Lula quer preservar equipe do PAC na reforma ministerial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está delimitando a reforma ministerial de forma a manter a equipe que participou da elaboração do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O critério reduz ainda mais o tamanho da reforma, que será pequena, se
Publicado 28/02/2007 22:43
Para alguns ministros e dirigentes partidários, Lula tem dito que as mudanças não podem comprometer a execução do PAC, apesar das pressões que vem recebendo para trocar o comando dos Ministérios das Cidades e da Integração Nacional. Dificilmente ele fará as duas mudanças, avaliam interlocutores.
“O presidente acha importante que a mesma equipe que elaborou o PAC comande sua implementação”, disse o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, depois de audiência no Planalto quinta-feira. Além da Casa Civil, que coordena a execução do PAC junto com Fazenda e Planejamento, o programa envolve diretamente as pastas de Minas e Energia, Transportes, Cidades, Integração Nacional e as estatais Petrobras e Eletrobrás. A definição dos ministros que vão comandar a implementação do PAC é aguardada por investidores, segundo o analista Cristiano Noronha, da Arko Advice, que pesquisou a avaliação do programa junto a 20 instituições.
Lula excluiu das negociações com os partidos a direção da Caixa Econômica Federal (CEF), que receberá uma capitalização de 5,2 bilhões de reais para investir em infra-estrutura e terá papel relevante no PAC. Ele pretende manter a presidente Maria Fernanda Ramos Coelho.
A Petrobras terá mudanças em algumas diretorias, mas o presidente Sérgio Gabrielli será mantido.
Silas Rondeau, de Minas e Energia, indicado pelo ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e com aval da ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, tem permanência garantida na equipe.
A única alteração no “ministério do PAC” já admitida por Lula é nos Transportes. Eleito senador pelo PR no Amazonas, o ex-ministro Alfredo Nascimento vai reassumir a pasta, mas o atual ministro Paulo Sérgio Passos deve permanecer na secretaria-executiva, cargo que ocupava na equipe original de Nascimento.
Segundo interlocutores, Lula achou que daria “sinalização ruim” entregando os Transportes ao PMDB numa negociação política. O mesmo valeria para a Integração Nacional, ocupada por Pedro Brito, do PSB, segunda pleito da bancada do PMDB na Câmara.
Na contingência de ter de dizer “não” duas vezes ao maior partido do Congresso e da coalizão de governo, Lula guarda na manga o Ministério da Agricultura para oferecer a um deputado do PMDB, em acordo com lideranças políticas do setor, especialmente o governador Blairo Maggi (MT).
A ameaça ao ministro das Cidades, Márcio Fortes, indicado pelo PP, vem dos petistas que querem indicar para o cargo a ex-prefeita Marta Suplicy. Como alternativa, o PT sugere Marta para a Educação, no lugar de Fernando Haddad, que vem recebendo elogios seguidos de Lula pelo seu trabalho.
Aos interlocutores partidários e auxiliares diretos, Lula ainda não colocou a questão Marta Suplicy em termos de nomeá-la para um ou outro dos ministérios cobiçados pelo PT. Ele pretende saber primeiro se ela tem ou não planos para disputar novamente a prefeitura de São Paulo, em 2008.
“A dimensão política da Marta em São Paulo e no PT faz dela uma candidata natural a um cargo de relevância no Ministério, desde que a disputa eleitoral não esteja nos seus planos imediatos”, disse um dirigente partidário aliado de Lula.
Fonte: Reuters