dame de Namur, foi covardemente assassinada com seis tiros no município de Anapu, região em que era tida como uma das li

O cruel assassinato da Irmã Dorothy foi mais um capítulo das histórias de violência, assassinatos, grilagem de terras, trabalho escravo e destruição que assolam a Amazônia. Dois anos depois e os mandantes do seu assassinato continuam soltos. A comoção mundial e a mobilização popular em torno do caso foram fundamentais, mas mesmo assim ainda são registrados muitos crimes praticados por madeireiros e fazendeiros que têm seus interesses econômicos ameaçados. Diante dessa situação, entidades e movimentos sociais instituíram o dia 12 de fevereiro como um dia de luta em defesa da Amazônia e contra a impunidade.


 


Três dos cinco acusados pelo assassinato da freira já foram condenados. O julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, está marcado para abril. A Justiça aguarda a apreciação de um recurso do fazendeiro Regivaldo Galvão, o Taradão, para marcar o julgamento. Os dois são acusados de serem mandantes do crime.



Esse ano, as atividades tiveram início na última sexta-feira (9), com uma mesa redonda intitulada ‘Construção de Alternativas Populares para a Amazônia’, na Igreja Luterana, em Belém, capital do estado do Pará. Ontem (11), houve uma missa em memória à irmã Dorothy na paróquia Santa Maria Goreth, em Guamá, no Pará.



Nesta segunda-feira (12), uma celebração ecumênica está programada para as oito horas da manhã, na Praça Felipe Patroni, em frente ao Tribunal de Justiça do Pará, em Belém. Durante o ato, os participantes receberão doações voluntárias de brinquedos, roupas e materiais didáticos, que serão destinados ao acampamento Carlos Prestes, do MST, em Irituia, no estado do Pará. Ainda no dia 12, às 17 horas, a governadora Ana Júlia Carepa receberá uma comissão dos movimentos sociais, que apresentará documento sobre a situação no campo após a morte de Dorothy. O bispo do Xingu, D. Erwin Krautler, que sofre ameaças de morte, participará da audiência.


 


Quem foi Dorothy Stang


 



 


Dorothy Mae Stang, conhecida como Irmã Dórote (Dayton, 7 de junho de 1931 — Anapu 12 de fevereiro de 2005) foi uma freira norte-americana naturalizada brasileira.


 


Pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804 por Santa Julie Billiart (1751-1816) e Françoise Blin de Bourdon (1756-1838). Esta congregação católica internacional reúne mais de duas mil mulheres que realizam trabalho pastoral nos cinco continentes.


 


Ingressou na vida religiosa 1948, emitiu seus votos perpétuos – pobreza, castidade e obediência – em 1956. De 1951 a 1966 foi professora em escolas da congregação: St. Victor School (Calumet City, Illinois), St. Alexander School (Villa Park, Illinois) e Most Holy Trinity School (Phoenix, Arizona).


 


Em 1966 iniciou seu ministério no Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão.


 


Irmã Dorothy estava presente na Amazônia desde a década de setenta junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da Transamazônia. Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região.


 


Atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.


 


A religiosa participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Defensora de uma reforma agrária justa e conseqüente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.


 


Dentre suas inúmeras iniciativas em favor dos mais empobrecidos, Irmã Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de formação de professores na rodovia Transamazônica, que corta ao meio a pequena Anapu. Era a Escola Brasil Grande.


 


Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: «Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar.


 


Ainda em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (secção Pará) pela sua luta em defesa dos direitos humanos.


 


Assassinato


 


A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com sete tiros, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará, Brasil.


 


Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia Sagrada. Leu ainda alguns trechos das Sagradas Escrituras para aquele que logo em seguida lhe balearia.


 


No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.


 


O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heróicas da matrona cristã.


 


Fonte: Wikipédia


Outras informações: http://www.comitedorothy.cjb.net/