Movimentos Sociais se aliam à UNE na retomada do terreno da Praia do Flamengo
O acampamento da UNE no Rio de Janeiro completou três semanas de ocupação no terreno da antiga sede, na praia do Flamengo. Para celebrar a data, os estudantes receberam, no dia 23, a visita de lideranças da Coordenação dos Movimentos Sociais. Eles esti
Publicado 26/02/2007 20:09 | Editado 04/03/2020 17:06
Estiveram presentes o membro da direção nacional da CUT, Antônio Carlos Spis; o diretor da UBES, Osvaldo Lemos; o coordenador nacional da Corrente Sindical Classista (CSC), João Batista; o presidente da UEE/RJ, Rodrigo Lua; a presidente do PCdoB/RJ, Ana Rocha; o presidente da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), Wander Geraldo; além de representantes da União Brasileira de Mulheres (UBM), do Sindipetro/RJ (Sindicato dos Petroleiros) e do MST. Mediando a mesa de discussões estavam o presidente da UNE, Gustavo Petta; e a vice-presidente, Louise Caroline.
Ao conferir o alojamento improvisado com contêineres, barracas e lonas, os visitantes se colocaram a favor da ocupação dos estudantes, e se disseram solidários à luta pela reconquista da sede das entidades. ''Viemos nos colocar a disposição dos estudantes, porque o resgate dessa área aqui é um momento histórico'', disse Spis. Ele contou que se lembra da época em que as instalações foram destruídas, num incêndio provocado pela ditadura militar. Este fato, segundo ele, desencadeou na época a criminalização dos movimentos sociais.
Spis sugeriu que a UNE fizesse do local um espaço aberto à concentração das entidades que compõem a CMS, principalmente em relação ao ato ''Fora Bush'' que, no próximo dia 8 de março, deve mobilizar a população contra visita do presidente norte-americano à América Latina. ''Vamos fazer desse espaço um local para gerir idéias unificadas'', disse.
João Batista destacou a participação da UNE na luta pela democracia e soberania nacional, que se dá pela retomada da antiga sede. ''A UNE está resgatando o que é de direito. E liberdade se conquista, não se ganha'', afirmou. O presidente da Conam, Wander Geraldo, também avaliou positivamente a retomada: ''É imensa a satisfação de ver a conquista dessa simbologia política. Esta manifestação expressa um grande avanço para os movimentos sociais'', destacou.
Ressaltando o espírito de reviver e dar continuidade à luta, o diretor da UBES, Osvaldo Lemos, caracterizou o local como o berço do movimento estudantil, destacando o caráter acolhedor da sede, que se abre às outras entidades sociais.
O petróleo é nosso
Representando o Sindipetro/RJ, João Leal colocou em pauta a questão da reestatização do Petróleo, lembrando que a Petrobras se originou da campanha ''O Petróleo é Nosso'', com grande participação dos estudantes. Hoje, segundo o sindicalista, mais da metade das ações da empresa estão nas mãos do capital privado. João acredita que o movimento estudantil pode ser um grande aliado na luta dos petroleiros.
Tendas levantadas
O presidente da UNE, Gustavo Petta, disse que as bases do acampamento são alimentadas por militantes de diversas regiões do país que, de certa forma, abriram mão de suas questões pessoais para se dedicar exclusivamente à ocupação. ''Este lugar é um símbolo das lutas sociais'', falou. Petta recordou a devolução da posse do terreno à UNE, no início de 94, pelo então presidente Itamar Franco.
Louise Caroline, vice-presidente da UNE, disse que, ''depois de 43 anos fora de casa, é satisfatório ver como a ocupação se deu de forma organizada''.
No dia 25, estiveram no acampamento os senadores Inácio Arruda (PCdoB) e Marcelo Crivella (PRB). Inácio recomendou que o local seja transformado num espaço onde o debate sobre as questões da educação esteja sempre presente. ''A sede já foi conquistada, agora é avançar no terreno das idéias. Oh, ocupação boa!!!'', disse, em tom bem humorado.