Ao estrear no Senado, Inácio destaca a unidade que o levou a vitória
Em seu discurso, Inácio Arruda também chamou atenção para a participação do PCdoB nas campanhas de Lula para a presidência da República: “estivemos presentes, fazendo com que esta liderança metalúrgica se transformasse em uma liderança nacional, ajudando
Publicado 15/02/2007 17:28
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta 53ª Legislatura do Congresso Nacional, o Partido Comunista do Brasil, partido dos comuns, dos homens e mulheres simples do povo, retorna, seis décadas após a Constituinte de 1946, à Câmara Alta do Parlamento Nacional.
É com orgulho, portanto, que assumo esse mandato, conferido por quase dois milhões de votos dos cearenses, que sufragaram meu nome numa eleição em que o nosso Partido conquistou a quinta maior votação do Brasil. Isso mesmo: o Partido Comunista do Brasil obteve nessa eleição de 2006 a quinta maior votação para o Senado da República, com mais de 7,5% dos votos nacionais para o Senado. Somos, portanto, na eleição de 2006, no Senado da República, o quinto maior Partido em números de votos de eleitores.
Esse mandato é o resultado da bem-sucedida realização da nossa política de unidade e se deve ao esforço de uma ampla conjunção das forças políticas que trabalharam de modo aguerrido para conferir um segundo mandato ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Registro aqui a participação do Partido Comunista do Brasil nas seguidas candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva. Apoiamos Lula em 1989 e em 2006. Em todas as suas campanhas estivemos presentes, fazendo com que esta liderança metalúrgica se transformasse em uma liderança nacional, ajudando um operário a se transformar numa grande liderança do povo brasileiro, da América do Sul e hoje uma liderança do mundo, que é exatamente Luiz Inácio Lula da Silva.
No Ceará, o meu Estado, essa ampla coligação colheu os melhores resultados, elegendo o Governador Cid Gomes, do PSB, ainda no 1º turno, e o seu Vice, que é do Partido dos Trabalhadores, Francisco Pinheiro, além de uma significativa Bancada de Deputados Federais e Estaduais.
O PCdoB retorna ao Senado em circunstâncias bem distintas daquelas em que estreou nesta Casa o Senador Luís Carlos Prestes. O País vivia naquele momento também esta onda de redemocratização, marcado pela tensão internacional bipolar do confronto entre os campos de influências geopolíticas dos Estados Unidos e da União Soviética.
Estava Prestes encarcerado nas masmorras do Estado Novo, onde ficou por nove anos. Entretanto, a sua popularidade crescia visivelmente. O primeiro Senador comunista se celebrizava desde as jornadas empreendidas pelo movimento tenentista dos anos 20, em particular, pelo seu destacado papel de comando na estruturação e na marcha empreendida pela Coluna Prestes. Ela levou esse nome, mas era uma coluna de oficiais do Exército Brasileiro, era uma coluna de homens que queriam destravar o desenvolvimento do Brasil. Aqueles jovens queriam acelerar o desenvolvimento da Nação brasileira naquela década de 20. Eles almejavam o desenvolvimento, fazer com que o nosso País se modernizasse, crescesse. Queriam fazer com que a nossa juventude tivesse perspectivas. Eram esses os desejos daqueles homens que percorreram as cinco regiões da nossa Nação.
Saíram do Sul, percorreram o Sudeste, foram para o Nordeste, entraram pelo Norte, foram ao Centro-Oeste e, mesmo vencidos aparentemente, militarmente, entraram para o exílio, exultantes, como vitoriosos, dizendo que o seu objetivo tinha sido alcançado. Eles tinham sido, a rigor, vitoriosos.
Poucos anos depois, a Revolução de 1930 fazia com que aqueles anseios, desejos e sonhos dos tenentistas fossem, de fato, vitoriosos, numa epopéia que eles viveram por este Brasil afora, desejosos do desenvolvimento.
Sr. Presidente, ligo esses fatos, ligo uma coisa à outra. Aquele momento que viveu o primeiro Senador comunista nesta Casa, e único naquele instante, poderia ter sido acompanhado por um Portinari. Fosse a apuração eletrônica naquela época, não teríamos somente que apreciar a fantástica obra plástica de Portinari. Estaríamos também apreciando seus discursos nos Anais do Congresso Nacional, porque ele foi usurpado no seu mandato, no manuseio da apuração dos votos no Estado de São Paulo, ele que foi candidato ao Senado pela legenda do Partido Comunista. E, ali, tomaram-lhe o mandato, mas ele foi candidato. Poderia ter também acompanhado Prestes naquela epopéia também da presença dos comunistas aqui dentro do Senado Federal.
Aqueles jovens, aquela luta, aquela trajetória do povo brasileiro, naquela época, posso transportar para os dias de hoje, quando retornamos pelo voto do povo.
Faço um parêntese para registrar que, nesse intervalo, passou pela nossa legenda, o que muito nos honrou, o Senador Leomar Quintanilha, que saiu do PMDB, veio para o nosso Partido e voltou ao seu PMDB. S. Exª nos honrou com a sua presença no Partido Comunista do Brasil. Na nossa legenda, foi candidato a Governador pelo Estado de Tocantins, e consideramos a sua passagem muito importante.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero relacionar essa trajetória a essa batalha viva do povo brasileiro, a essa luta de desenvolvimento que travamos, à discussão que se coloca hoje entre o projeto de desenvolvimento nacional e forças políticas que ainda insistem em segurar o desenvolvimento. Nós trabalhamos com duas idéias.
Venho de uma região que exige que essas duas idéias se conjuguem: uma, destravar o desenvolvimento que Lula tem alçado a um patamar de debate elevado. Vamos destravar o desenvolvimento. No entanto, não precisamos só destravar, mas desconcentrar o desenvolvimento. O desenvolvimento do Brasil ainda é muito concentrado, e há regiões esquecidas no debate político sobre o desenvolvimento, regiões que ficam isoladas no projeto de desenvolvimento.
Assim, não se consegue construir o projeto de desenvolvimento nacional. Precisamos incluir a Região Norte, precisamos incluir a Região Nordeste, de onde venho, lá do Ceará, precisamos incluir a Região Centro-Oeste. Não se pode depender da vontade esporádica dos dirigentes de um Estado, de um empreendimento empresarial que tenha sucesso esporadicamente, em um Estado ou outro, de uma aventura de um Estado ou outro. Não. São necessários discussão, debate e planejamento.
O Estado tem muitos agentes. Nós temos um banco na Região Norte, do Estado, o BASA; nós temos um banco na Região Nordeste, o Banco do Nordeste; nós recuperamos a Sudene, recuperamos a Sudam, e temos instrumentos na Região Centro-Oeste do nosso País; temos o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. São instituições do Estado brasileiro. Nós temos as universidades brasileiras. Nós avançamos nesse ponto de vista.
Então, vamos conjugar esses esforços para desenhar o projeto de desenvolvimento nacional, mais articulado, mais planejado, mais distribuído. Do contrário, uma região, ou um Estado, pode travar o desenvolvimento do nosso País, e nós precisamos destravá-lo, desconcentrá-lo, para que todo o País seja parte do projeto de desenvolvimento. Que todo País possa dizer: vamos acelerar o crescimento da nossa Nação efetivamente. É isso o que nós desejamos. É para isso que nós lutamos nas nossas regiões, nos nossos Estados e lá no nosso Estado do Ceará, na nossa Região Nordeste, de onde milhares de brasileiros têm saído. Na Região Norte, nem falar.
Há pouco, aparteei o meu colega cearense, Senador pelo Estado do Pará. E quantos Senadores têm tido assento aqui, Nery, vindos do Ceará, mas representando outros Estados? Por quê? O Ceará, e parte do Nordeste, Sr. Presidente, vive uma espécie de diáspora permanente, porque não consegue integrar-se a um projeto de desenvolvimento; não consegue engajar-se nesse processo. De repente, nós assistimos a ilhas fantásticas de desenvolvimento no Brasil, um pedaço do Brasil que parece a Suíça, a Alemanha; parece uma Berlim, uma Londres, uma Nova Iorque, uma Miami, e o resto do País completamente abandonado.
Então, precisamos fazer essa integração forte.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB – SE) – V. Exª me concede um aparte, Senador?
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PcdoB – CE) – Vou conceder com muito prazer, seguindo a ordem de solicitação pelo nobre conterrâneo, Senador Nery, do Estado do Pará; em seguida, ao ilustre Senador Carlos Valadares, ao quase já…
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PcdoB – CE) –…decano entre nós, Senador Eduardo Suplicy; e, em seguida, ao Senador Garibaldi. Senador José Nery, ouço V. Exª.
O Sr. José Nery (P-SOL – PA) – Senador Inácio Arruda, inicialmente, cumprimento V. Exª pela brilhante fala no começo do seu mandato de Senador, representando o Estado do Ceará, pela abordagem das questões relativas ao desenvolvimento regional, especialmente das duas regiões mais pobres deste País, o Nordeste e a Região Norte. Associo-me às suas preocupações quanto à necessidade de pensarmos no Brasil em um projeto de desenvolvimento que realmente dê conta de garantir as condições mínimas de dignidade a todos os brasileiros e brasileiras.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PL – ES. Fazendo soar a campainha.) – Peço aos aparteantes que sejam sucintos nos apartes, pois ainda há alguns oradores na Casa e já extrapolou o tempo do Senador Inácio Arruda. Vou conceder a S. Exª mais 3 minutos, pois, do contrário, o aparte será dele e ficarão S. Exªs como oradores.
O SR. INÁCIO ARRUDA (PCdoB – CE) – Terei prazer em apartear V. Exª.
O Sr. José Nery (P-SOL – PA) – Na verdade, com muita honra, faço este aparte ao nobre representante conterrâneo do Ceará, dizendo que suas preocupações são nossas; são de todos aqueles que querem um Brasil mais justo. Faço também uma homenagem ao seu Partido, o PCdoB, pela sua longa história de lutas em prol dos explorados e do povo brasileiro, que resistiu à ditadura, se construiu na luta do povo e, por isso, não só V. Exª, mas o Partido Comunista do Brasil recebem neste momento as homenagens do Partido Socialismo e Liberdade, representado por nós nesta Casa, e a certeza de que estaremos irmanados por princípios e preocupações na lutar por melhores condições de vida para o povo brasileiro. Um grande abraço e sucesso nessa sua nova tarefa no Senado Federal.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB) – Acolho com alegria e satisfação o aparte de V. Exª. Concedo um aparte ao Senador Antonio Carlos Valadares.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB – SE) – Senador Inácio Arruda, aproveitando o momento em que V. Exª fala em desenvolvimento, quero fazer uma homenagem, por seu intermédio, ao povo do Ceará e, mais de perto, ao seu eleitorado, que reconheceu, ao trazê-lo para o Senado Federal, os méritos, a cultura, a inteligência, o preparo e o acendrado amor ao Brasil de V. Exª. Tenho absoluta certeza que o Ceará está bem representando com a sua eleição, a sua presença aqui nesta Casa será marcada, tenho certeza também, por temas sociais preocupantes em nosso País. V. Exª fala em desenvolvimento, e o Ceará deu uma prova de desenvolvimento político, de sabedoria política, ao trazê-lo para o nosso convívio. Parabéns a V. Exª.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB) – Agradeço e incorporo ao meu pronunciamento as palavras de V. Exª. Concedo aparte ao Senador Eduardo Suplicy.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Senador Inácio Arruda, meus cumprimentos por sua trajetória, que acompanho há tempo, e por ter aqui chegado pela vontade expressa do povo do Ceará. São muitos os assuntos que V. Exª traz aqui, sobretudo na lembrança da trajetória de seus companheiros do PCdoB, da Coluna Prestes e de todos aqueles que procuraram, em suas próprias palavras, destravar o desenvolvimento e lutar por justiça neste País. V. Exª é o primeiro que chega ao Senado Federal representando o PCdoB – nós tivemos aqui o Senador Leomar Quintanilha, que foi do PCdoB, mas, eleito pelo PCdoB, V. Exª é o primeiro. Reporto-me à discussão que hoje travamos na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde alguns dos Senadores, como Marco Maciel e Demóstenes Torres, registraram que, na Alemanha por exemplo, surgiu há alguns anos o Partido Verde, que inicialmente não tinha representantes, mas depois passou a ter, tendo inclusive conseguido ultrapassar a cláusula de barreira. Ora, como disse, tivemos tivemos aqui o Senador Leomar Quintanilha, que foi do PCdoB, mas, eleito pelo PCdoB, V. Exª ´e o primeiro. Eu dizia, então, que o PV, nascido na Alemanha, primeiro não tinha representação e hoje tem. O PCdoB hoje tem representação no Senado além de ter tido um Presidente da Câmara, Aldo Rebelo – V. Exª lembrou seu papel, que tanto dignificou os que o elegeram e o povo brasileiro. Levando em conta a sua posição, gostaria de fazer uma sugestão ao Presidente Antonio Carlos Magalhães, até porque vamos ter, no dia 28, uma votação que vai requerer um debate intenso: trata-se da idade em que as pessoas passam a ter punibilidade diante do cometimento de crimes. Isso, certamente, vai demandar uma longa sessão. Agora, o assunto do projeto do Senador Marco Maciel, que assinei por solicitação dele para que se promovesse a discussão, merece o debate que V. Exª propõe. Acho que poderíamos até, na próxima semana, antes da chegada do dia 28, pensar na melhor forma de realizar um debate, que pessoas poderiam contribuir. Vamos fazer a sugestão ao Presidente Antonio Carlos Magalhães, que está certo quando quer que haja uma decisão a respeito, mas que a decisão seja a mais informada possível. Quero expressar a minha solidariedade à causa justa que V. Exª aqui colocou. Vamos decidir, mas vamos decidir depois de obtermos informações completas sobre o assunto.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR – ES) – Senador Eduardo Suplicy, V. Exª já está há cinco minutos fazendo o aparte. Há outros Senadores inscritos para falar, inclusive V. Exª.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Está bem, já terminei.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Acolho a sugestão de V. Exª de discutirmos com o Senador Antonio Carlos Magalhães, mesmo porque estou sempre com aquela idéia do poeta Fernando Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Pode ser que nós encontremos um meio-termo com o Senador Antonio Carlos Magalhães em relação a esse debate. Senador Garibaldi Alves Filho, por favor, V. Exª tem a palavra.
O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB – RN) – Serei breve, Senador Inácio Arruda, quero apenas dizer da minha satisfação em ver V. Exª assumindo o mandato de Senador e já ocupando a tribuna do Senado. Somos vizinhos, mas espero que não sejamos vizinhos por nossa posição geográfica apenas, que possamos ser vizinhos também em nossos pensamentos, em nossas idéias e na defesa da nossa região Nordeste. Parabéns, Senador Inácio.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Obrigado.
O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT – SP) – Senador Inácio Arruda.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Senador Aloizio Mercadante, é uma grande satisfação ouvir a palavra de V. Exª. Estou sob o comando de V. Exª em uma das comissões mais importantes da Casa, que é a Comissão de Assuntos Econômicos.
O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT – SP) – Obrigado, Senador.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Em termos de desenvolvimento, será, digamos, o centro do debate.
O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT – SP) – Senador Inácio Arruda, é um imenso prazer vê-lo nessa tribuna. Comecei a minha militância há mais de trinta anos, na luta contra a ditadura militar, na lutando contra a tortura e a repressão, e o PCdoB estava na clandestinidade. Fizemos a luta pela anistia e o movimento contra a carestia e custo de vida em São Paulo, e o PCdoB estava naquele movimento; lutamos pela Constituinte, e o PCdoB estava conosco naquela trincheira; lutamos pelo impeachment, pelas diretas e por tantas outras questões. Em 1989, percorri com o Brasil inteiro com o Presidente Lula, e o PCdoB estava conosco. Em 1994, fui candidato a Vice-Presidente da República com Lula, e vocês estavam conosco. Portanto, são trinta anos de respeito, de convivência e de militância conjunta. Acho que é um momento histórico o PCdoB ter uma candidatura eleita pelo voto direto nesse período da história. Chegando ao Senado. V. Exª carrega toda essa história, toda essa luta, toda essa coerência, toda essa combatividade, essa lealdade. Eu queria estar presente neste primeiro pronunciamento, saudando-o com muita alegria e certo de que o Ceará não poderia ter feito escolha melhor. O Brasil saberá respeitar, ao longo dos oito anos, essa vivência, essa experiência e essa história que o PCdoB carrega em seus ombros. Parabéns, Senador Inácio Arruda.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Eu é que agradeço a V. Exª, acolhendo o aparte que me faz neste momento.
Apesar de minha trajetória passar pelo exercício de diversos mandatos – fui Vereador em Fortaleza, Deputado Estadual no Ceará e Deputado Federal por três mandatos –, tenho plena consciência de que tenho muito a aprender com todos os Srs. Senadores, porque todos têm a experiência de estar aqui representando seus Estados, vivendo em uma Casa que tem muita responsabilidade pelos seus Estados e regiões. Será um momento de grande aprendizado e também de luta em defesa desses interesses.
Encerro, Sr. Presidente, pedindo a V. Exª que acolha o inteiro teor do meu pronunciamento, já que será impossível concluí-lo em respeito à presença dos demais oradores que ainda desejam falar na sessão de hoje.
Mas gostaria de dizer duas últimas palavras. A primeira, Sr. Presidente, é a de que nós temos plena consciência do momento político que vive o Brasil, da sua necessidade de desenvolvimento e de que, independentemente de escaramuças políticas circunstanciais, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um passo importante para o futuro de nosso País.
Estamos dispostos, se preciso for, a fazer a “coluna do desenvolvimento” no Brasil, marchar por este País afora para garantir que se destrave tudo o que for preciso para garantir o nosso desenvolvimento.
O programa que aí está merece o nosso apoio, mas também merece reparo. E devemos fazê-lo no Congresso Nacional, nas duas Casas. Temos de estar preparados. Devemos examinar quais são os gargalos centrais desse plano, desse projeto de construção do desenvolvimento nacional. Não devemos ter receios em função de apoiar vigorosamente o Presidente da República. Tenho dito, às vezes: Senhor Presidente, Vossa Excelência conta com o voto do PCdoB, conta com o voto do nosso Partido. Ressalvadas as questões de princípios, ressalvado o nosso compromisso com os trabalhadores brasileiros, Vossa Excelência conta com o nosso apoio, com o nosso voto. Não é para darmos tapinhas nas costas do Presidente, mas para dizer-lhe palavras sinceras, leais. Sou um aliado que quer o desenvolvimento do País, do povo brasileiro. É o que desejamos, é para isso que estamos no Senado, na Câmara Federal.
Por último, Sr. Presidente, quero fazer uma homenagem a pessoas sinceras. Trago uma mensagem sincera aos lutadores de nosso País, àqueles que estão irmanados e que contribuíram para essa nossa vitória. Quero dizer à nossa coligação no Ceará, ao PSB, ao PMDB, ao Partido dos Trabalhadores, ao PCdoB, aos que se irmanaram conosco no plano nacional – e faço uma referência especial ao Deputado Aldo Rebelo, ao Deputado Renildo Calheiros, ao Presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e uma homenagem póstuma pela política ousada de aliança que inscreveu para o nosso Partido.
Encerro, Sr. Presidente, falando desse nosso irmão piauiense. Fizemos uma política ousada porque fomos, ao mesmo tempo, o vice de Mão Santa, lá no Piauí, e, com o Osmar, fomos o vice de Wellington Dias, irmanando nossa política de aliança. E essa sabedoria nos foi oferecida por um homem que teve uma trajetória marcante na luta do povo brasileiro, o condutor de uma das mais importantes batalhas do povo brasileiro, a Guerrilha do Araguaia: João Amazonas.
Um grande abraço.
Estamos aqui para contribuir. Sei que vou aprender e vou também ajudar o meu País, meu caro Senador Arthur Virgílio, a quem concedo um aparte, para encerrar meu pronunciamento.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Senador Arthur Virgílio, V. Exª me permite primeiro conceder um aparte ao Senador Augusto Botelho?
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB – AM) – Sem dúvida, Senador Inácio Arruda.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Primeiro, Senador Augusto Botelho e, em seguida, o Senador Arthur Virgílio.
O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT – RR) – Eu ia falar em nome dos amazônidas de Roraima e do Amazonas. Já que o Senador Arthur Virgílio vai falar, quero apenas lhe desejar boas-vindas e dizer que V. Exª tem uma responsabilidade muito grande porque está substituindo o cavalheiro da esperança. Espero que V. Exª seja, para o desenvolvimento, um vagão de esperança para ajudar, com o seu discurso e com o seu trabalho, a desenvolver o Brasil para diminuir essa vergonhosa diferença entre os mais ricos e os mais pobres. Tenho certeza de que o seu Partido vai contribuir para isso. E o trabalho de V. Exª vai ser brilhante nesta Casa. Muito obrigado.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Concedo um aparte ao Senador Arthur Virgílio.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB – AM) – Senador Inácio Arruda, eu, que tive a alegria de ser seu colega na Câmara dos Deputados e que sou testemunha tanto do seu espírito público quanto da sua combatividade, sei que aqui teremos sempre uma convivência fraterna. Evidentemente, em alguns momentos, teremos o choque de posições ideológicas e políticas, o que já havia lá – não é novidade. Portanto, saúdo, com muita esperança e com muita expectativa, a sua estréia na tribuna, fazendo um discurso de fôlego, como o fez, tendo no desenvolvimento das regiões, portanto, no equilíbrio regional, o cerne dessa parte do pronunciamento que pude ouvir. V. Exª mencionou, por outro lado, o episódio, que é histórico e que não dá para se negar, da Guerrilha do Araguaia. Eu queria lhe recomendar uma leitura extremamente interessante, de um jornalista que foi da revista Veja. O nome do livro é O Nome da Morte, que é a história de um matador profissional que executou 497 pessoas e que foi usado na Guerrilha do Araguaia. Foi ele quem baleou no ombro – ele não quis matar, pois era ordem não matar – o guerrilheiro Geraldo, o José Genoíno. Todo o depoimento dele bate com o do Genoíno. É um livro extremamente interessante que, num trecho não muito grande dele próprio, relata com minúcias o que se passou naquele episódio tão conturbado, que sei que tem uma importância singular para seu Partido. Gostaria de dar-lhe boas-vindas, saudar sua vitória eleitoral e dizer que o Senado o recebe de braços abertos, pronto para conviver com sua fraternidade, generosidade e combatividade de militante político. Obrigado.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Eu é que agradeço. Lembro o nosso primeiro encontro lá em Manaus. Ainda era do Movimento contra a Carestia; ainda eram momentos mais duros, mais difíceis, e estávamos do mesmo lado. Assim, tenho quase certeza de que, num futuro bem próximo, em face da necessidade do desenvolvimento do nosso País, de uma necessidade histórica do nosso País, também vamos estar na mesma trincheira.
Ouço o Senador Flexa Ribeiro.
O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB – PA) – Senador Inácio Arruda, também quero ter a oportunidade de aparteá-lo no momento em que V. Exª chega ao Senado Federal, representando o nosso querido Estado do Ceará. Parabenizo V. Exª e desejo-lhe sucesso no mandato. É uma alegria muito grande tê-lo aqui defendendo, como já o vi fazer, em vários apartes e intervenções na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e na de Desenvolvimento Regional e Turismo, as regiões subdesenvolvidas do nosso País, como o seu Nordeste e a nossa Amazônia. Não há dúvida, Senador Inácio Arruda, de que a Nação brasileira deve a essas regiões um projeto de vontade política no sentido de resgatar a dignidade dos brasileiros que lá vivem, diminuindo os desníveis, sejam eles econômicos, culturais e sociais, que separam essas regiões. Nós, apesar das divergências ideológicas, vamos somar juntos no sentido de trabalharmos pelo desenvolvimento do Brasil. V. Exª acabou de dizer ao Senador Arthur Virgílio que estaremos juntos na vontade e no desejo de ver o Brasil crescer. Penso que essa é a vontade de todos os Senadores e de todos os brasileiros. Vamos corrigir as falhas que possam vir ocorrer e procurar todos fazer com que este País realmente avance.
Que os brasileiros tenham uma condição de vida melhor, que possamos ter as condições internacionais para este País crescer com juros dignos, carga tributária suportável pela sociedade e geração de emprego. Que o brasileiro não possa viver da indigna doação de recursos mensais, mas pelo trabalho que dignifica os chefes de família. Tenho certeza que em vários pontos, diria até na maioria dos pontos, vamos convergir para termos este País melhor. Parabéns e sucesso no seu mandato.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Eu que acolho com satisfação o seu aparte. V. Exª está-me saindo mais um “flecha ligeira” do que um Flexa Ribeiro.
Senador Mão Santa, estamos irmanados de qualquer jeito, pela Parnaíba e pelo Crateús.
O Sr. Mão Santa (PMDB – PI) – Senador Inácio Arruda, estou quase como aquela música do Cauby, “Conceição”, “…se subiu ninguém sabe, ninguém viu..”, porque eu estava ali em cima, na Mesa, ao lado do Presidente. V. Exª definiu muito bem o Ceará, e eu estava atentamente ouvindo-o. V. Exª citou as palavras-chave: destravar, em respeito ao Lula, distribuir. Essa ligação do Ceará com o Piauí é intensa. Meu pai é maranhense, mas a identidade do povo piauiense com o cearense é muito, muito maior. Naquela batalha de Genipapo, em que os piauienses queriam expulsar os portugueses, eles invadiram minha cidade, Parnaíba. Maranhão invadiu, aliado aos portugueses. E fomos à Viçosa buscar cearenses e de lá fomos para o campo de batalha.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Formamos um exército.
O Sr. Mão Santa (PMDB – PI) – Um exército naquela batalha de 13 de março que, depois, foi seguida, em 2 de julho, pelos baianos. Fomos à luta. Por isso que o Brasil é grande. E reconhecemos o Ceará, porque na história do Brasil a página mais bela foi escrita pelos cearenses, quando eles libertaram os negros. Que vergonha, fomos um dos últimos países a libertar os negros! Porto de Galinhas é uma indecência. Sabem o que é a galinha na história? Estava proibida a escravatura, os negros vinham de contrabando. Então, diziam: “Não vai comprar galinha? Vai chegar galinha”. Não podiam usar a palavra negro, porque era contra a lei. E seu Estado foi o primeiro a libertar os negros no Brasil. Agora, falo da gratidão a V. Exª e ao seu Partido. Fui duas vezes Governador do Piauí e neste mandato de Senador tive o apoio de seu Partido. E não digo do Partido não, V. Exª é o real comandante. Sei que o destino levou o Deputado Aldo Rebelo à Presidência da Casa. Ele saiu da Paraíba para São Paulo. V. Exª ficou lá, como aquele índio, sobre o qual José de Alencar tanto escreveu a respeito de coragem. V. Exª combateu o bom combate. Ganhou, venceu, mas nunca perdeu a dignidade, a vergonha e a coragem. V. Exª chega nesta Casa com sua história para representar com grandeza o Ceará. O Senador Magno Malta é encantado por um político artista do Piauí, o João Cláudio, que é do PCdoB. E é uma seita porque já tentei levá-lo para o PMDB…
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR – ES) – É o maior humorista do Brasil.
O Sr. Mão Santa (PMDB – PI) – Realmente, e é do PCdoB. Então, queremos dizer que V. Exª enriquece este Senado. José de Alencar foi Senador, não foi?
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – O pai do escritor, Martiniano de Alencar, foi Senador; o filho foi Deputado Federal.
O Sr. Mão Santa (PMDB – PI) – V. Exª pode dizer como Humberto de Campos, que nasceu no Maranhão, morou na minha Parnaíba, plantou o cajueiro e chegou à Academia de Letras do Brasil. Ele olhou e disse para os parceiros: “Muitos podem até ter maior valor intelectual, mas nenhum percorreu caminho mais longo e sinuoso do que eu”.
V. Exª pode dizer que seu caminho foi de luta. V. Exª pode cantar como Gonçalves Dias: “Não chores meu filho/ A vida é luta renhida/ Viver é lutar./ A vida é combate/ que os fracos abate/ os fortes e bravos só pode exaltar”. V. Exª é um bravo líder do nosso Nordeste!
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Agradeço a V. Exª o aparte. Tive oportunidade de caminhar do Aeroporto de Teresina até o Palácio do Karnak, numa campanha vigorosa em defesa do mandato de V. Exª, cassado brutalmente àquela época. Não vamos mais nem lembrar dessa página. Se for preciso, voltaremos a ela numa outra oportunidade.
Ouço o Senador Eduardo Azeredo.
O Sr. Mão Santa (PMDB – PI) – Não; volte agora mesmo. Está aqui a fraude de Nelson Jobim, que traduz aquele episódio.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Ouço o Senador Eduardo Azeredo.
O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB – MG) – Senador Inácio Arruda, assim como nossos colegas que me antecederam, quero desejar muito sucesso no seu mandato como Senador pelo Ceará quando profere suas primeiras palavras para todos nós. Sua vinda para esta Casa enriquece a representação do Ceará, e nós, de Minas Gerais, temos uma relação muito boa com os cearenses, sempre tivemos uma boa sintonia. Com o Partido de V. Exª, o PCdoB, pessoalmente tive uma relação muito boa. No primeiro cargo público que ocupei, o de Vice-Prefeito de Belo Horizonte, tive o apoio do PCdoB na época, com Pimenta da Veiga como candidato. Foi uma vitória histórica. Sempre mantive uma boa relação com os seus companheiros do PCdoB de Minas Gerais, agora também com a Deputada Federal por Minas Gerais, Jô Moraes. Assim, quero desejar muito sucesso a V. Exª. Estaremos juntos em várias causas, tenho certeza.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Com certeza, acolho o pronunciamento de V. Exª, associando-o ao meu, com muita satisfação e alegria, Senador Eduardo Azeredo.
Senador Marconi Perillo, juntos fomos Deputados Federais. V. Exª participou do movimento estudantil muito fortemente em nosso País. Chegou ao governo do seu Estado e agora dirige uma das mais importantes Comissões desta Casa. Lembrando o lema do movimento estudantil daquela época, especialmente o de uma tendência chamada Viração, tenho a impressão de que vai haver muito movimento em torno do projeto de desenvolvimento do nosso País.
Ouço V. Exª, Senador Marconi Perillo.
O Sr. Marconi Perillo (PSDB – GO) – Senador Inácio Arruda, é com alegria que aparteio V. Exª durante seu discurso inaugural. Gostaria realmente de lembrar dos tempos da Viração. Foi lá que nos conhecemos, combatendo a ditadura, lutando pela liberdade de expressão, lutando pela fraternidade e pela democracia no País. Foi lá também que aprendi a respeitar e a conviver com o PCdoB. Durante meus dois governos, tive a honra de ter a participação do PCdoB, colaborando nas minhas duas gestões. O PCdoB ocupou secretarias importantes no Governo de Goiás. Emprestou-me uma colaboração inestimável para que pudéssemos resgatar os compromissos que havíamos firmado com os goianos. Mas quero me dirigir a V. Exª para dizer que o Senado ganha muito com sua chegada. Tive o privilégio e a honra de ter sido seu colega na Câmara, onde pude presenciar sua combatividade, seu espírito público, seu compromisso com as classes trabalhadoras, com a justiça social, com as grandes causas da liberdade, da justiça. Enfim, o Ceará envia para esta Casa um dos seus mais ilustres filhos, filho do povo, mas comprometido com esse movimento de mudanças por que passou o Brasil nas últimas décadas. Um líder inconteste, que certamente orgulhará seu Estado, defenderá as cores da sua bandeira, terá aqui uma trajetória que orgulhará o Brasil, dará dignidade a esta Casa, trabalhará pelo Brasil, mas, por certo, será um Senador muito presente em relação às questões do seu Estado. Tenho satisfação em ser seu colega em algumas comissões e estou certo de que irei aprender muito com V. Exª e de que esta Casa muito ganhará com sua participação. Seja feliz. Tenho certeza de que terá aqui um grande mandato, realizará um trabalho combativo em favor das grandes causas, em favor da justiça, em favor da ética. Enfim, V. Exª vai buscar resgatar todo aquele compromisso que juntos começamos com a Viração. Parabéns e seja feliz nesse mandato!
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Agradeço a V. Exª o aparte, acolhendo-o no meu pronunciamento.
Termino dizendo que V. Exª é um jovem Senador da República, mas com uma grande experiência, o que ajudará o Estado de Goiás, ajudará o Centro-Oeste brasileiro e ajudará o Brasil, contribuindo muito com o desenvolvimento do País.
Quero ser bem sincero ao dizer que vou me aproveitar de V. Exª, para ajudar o Ceará e ajudar o Nordeste brasileiro. Acho que V. Exª vai dar uma grande contribuição para que possamos ajudar o Nordeste a se desenvolver mais rapidamente, porque, se o Brasil precisa de 5% de crescimento ao ano, nós precisamos de pelo menos 8%. Para acompanharmos o ritmo, o passo e compensarmos o atraso que lá vivemos, precisamos crescer de 8% a 9%.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Concluo, Sr. Presidente, agradecendo a generosidade de V. Exª e dizendo que o Ceará precisa de alguns projetos chamados estruturantes; precisa garantir a interligação da Bacia do rio São Francisco com os rios do Nordeste setentrional – no Ceará, é a bacia do rio Salgado e a bacia do rio Jaguaribe. Precisamos concluir o canal de integração.
Senador Gilvam Borges, V. Exª tem o aparte, para minha satisfação.
O Sr. Gilvam Borges (PMDB – AP) – Senador Inácio Arruda, acompanho a trajetória de V. Exª na Câmara dos Deputados, e realmente V. Exª tem a marca de uma liderança ativa, disposta, comprometida com as causas públicas devidamente abalizadas dentro de uma doutrina. V. Exª representa o povo do Ceará com essa alegria, um povo realmente maravilhoso. Quero dar-lhe as boas vindas e dizer que V. Exª acrescenta muito ao Senado Federal em seu primeiro pronunciamento. Nós, realmente, nos regozijamos com a sua chegada e quero lhe dar os parabéns e as boas-vindas e dizer que o Senado muito se alegra em saber que teremos aqui um Senador ativo e comprometido com as causas públicas. Portanto, desejo boa sorte, que Deus sempre o abençoe e o mantenha com essa liderança sempre firme, positiva, combativa e realmente com esse espírito espraiado, que é realmente a alma do povo cearense.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Agradeço V. Exª o aparte, que acolho com muita satisfação e muito prazer.
Concedo o aparte à Senadora Patrícia Saboya Gomes, enaltecendo o discurso que V. Exª fez ontem, aqui no plenário do Senado Federal, um discurso muito corajoso porque teve o objetivo de enfrentar uma avalanche de pensamentos que precisava ser enfrentada, dado o emocionalismo das circunstâncias, do momento. E V. Exª o fez com a firmeza naquele instante. Assisti seu discurso e vi que V. Exª teve muita coragem de enfrentar o tema e continuou a enfrentá-lo, no dia de hoje, presidindo a Comissão de Assuntos Sociais. Concedo, então, com muito prazer, com muita satisfação, com muita alegria o aparte a minha conterrânea, Senadora Patrícia Saboya Gomes.
A Srª Patrícia Saboya Gomes (Bloco/PSB – CE) – Obrigada, Senador Inácio Arruda. Quero desejar as boas-vindas a V. Exª, que tem uma experiência tão larga na vida pública, na vida pessoal em relação ao cuidado e à atenção que dispensa às pessoas mais simples e humildes. V. Exª conseguiu fazer história no nosso Estado, e, certamente, o Ceará tem um carinho muito grande por V. Exª. A prova disso foi a sua eleição agora, tão importante aqui para o Senado. Já tive a oportunidade, o privilégio e a honra de trabalhar inúmeras vezes ao lado de V. Exª e sei que aqui irá trazer toda essa experiência, aquilo que aprendeu de melhor com o nosso povo, a nossa gente simples, a nossa gente humilde, mas que, em momentos importantes, tem conseguido dar uma demonstração de fé, de coragem, de esperança e de força. Assim eu poderia descrever o nosso povo, o povo do Ceará. Devo muito a esse povo, que também de tantas formas já me acolheu, como acolhe hoje V. Exª. Desejo que a nossa Bancada, independentemente de questões partidárias – o Senador Tasso pertence a um Partido, eu a outro e V. Exª a outro –, pelo amor e a paixão que temos pelo nosso Estado, caminhe cada vez mais unida nas questões centrais. V. Exª chega a esta Casa trazendo o compromisso, a seriedade e a vontade de trabalhar e ajudar, não apenas o nosso Estado, mas todo este País. Portanto, desejo-lhe muito boa sorte e que V. Exª continue a brilhar aqui no Senado, como tem brilhado no Ceará!
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Agradeço e acolho o aparte de V. Exª, com muita satisfação e muita alegria, desejando que a trajetória de V. Exª, agora presidindo aquela importante Comissão, seja coberta de êxito. E tudo farei para ajudar e contribuir com a Comissão de Assuntos Sociais, que é muito importante, para que não deixemos também que a onda do momento encubra as verdadeiras razões dos problemas que enfrenta o nosso povo.
Eu vi o emocionalismo com que foi tratado essa questão da maioridade penal. Não podemos nos esquecer de que a brutal concentração da riqueza no Brasil é uma das verdadeiras razões da criminalidade. Temos de discutir o assunto, mas com a clareza, com a firmeza com que V. Exª o conduziu hoje na Comissão de Assuntos Sociais do Senado.
Sr. Presidente, estava quase a concluir, dizendo que o Ceará precisava de obras estruturantes, entre elas, como já citei, a transposição de águas do rio São Francisco, com a interligação daquelas bacias. Lula falou que é uma cuia d’água, e é mais ou menos isso mesmo: uma cuia d’água para a nossa região, para o rio Salgado e o rio Jaguaribe. Depois, a interligação de um canal que ligará as bacias internas do Ceará, um canal importante, uma obra estruturante para o Ceará. A Transnordestina, que nos liga a Pernambuco, à Paraíba, ao Piauí, é uma malha ferroviária de mais alta velocidade.
Estamos pleiteando junto ao Governo Federal, junto à Petrobras uma siderúrgica; aí, às vezes, me perguntam: “Uma siderúrgica a gás?! E existe gás no Ceará? Existe ferro no Ceará?” E eu responde que não existe ferro nem gás, mas estamos querendo uma siderúrgica. Precisamos nos desenvolver, precisamos dessa siderúrgica lá no Ceará. E é um compromisso público do Presidente Lula, que tem sido reafirmado sucessivamente.
Há poucos dias, Sua Excelência esteve no Ceará a fim de inaugurar uma das maiores usinas de biodiesel do País, na cidade de Crateús, e reafirmou esse compromisso, que é muito importante para o Ceará, muito importante. Vamos fazer uma trincheira.
Disse-nos há pouco a Senadora Patrícia que somos Senadores de Partidos diferentes – PCdoB, o PSB e o PSDB – aqui no Senado da República, mas a causa da refinaria é suprapartidária, e vamos lutar, porque ela é uma causa com a qual também se comprometeu o Presidente da República publicamente. Essa é uma causa nossa, do Estado do Ceará.
Assim, queremos nos irmanar. O nosso mandato é um mandato do nosso povo, do povo cearense, do povo lutador do Estado do Ceará. É também um mandato do povo brasileiro. É um mandato do PCdoB, mas é um mandato das relações políticas, de todos os Partidos, para podermos nos irmanar em defesa do progresso social, do progresso econômico do nosso País. É assim que queremos encarar essa nossa responsabilidade com o mandato de Senador da República nesse período de oito anos, juntamente com os nossos suplentes, que foram eleitos conosco. Queremos que eles também participem do nosso mandato.
Agradeço a tolerância e a paciência de V. Exª, Sr. Presidente, neste nosso primeiro pronunciamento no Senado da República, buscando fazer com que chegue aqui a palavra ao PCdoB e do Ceará, irmanando-nos com nossos colegas, com quem iremos trabalhar neste período.