Decisão do CMN favorece bancos e pune pequeno poupador

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu reduzir o índice de correção da poupança, a TR (Taxa Referencial). “A proposta defendida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) prejudica mais uma vez o pequeno poupador, pois na prática a medida redu

Segundo ele, a medida adotada pelo CMN, “representa a vitória dos Bancos e administradores de Fundos de Renda Fixa, que estavam vendo seus recursos migrarem para a caderneta”, afirmou.



E acrescenta que “em vez de praticarem taxas de administração menores, menos abusivas, os banqueiros defende os seus ganhos fazendo com que o Conselho Monetário Nacional reduza o ganho da caderneta de poupança”.



Alerta



Na semana passada, o parlamentar comunista já havia feito o alerta para o assunto, que vinha sendo tratado desde novembro do ano passado, quando a proposta da Febraban foi apresentada ao governo. “Lamentavelmente o Conselho Monetário cedeu aos apelos do mercado prejudicando um grande contingente de brasileiros que possui uma caderneta de poupança”, afirmou.  



Os bancos não admitem que a poupança se torne opção para os investidores por conta das elevadas e abusivas taxas de administração cobradas pelos bancos para gerir os fundos de renda fixa, que oscilam de 4% a 6%, quando outros países não ultrapassam 2%.



Segundo o parlamentar, “para termos uma idéia do montante apropriado pelos bancos sob a forma de taxa de administração, embora o rendimento de um fundo de renda fixa tenha por base uma taxa Selic atual de 13% ao ano, os cotistas desse tipo de fundo só estão auferindo ganho de 8,03%. É aplicação dessa taxa de administração que faz com que os fundos acabem por render menos que a caderneta, que rende 8,67% ao ano”.



Desculpas esfarrapadas



A Febraban alega que a tendência de redução da taxa de juros da Selic – que desde setembro de 2005 já baixou em 6,75 pontos percentuais – reduz a remuneração dos fundos de renda fixa administrados pelos bancos e se aproxima da remuneração das cadernetas de poupança.



Segundo dados do Banco Central, somente em 2006, o número de depósitos superou em R$6,47 bilhões o total de retiradas da poupança. Enquanto que os fundos de renda fixa tiveram perdas de R$17,449 bilhões neste mesmo ano. 


 


Os banqueiros temiam que com a tendência de queda na taxa de juros, o investidor continuasse migrando para a caderneta, e assim aumentasse ainda mais a perda nos lucros advindos das suas taxas de administração nas operações dos fundos, já que na poupança não é cobrado nenhuma taxa de administração.



Edmilson não aceita o argumento de que a redução na TR é necessária em função do impacto causado no financiamento habitacional. “Esse é um argumento falacioso, pois na realidade o custo deste tipo de financiamento depende mais da taxa de juros cobrada, cuja referência é 12% ao ano, do que da parcela variável da TR. Essa taxa representa um spread de 6% sobre a taxa de juros de remuneração da poupança. Se a intenção é baratear esse custo, o que nós defendemos também, a melhor solução é reduzir esse spread e não a remuneração dos pequenos poupadores”, explicou.



Favorecimento



O argumento utilizado pelo Banco Central de que a redução na TR trará uma perda mínima para o pequeno poupador – em média terá uma rentabilidade anual 0,5% menor – também não é aceita pelo parlamentar.



“É inadmissível que o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional acolham essa proposta e favoreça apenas os interesses dos bancos, prejudicando os milhões de brasileiros que se utilizam desse tipo de investimento”, afirmou.



A caderneta de poupança, criada por D. Pedro II, em 1861, consolidou-se como o investimento mais popular do Brasil. Milhões de brasileiros depositam todo mês suas pequenas reservas nas poupanças, contando com uma pequena segurança no futuro. No Brasil existem hoje em torno de 70,8 milhões de contas poupanças, somente na Caixa Econômica Federal concentram-se 31 milhões delas, com valores girando na casa dos R$60 bilhões.



De Brasília
Márcia Xavier