CMS em ação: Movimentos se aliam à UNE na antiga sede

Representantes de entidades ligadas à CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) visitaram, nesta sexta-feira (23/02), o acampamento da UNE no Rio de Janeiro. Ao dos estudantes – que ocupam o local desde o dia 1º, no terreno da antiga sede, na praia do Flam

A mesa de discussões foi mediada pelo presidente da UNE, Gustavo Petta, e pela vice, Louise Caroline. Os visitantes, ao conferirem o alojamento improvisado com contêineres, hastes e lonas de barracas, se manifestaram a favor da mobilização dos estudantes – e se disseram solidários a mais uma conquista social.


 


“Viemos nos colocar à disposição dos estudantes, em virtude do resgate dessa área histórica”, relata Antônio Carlos Spis, dirigente nacional da CUT. Ele lembrou a época em que as instalações foram destruídas, num incêndio provocado pelas forças da ditadura. Esse fato desencadeou a criminalização dos movimentos sociais.


 


Spis sugeriu que a UNE transforme a sede em local aberto à concentração das entidades que compõem a CMS, principalmente em relação ao ato “Fora Bush” que, no próximo dia 8 de março, deve mobilizar a população contra visita do presidente norte-americano na América Latina. “Vamos fazer desse espaço um local para gerir idéias unificadas”, disse.


 


O coordenador nacional da Corrente Sindical Classista (CSC), João Batista Lemos, destacou a participação da UNE na luta por democracia e soberania nacional – temas que se refletem na retomada da antiga sede “A UNE está resgatando o que é de direito. E liberdade se conquista, não se ganha”, afirmou Batista.


 


Avanço e continuidade
Wander Geraldo, presidente da Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores), também avaliou positivamente a retomada: “É imensa a satisfação de ver a conquista dessa simbologia política. Esta manifestação expressa um grande avanço para os movimentos sociais.”


 


Ao ressaltar o espírito de reviver e dar continuidade à luta, Osvaldo Lemos, diretor da Ubes, caracterizou o local como o berço do movimento estudantil, destacando o caráter acolhedor da sede, que se abre às outras entidades sociais.


 


Representando a Sindipetro-RJ, João Leal pôs em pauta a questão da reestatização do petróleo, lembrando que a Petrobras se originou da campanha “O Petróleo é Nosso” com grande participação dos estudantes.


 


Hoje, segundo o sindicalista, mais da metade das ações da empresa está nas mãos do capital privado. João acredita que o movimento estudantil pode ser um grande aliado na luta dos petroleiros.


 


Tendas levantadas
O presidente da UNE, Gustavo Petta, disse que as bases do acampamento são alimentadas por militantes de diversas regiões do País que, de certa forma, abriram mão de suas questões pessoais para se dedicar exclusivamente. “Este lugar é um símbolo das lutas sociais.”


 


Petta recordou a devolução da posse do terreno à UNE, no início de 1994, pelo então presidente Itamar Franco. Já Luise Caroline disse que, “depois de 43 anos fora de casa, é satisfatório ver como a ocupação se deu de forma organizada”.


 


O ato também contou com a presença do presidente da UEE-RJ, Rodrigo Lua; da presidente do PCdoB-RJ, Ana Rocha; de representantes da União Brasileira de Mulheres (UBM) e de mais entidades sindicais.


 


Com cerca de 150 estudantes acampados no local, a UNE tem hoje o apoio de personalidades como Oscar Niemayer, Chico Buarque e Paulo Betti. A entidade aguarda audiência da justiça fluminense para concessão da posse definitiva, o que permitirá o início das obras da nova sede.


 


Da Redação, com Estudantenet


 


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