Cem mil portugueses vão às ruas contra reforma econômica

Quase 100 mil portugueses foram às ruas de Lisboa, nesta sexta-feira (2/03), em protesto contra as novas reformas econômicas do governo. Para muitos, as recentes mudanças na economia estão destruindo os direitos sociais em um dos países mais pobres da

O protesto foi convocado pela CGTP – maior central sindical do país – e tem o apoio do Partido Comunista Português (PCP). Ocorreu após o governo socialista decidir fechar serviços de emergência em vários hospitais públicos, na tentativa de conter um dos maiores déficits do continente.


 


“Há um amplo sentimento de descontentamento entre os portugueses. Os cortes de custos em hospitais e escolas vão contra as necessidades do povo”, disse Carlos Carvalho, presidente da CGTP.


 


A polícia lisboeta informou que cerca de 100 mil pessoas, vindas de todo o país, participaram do protesto em Lisboa. É uma das maiores manifestações dos últimos anos, reunindo cerca de 1% da população portuguesa.


 


Portugal conseguiu em 2006 reduzir seu déficit orçamentário de 6% para 4,6% do PIB – maior índice, ainda assim, entre os países da zona do euro. O Banco de Portugal prevê um crescimento econômico de 1,2% em 2006 e 1,8% em 2007.


 


A opinião dos comunistas
Na quinta-feira, o Avante, órgão jornalístico do PCP, reforçou o chamamento aos protestos e criticou o primeiro-ministro José Sócrates, do PS (Partido Socilista): “O balanço de dois anos de Governo de Sócrates, salienta a CGTP-IN, confirma as razões para os trabalhadores do setor empresarial e da Administração Pública participarem na ação nacional de luta convergente, convocada pela central para exigir mudança de políticas”.


 


Em documento divulgado à imprensa, a CGTP expressou que as ações contra o governo levam em conta o contexto político, econômico e social, no plano internacional, “marcado, de forma profunda, pela ofensiva neoliberal e belicista com que se desenvolve o processo de globalização capitalista”.


 


Também considerou o fato de o poder econômico e financeiro procurar impor as suas “leis”, “designadamente pela atuação das multinacionais e da manipulação que fazem de políticas monetaristas, de processos especulativos e da livre circulação financeira”, a par das posições assumidas pelos grandes detentores do capital em nível nacional.


 


Segundo a central sindical, há “quatro questões fundamentais” norteando suas ações:


 



– “O essencial das propostas e promessas feitas aos portugueses não foi cumprido, ou fez-se o oposto do prometido”;


 


– “Os portugueses tiveram perda de salários reais, o custo de vida aumentou perigosamente para as camadas da população mais desprotegidas, os rendimentos das famílias degradam-se, enquanto aumentavam escandalosamente os lucros do capital, em particular, do financeiro e especulativo”;


 


– “Os portugueses têm piores perspectivas quanto à Segurança Social, à saúde, ao ensino em diversos níveis, e continuam, na sua maioria, arredados de um efetivo direito de acesso à justiça”;


 


– “A matriz de desenvolvimento, assente em baixos salários, baixas qualificações, muita precariedade e a falta de rigor nos compromissos, continua a ser a proposta efetiva deste Governo para o nosso futuro”.