Evo se diz “muito feliz” e promete que não faltará gás ao Brasil

“Estou muito contente, muito feliz por haver preço justo para o gás. Isto é importantíssimo para meu país”, disse o presidente da Bolívia, Evo Morales, ao fim das negociações conscluídas ontem em Brasília. Evo, que falou ao lado de Lula em coletiva de imp

“Vamos cumprir com todos os contratos que temos com a Petrobras. Nunca faltará gás para o Brasil, cumprindo nossos contratos”, prometeu Evo, no último compromisso de sua visita a Brasília. Sobre o aumento do preço do gás vendido para Cuiabá, o presidente boliviano disse: “Foi um preço justo, sempre considerei o Brasil um país irmão”.



Fim dos “acordos do neoliberalismo”



O gás era fornecido uma empresa privada, responsável pela termoelétrica Mário Covas de Cuiabá, por apenas US$ 1,09 por milhão de BTU (sigla em inglês para Unidade Térmica Britânica), um preço que Evo considerou um subsídio da Bolívia ao Brasil. “Um país pobre não pode subsidiar um país rico”, queixou-se o governante boliviano. Após as conversações bilaterais, ficou acertado um aumento para US$ 4,20.



O ministro de Hidrocarbometos da Bolívia, Carlos Villegas, que acompanhou Evo Morales na visita a Brasília, destacou que a renda adicional obtida por seu país – estimada em US$ 100 milhões por ano – será destinada a investimentos em educação e saúde. No caso do gás destinado a Cuiabá, disse que “houve um aumento de 269% no preço. Não só é um resultado significativo, como cancela aqueles acordos privados subscritos no período do neoliberalismo, em detrimento dos interesses do país”, comemorou.



O contrato com a Petrobras para abastecer São Paulo, bem mais volumoso, não foi modificado mas um acordo suplementar permitiu que se cobre “preços internacionais” pelas importações brasileiras de “etano, gás liqüefeito de petróleo e gasolina contida no fluido”, conforme especificou Villegas. “Com o acordo em matéria de desagregfação, a Bolívia vai obter, aproximadamente, US$ 100 milhões por ano”, disse o ministro.



O acordo concluído em Brasília pela missão boliviana “reconhece a necessidade de uma desagregação dos gases, do gás rico e do gás pobre. O gás é formado por metano, etano, gás liqüefeito de petróleo e gasolina natural”, explicou Carlos Villegas.



PIB da Bolívia é 2/3 do de Pernambuco



A delegação boliviana deixou Brasília após uma viagem que estava prevista para apenas oito horas e se prolongou por mais de 24. A imprensa brasileira criticou o “amadorismo” dos negociadores bolivianos, que atrapalhou o gronograma normalmente rígido de uma visita de chefe de Estado (as visitas de Evo à Câmara e ao Senado, por exemplo, tiveram que ser canceladas).



Os negociadores, porém, voltaram para La Paz com um sorriso nos lábios. A reversão das privatizações que atingiram a principal riqueza natural boliviana, durante o governo neoliberal de Sánchez de Lozada, foi um dos principais pontos da plataforma que elegeu Evo Morales em dezembro de 2005.



A Bolívia teve no ano passado um PIB estimado em US$10.2 bilhões, equivanente a 1,64% do PIB brasileiro (US$ 620.7 bilhões em 2006). Isto significa menos de dois terços do PIB alcançado, por exemplo, pelo estado brasileiro de Pernambuco, que tem população semelhante à boliviana – pouco menos de 9 milhões de habitantes.
Da redação, com agências



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