Brasil importa da Bolívia quase tanto gás quanto produz

O Brasil sempre produziu mais gás natural do que comprou da Bolívia. Mas o combustível do país vizinho foi ganhando espaço no mercado brasileiro e atualmente o volume importado está próximo do produzido.

O País consumiu em 2006 cerca de 26 milhões de metros cúbicos diários de gás natural da Bolívia (equivalente a metade do consumo do estado de São Paulo) e produziu 26,8 milhões, segundo o Ministério de Minas e Energia.



Dez anos atrás, o Brasil decidiu expandir a participação do gás natural boliviano na geração da energia produzida no país, de 2% para 10% (índice a ser atingido em 2008). Quatro anos depois, em 2000, estava pronto um gasoduto de 2.593 quilômetros, que transporta o produto até a cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul.



Na verdade, o Brasil mostra interesse no combustível do país vizinho desde o início do século passado. As primeiras negociações para utilização das reservas de petróleo (de onde vem o gás natural) da região do Grande Chaco, no território boliviano, foram realizadas em 1936.



O negócio, no entanto, demorou quase 60 anos para começar a sair do papel. Somente em 1993, os dois países assinaram protocolo para elaborar o contrato de compra e venda do gás natural.



Com financiamentos internacionais do Japão e da Itália, além de linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Petrobras iniciou as obras em 1997.



Dois anos mais tarde, o gasoduto começou a operar ainda de forma parcial, estendendo-se, no território brasileiro, de Corumbá (MS) até Guararema (SP). Com a inauguração do trecho entre Campinas (SP) e Canoas, em março de 2000, o gasoduto foi concluído e o gás boliviano pôde ser transportado até o sul do país.



Desde então, a importação cresceu continuamente, passando de 5,8 milhões de metros cúbicos diários em 2000 para 10,1 milhões no ano seguinte, quando houve o “apagão” no Brasil.



Aumento na produção
Para este ano, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) prevê um volume de 30 milhões. Mas a importação não deve superar a produção, já que o governo brasileiro pretende aumentá-la dos atuais 26,8 milhões para 38,6 milhões, conforme previsão apresentada pelo ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, à Câmara dos Deputados em dezembro último.