Oito metalúrgicos da Bahia morrem por falta de segurança no trabalho

A freqüência com que ocorrem acidentes de grandes proporções nas empresas metalúrgicas da Bahia é alarmante. Depois das duas explosões ocorridas consecutivamente na RDM/Vale do Rio Doce, que feriram sete funcionários em apenas duas semanas, um trabalhador

É uma história triste, mas, infelizmente, corriqueira. Apesar dos riscos envolvidos na atividade que estava sendo realizada, nenhuma das duas empresas – a contratante e a contratada – mantinha no local um técnico de segurança, uma obrigação legal. Além disso, os operários que trabalhavam na fixação do teto não passaram por nenhum treinamento de segurança, mesmo sendo submetidos a uma atividade de alto risco.


 


“É um absurdo o que as empresas andam fazendo. Na ânsia de aumentar seus lucros a qualquer custo, elas simplesmente desprezam qualquer medida de segurança e quem paga é o trabalhador, às vezes com a própria vida”, diz Aurino Pedreira, presidente da Federação dos Metalúrgicos da Bahia (Fetim-BA).


 


De fato, o número de acidentes ocorridos nas empresas do setor metalúrgico baiano tem crescido de forma acelerada, ao mesmo tempo em que elas batem recordes de produção. “Não há um aumento proporcional no número de contratados, o que ocorre é que as empresas passam a exigir mais dos seus funcionários”, explica Pedreira. O resultado é óbvio: quando mais se exige do trabalhador, menor a preocupação com a segurança. Conseqüentemente, ocorrem mais acidentes.


 


Negligência
Edvaldo fazia parte da equipe que montava a estrutura do teto da Autometal. Sem a orientação de um técnico especializado, os trabalhadores tomaram as medidas de segurança que lhes pareceram apropriadas. Como não haviam, no entanto, passado por treinamento de segurança, equivocaram-se ao atar seus cintos de segurança em peças móveis.


 


Apesar dos constantes alertas do operador de guincho que auxiliava na montagem – um experiente trabalhador com 24 anos de experiência – sobre o perigo que os operários corriam, os responsáveis pela obra não voltaram atrás. Pelo contrário, ordenaram que o serviço tivesse continuidade. A imprudência foi fatal. A peça em que o cinto de Edvaldo estava preso se soltou. Sem sustentação, ele caiu para a morte.


 


Prontamente, o Sindicato dos Metalúrgicos ofereceu auxílio à família do trabalhador e no dia 08 enviou ofício à Delegacia Regional do Trabalho solicitando a apuração dos fatos. As empresas, por outro lado, negaram qualquer esclarecimento.


 


Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia