Nivaldo: “Em breve reocuparemos nossos espaços na Assembléia”
No penúltimo dia de legislatura, o deputado estadual Nivaldo Santana fez hoje o discurso de despedida da bancada comunista da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Com altivez, o parlamentar destacou os 85 anos que o Partido completará no próx
Publicado 13/03/2007 21:13 | Editado 04/03/2020 17:19
“Nas últimas eleições gerais do país, o PCdoB teve uma performance supeior às eleições passadas. Elegeu 13 deputados federais, elegeu o primeiro Senador depois do período da década de 40”. Salientou a atuação em poderes legislativos e governos das três esferas de poder e também a forte presença dos comunistas nos movimentos sociais e nas lutas populares.
A realidade de expansão partidária não se refletiu nas últimas eleições no estado de São Paulo, onde ainda persiste o conservadorismo e a hegemonia tucana inaugura seu quarto mandato consecutivo. Nivaldo, porém, atribui à forte ligação do Partido com as lutas do povo a certeza de que os comunistas sofreram uma derrota passageira no estado e que, muito em breve, reocuparão o espaço na Alesp.
O Vermelho-SP falou por telefone com Nivaldo Santana. Abaixo, os principais trechos da entrevista em que ele analisa a sucessão da mesa diretora da Alesp, a situação da oposição no próximo período e como o PCdoB atuará frente ao governo paulista.
Vermelho-SP: Qual o cenário esperado na eleição da mesa diretora da Assembléia, no próximo dia 15?
Nivaldo: Foi formada uma maioria com Vaz de Lima (PSDB) na presidência, Zico Prado, do PT, na primeira secretaria e o PFL na segunda secretaria. Os outros cargos devem ser divididos proporcionalmente. Apesar de o deputado Salim Curiati afirmar que mantém a candidatura, ele não deve ter chances. A sucessão na Assembléia é um provável desdobramento da eleição da Câmara Federal (PSDB ligado a José Serra apoiou a candidatura de Arlindo Chinaglia no segundo turno).
Vermelho-SP: Como ficará a oposição em São Paulo no próximo período?
Nivaldo: A oposição recuou e provavelmente terá dificuldades. No entanto, as divisões internas do PSDB, com os grupos de Alckmin, Serra e FHC, podem gerar fraturas na base governista. A diferenciação política entre PFL e PSDB também pode contribuir para isso. A mobilização do movimento social, buscando explorar estas contradições, pode jogar papel importante.
Vermelho-SP: Nos últimos 16 anos o PCdoB teve cadeiras na Alesp, fazendo seu papel na oposição. Qual a principal contribuição que fica desta atuação?
Nivaldo: O PCdoB sempre procurou defender a democracia, o desenvolvimento para São Paulo e os direitos dos trabalhadores, estudantes e servidores públicos, o que é um legado importantíssimo. O perfil do Partido, firme nos propósitos e, ao mesmo tempo, amplo politicamente, também é uma importante marca.
Vermelho-SP: Como o PCdoB vai continuar atuando na fiscalização e na oposição ao governo tucano no estado tendo perdido espaço parlamentar?
Nivaldo: Deve acompanhar de perto os trabalhos, manter relações com partidos políticos e mobilizar para participar do processo legislativo. Deve também realizar eventos na Assembléia periodicamente. O PCdoB tem ampla participação no movimento social paulista. Está em diversas entidades sindicais, estudantis e cumpre papel destacado nas lutas do povo. Tenho certeza de que nossa derrota é passageira e em breve reocuparemos nossos espaços na Assembléia Legislativa.
Fernando Borgonovi, pelo Vermelho – SP