Rússia declara oposição a qualquer ação militar contra Irã

“A Rússia opõe-se ao uso de qualquer método de força (contra o Irã)”, disse Serguei Lavrov, ministro das Relações Exteriores em uma entrevista publicada hoje na revista árabe Al Watan al Arabi.

Lavrov disse que Moscou compartilha totalmente os temores dos países do Golfo Pérsico de que, caso haja um confronto ou ações de força na região, todos os Estados próximos fiquem sob a ameaça de uma “catástrofe militar, ecológica e humana de grandes proporções”.


 


“Infelizmente, a concentração de consideráveis contingentes militares estrangeiros, assim como de novos sistemas de armamento nessa parte do mundo, é capaz de gerar o uso da força”, disse.


 


O chefe da diplomacia russa afirmou que seu país está disposto a ajudar na criação de um “sistema de segurança coletiva com possibilidade de garantias de potências que ficam fora da região” no Golfo Pérsico e, principalmente, no Oriente Médio. De qualquer forma, a maior parte “da responsabilidade recai sobre os países da região”, afirmou.


 


Lavrov disse que, apesar da complexidade da situação em torno do programa nuclear do Irã, há uma solução. “Para isso, é necessária uma pausa nos trabalhos iranianos de enriquecimento de urânio em troca do congelamento da aplicação da resolução 1.737 do Conselho de Segurança da ONU”, disse.


 


Esse passo permitiria não apenas suspender a aplicação da resolução, mas também começar negociações em grande escala para conseguir uma solução sobre o problema nuclear iraniano, acrescentou o ministro de Exteriores russo.


 


A divulgação da entrevista de Lavrov ocorre no dia em que termina o prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU a Teerã para que suspenda o enriquecimento de urânio.


 


A resolução 1.737, adotada por pressão de EUA e aliados, exige que o Irã suspenda imediatamente as atividades de enriquecimento de urânio e proíbe o resto do mundo de colaborar, financeira ou tecnicamente, para que Teerã possa manter essas atividades.


 


Além disso, o documento — aprovado em 23 de dezembro — dava um prazo de 60 dias à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para confirmar que o governo iraniano cumpriu o estipulado pela ONU.


 


O Conselho de Segurança ameaça também impor sanções adicionais, que não foram especificadas, caso o Irã não cumpra a resolução.


 


O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, reiterou que seu país não abandonará o seu projeto de energia atômica para uso pacífico, afirmando que isso é  um “direito legal dos iranianos”.