Temor de “freada brusca” nos EUA abala mercados mundiais

Do Valor Online: Sinais cada vez mais inequívocos de estouro da bolha no mercado imobiliário americano fizeram crescer as preocupações acerca de uma freada brusca na economia dos EUA, com reflexos sobre a economia mundial. O anúncio de vendas no

A Bolsa de Nova York fechou em baixa de 1,97% e arrastou a Bolsa de Valores de São Paulo, que caiu 3,39%. O dólar fechou em alta de 0,76%, a R$ 2,1040, e o risco-Brasil saltou 4,21%, para 198 pontos. 



O impacto do ajuste no setor imobiliário sobre a economia americana, no entanto, tem sido relativizado por diferentes economistas, entre os quais o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan. O ex-diretor de pesquisa do Fundo Monetário Internacional, Michael Mussa, disse ao Valor que as perdas com os empréstimos imobiliários de alto risco reduzirão o crescimento americano em 1 ponto do PIB. “Em vez de crescer 3% ou 3,5%, acredito que os Estados Unidos cresçam 2% este ano. Mas não será suficiente para entrarem em recessão, como em 2000”. 



Ainda não houve redução nominal de vendas. Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, as vendas no varejo cresceram apenas 0,1% em fevereiro, abaixo da expectativa do mercado de 0,3%, mas estão 3,2% acima de fevereiro de 2006. Mussa estima a chance de uma recessão nos EUA entre 20% e 25%. Ele acha que pelo menos metade do ajuste de preços no setor imobiliário já ocorreu. 



Mas o número de empresas de crédito imobiliário com problemas está aumentando. A Bolsa de Nova York suspendeu os negócios com as ações da New Century Financial, a segunda maior do segmento “subprime”, cujas ações já perderam 97% do valor neste ano. As ações da 15ª maior, a Accredited Home Lenders Holding Co., que reconheceu estar buscando fundos no mercado, caíram 65%. Ações de bancos como o Lehman Brothers e Bear Stearns também foram afetadas por seu envolvimento no refinanciamento das hipotecas. Os “hedge funds” trataram de se desfazer de ativos mundo afora e sanear carteiras, inclusive no Brasil. O clima negativo atrasa a elevação do rating brasileiro.