Documento de grupo petista pede “destucanização” do BC
A política econômica e a direção do Banco Central são os principais alvos da tese que o Movimento PT – uma das correntes internas do partido – vai levar para o encontro nacional em julho. Neste domingo (11/3), depois de uma reunião de dois dias em Brasíli
Publicado 11/03/2007 16:23
“O Banco Central é hoje um ninho de tucanos. Precisamos 'destucanizar' o BC”, disse o secretário de Organização do PT, Romênio Pereira, um dos líderes da tendência. No documento, o Movimento PT afirma que a autonomia do Banco Central, uma das discussões recorrentes dentro do governo, é um dos “baluartes do neoliberalismo” e algo “absolutamente ideológico”.
“O Banco Central tem que se alinhar ao projeto do presidente da República. Hoje há contradição clara entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a linha do Henrique Meirelles (presidente do BC)”, afirmou a deputada federal Maria do Rosário (RS), vice-presidente do PT.
Segundo mandato
“O grande desafio do segundo mandato é exatamente superar a política econômica do primeiro, adotando um novo modelo, desconcentrador de renda e riqueza”, diz o texto, acrescentando que, para isso é preciso “uma meta de superávit primário mais condizente com uma política de investimento e desenvolvimento”.
O outro alvo do texto do Movimento PT é o Campo Majoritário, a tendência mais forte do partido e que, até hoje, foi o grupo com que o Movimento teve maior proximidade. Depois de dizer que o Campo “faliu e quase faliu o PT”, os representantes do Movimento usaram a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy como exemplo da “voracidade” dos Majoritários por cargos no governo Lula.
O texto diz também que o partido, hoje, adquiriu o hábito do “gabinetismo” e viu acontecer no governo federal o aparelhamento, o que serviu de apoio a “projetos pessoais e partidários”. “Essa prática é a principal responsável pela grave crise política vivida por nosso Partido e nosso governo”, diz o texto.
“Não temos dúvida de que foram os métodos e a política usados pelo ex-Campo Majoritário que gerou a crise e quase fez sucumbir um projeto que foi construído por todos”.
O Movimento PT tem hoje 11 deputados mas nenhum cargo no governo. O maior expoente da tendência é o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP).