UPES comemora  50% de cotas nas federais paulistas

A União Paulista dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UPES) comemorou os resultados dos vestibulares na Universidade Federal do ABC (UFABC) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Das 1.500 vagas da UFABC, 27,2% foram destinadas a negros e

A dúvida entre engenharia e direito de Cláudia Nascimento Prestes Medeiros, 20, foi resolvida na ponta do lápis. Calculou os custos que teria com transporte e mensalidade em duas das três faculdades em que foi aprovada e optou pela federal.


 


Moradora de Diadema (região metropolitana de São Paulo) e ex-aluna de escola pública, Cláudia começou a assistir às aulas de ciência e tecnologia na UFABC (Universidade Federal do ABC) há um mês. Ela planeja seguir a faculdade cursando bioengenharia.


 


Cláudia aprova o processo de seleção da UFABC, que destina 50% das 1.500 vagas para estudantes oriundos de escolas públicas. “Já que não tivemos oportunidade antes, com esse sistema de seleção agora pelo menos temos as nossas chances igualadas”, avalia.


 


Das 750 vagas, 204 (27,2%) são destinadas a negros e pardos e 2 (0,25%) para indígenas –percentual proporcional ao dessas etnias na população do Estado de SP, segundo o IBGE.


 


“As cotas foram um grande atrativo a alunos de ensino público numa proporção de 3 candidatos de escola pública para 1 de particular, mais de seis vezes o observado na UFSCar [Universidade Federal de São Carlos], que foi de 0,43 para 1, por exemplo”, diz Armando Zeferino Milioni, pró-reitor de pós-graduação da UFABC.


 


Para o presidente da UPES, Thiago Andrade, “o governo do estado de São Paulo precisa tomar conta das disparidades entre as universidades públicas no que diz respeito as cotas. Temos duas federais que já implementam cotas e uma não. Nas universidades estaduais paulistas a idéia de cotas ainda é um sonho para milhares de jovens”. As estaduais paulistas não implementam nenhuma cota para estudantes de escolas públicas.


 


Já Carlos Eduardo, diretor da UPES, diz que “é positivo e importante a iniciativa do governo federal de estabelecer cotas. Queremos a aprovação do Projeto de Lei na Assembléia Legislativa de SP que estabelece o mesmo para as estaduais paulistas. É mais do que necessário ampliar o número de vagas nas universidades públicas e garantir em conjunto a isso as cotas”. Em São Paulo apenas 2% dos jovens tem acesso às universidades públicas.    


 


Vestibular 2008


 


Na UFSCar, onde só 19% dos 1.445 convocados da primeira lista de aprovados vieram da escola pública, o programa de cotas começa em 2008.


 


Até 2010, 20% das vagas serão para egressos do ensino público, sendo que 35% serão destinadas a negros. De 2011 a 2013, a cota sobe para 40% e de 2014 a 2016, para 50%. Depois, haverá apreciação para decidir o passo seguinte. Para indígenas, cada curso terá uma vaga disponível. “Estudamos aplicar um vestibular específico para eles”, explica Maria Cristina Comunian Ferraz, coordenadora do vestibular da UFSCar.


 


Na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o programa de cotas funciona desde 2005. A diferença é que os 10% de vagas reservadas vão primeiro para estudantes de escola pública que se declarem negros ou indígenas. Alunos do ensino público que não fazem a declaração sobre cor de pele, mas optam pelas cotas, concorrem às vagas remanescentes.


 


“O desempenho acadêmico deles é indistinguível dos demais estudantes”, explica o pró-reitor de graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Mello. Outra constatação é que aqueles com renda familiar menor que R$ 500 não prestam o vestibular. “Existe uma auto-exclusão”, diz.