França tacha Brasil como depredador por sua posição na OMC

O ministro da Agricultura francês, Dominique Bussereau, qualificou nesta segunda-feira (5/3) as “grandes potências agroindustriais”, como Brasil, Argentina, Austrália e Nova Zelândia, de “depredadores” devido a sua posição nas negociações na Organização M

“São países que gostariam de entrar em nossos mercados, que reduzíssemos nossos direitos alfandegários sem dar a menor contrapartida para que entremos em seus territórios”, disse o ministro à emissora de rádio RMC.



Bussereau afirmou que “deixar os bovinos brasileiros entrarem em solo europeu sem direitos alfandegários é a destruição da pecuária Francesa”.



Por esse motivo, o ministro francês justificou “que França e Europa sejam muito firmes na negociação da OMC”, porque “existe um sistema comunitário (da União Européia)” e que “derrubar as fronteiras” significaria “destruir uma parte da agricultura” Européia.



As negociações entre Estados Unidos, União Européia, Índia e Brasil, no fim de semana, em Londres, terminaram sem avanços no relançamento da Rodada de Doha de liberalização do comércio internacional.



Bussereau afirmou que os americanos “defendem a agricultura” mais que os europeus. “Dizemos OK aos americanos para movimentar-se, mas que os americanos se movimentem primeiro”, disse o ministro.



Bloqueio francês
O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, negou nesta segunda que a França queira bloquear as negociações OMC, depois de o presidente, Jacques Chirac, pedir firmeza à União Européia (UE) e criticar o comissário de Comércio do bloco, Peter Mandelson.



“Não se trata de bloquear as negociações, mas de devolver um pouco de bom senso”, disse Villepin, durante sua visita ao Salão Internacional da Agricultura.



Após inaugurar essa feira no sábado, Chirac exigiu que a UE se mantenha firme “como uma rocha” nas negociações na OMC.



“Não devemos seguir nem de perto nem de longe as tentações” de Mandelson, que está “continuamente disposto a ceder, sem que em contrapartida os americanos tenham manifestado nenhuma intenção de fazer a menor concessão no plano agrícola”, disse Chirac, ao denunciar também os grandes países emergentes.



Villepin argumentou que a agricultura “não tem vocação de ser a variável de ajuste” nas negociações na OMC, e que é preciso avançar nos aspectos industrial e de serviços, mas sem sacrificar a agricultura.