Otimista, Temer crê em apoio de Lula a nome do PMDB em 2010

O deputado federal Michel Temer, virtual presidente reeleito do PMDB, afirmou neste sábado que vislumbra o apoio do presidente Lula a um candidato de seu partido nas eleições de 2010.

Em entrevista ao blog do Josias, ele falou que o PMDB tem quadros fortes para pensar numa candidatura presidencial. Antes do período eleitoral, ele garante que o governo poderá contar sempre com ao menos 80% dos parlamentares de seu partido nas votações do Congresso.



Confira abaixo a entrevista:



De que maneira pretende preparar o PMDB para 2008 e 2010?
Vamos preparar o partido para ter o maior número de candidatos a prefeitos, em 2008. E também para eleger o maior número de governadores e o presidente da República, em 2010.



O PMDB terá um presidenciável próprio em 2010?
Sim. Creio até que o candidato do PMDB, como maior partido, pode vir a ser o candidato da coalizão governamental que agora se formou em torno do presidente Lula. É a minha expectativa.



Acha que o candidato do PMDB seria apoiado por Lula?
É possível. Estamos fazendo uma aliança governamental. A aliança eleitoral poderá surgir ao longo do tempo.



Não falta um nome ao PMDB com tônus para brigar pelo Planalto?
Temos nomes de peso. Basta ver os nossos governadores e outras tantas lideranças do partido. Podemos perfeitamente construir uma candidatura.



Há na praça presidenciáveis vistosos, como os tucanos Serra e Aécio. Acha que um deles – Aécio, por exemplo —, pode filiar-se ao PMDB?
Os nomes que você menciona são respeitáveis. Mas estamos longe da eleição. Sobre esse assunto de filiação de novos quadros, naturalmente, não posso me manifestar. Vai depender da conjuntura futura.



O sr. acaba de descer do palanque de Geraldo Alckmin (PSDB). O movimento em direção a Lula não lhe causa desconforto?
Na política é preciso, antes de tudo, servir ao Brasil. O convidou-me para uma conversa, que se deu em nível programático. O PMDB, decidiu integrar a coalizão. Repeto uma frase do governador Luiz Henrique (SC): ‘Ao presidente do partido não cabe imprimir nem reprimir, mas exprimir a vontade da maioria. Foi o que eu fiz.          



Ao aliar-se a Arlindo Chinaglia na briga pela presidência da Câmara, o PMDB obteve do PT o compromisso de apoiar um peemedebista para comandar a Casa no biênio 2009-2010. O sr. vai se apresentar como candidato?
Dois anos em política é uma eternidade. O fato é que o PMDB fez um acordo adequado, de molde a que, daqui a dois anos, a presidência da Câmara seja do PMDB. Quem será o candidato? Só o tempo dirá.



O sr. se exclui dessa equação?
Não me excluo nem me incluo. O tempo dirá.



Como irá sanar as rusgas remanescentes da pendenga com Nelson Jobim?
Dialogando. São rusgas de pequena monta. Há um ou outro desagrado. Mas de pessoas que têm ótimo nível político e pessoal. O diálogo será fácil.



Conseguiu recompor a chapa, juntando o grupo de Jobim?
Sim. Retiramos companheiros que estavam na nossa chapa e colocamos outros tantos. Por exemplo: integraram-se seis governadores, mais um representantes do governador Roberto Requião (PR). Também os sete senadores ingressaram depois da desistência do Jobim.



Diria que obteve uma chapa verdadeiramente de unidade?
Tenho certeza que sim. Traz a quase totalidade dos deputados, sete senadores, os governadores, muitos deputados estaduais, presidentes de assembléias legislativas… É uma chapa de muita representatividade política.



Essa  unidade resultará em votos para Lula no Congresso?
Diria que se traduzirá em mais de 80% dos votos da bancada. Evidente que teremos uma visão crítico-participativa. Quando houver observação a ser feita, faremos. Mas sempre colaborando com o governo.



Esse apoio depende da ação de Lula para equiparar a força do PMDB da Câmara ao poder exercido no governo pelo PMDB do Senado?
O PMDB fez uma coalizão em termos programáticos. Ou seja, ajudaremos na formulação de teses para o país. Se ajudamos a formular, é razoável que ajudemos a executar. O que significa estar no Poder Executivo. Teremos um novo encontro com o presidente. Essa equalização de forças entre o grupo da Câmara e o do Senado já está prometida por ele.



Os deputados do PMDB demandam dois ministérios, em contraposição às duas pastas controladas pelos senadores (Comunicações e Minas e Energia).  Lula terá de confiar ao grupo da Câmara outro ministério além do já prometido a Geddel Vieira Lima (Integração Nacional)?
É fato que a bancada da Câmara postula o mesmo número de ministérios conferido ao Senado. Quando se fala em quatro ministérios, o que está em pauta é o tamanho do PMDB, que tem a maior bancada na Câmara e também no Senado.



Entende que a nomeação de José Gomes Temporão, o indicado do governador Sérgio Cabral (RJ), para a pasta da Saúde, está fora dessa cota reivindicada pelo PMDB da Câmara?
Este é um assunto que vamos tratar com o presidente. Num dado momento, a bancada da Câmara abriu mão da Saúde, para deixar o governo à vontade. Ao mesmo tempo, postulou os dois ministérios sobre os quais antes se havia conversado.



Os deputados falam em Turismo ou Agricultura. O sr. endossa?
Isso vai depender do presidente. Ele tem o desenho de seu ministério e sabe o que pode oferecer ao PMDB.