Evo Morales anuncia eleições antecipadas na Bolívia para 2008
O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou nesta sexta-feira que convocará eleições gerais antecipadas no ano que vem, após a entrada em vigência de uma nova Constituição com a qual pretende “refundar” o país. Em sua primeira referência direta à pe
Publicado 16/03/2007 20:21
O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou nesta sexta-feira que convocará eleições gerais em 2008 uma vez que seja concluído o trabalho da Assembléia Constituinte no país, o que deve acontecer ainda este ano. Nas eleições, seu próprio cargo deverá ser renovado, segundo o anúncio feito pelo presidente.
Em um discurso pronunciado na localidade de Warnes, no departamento de Santa Cruz, Morales pediu à assembléia que termine seu trabalho para que 2008 tenha “uma nova eleição, para que haja um novo presidente”. Caso se candidate novamente e vença, Morales poderá ter, na prática, um mandato alongado. “Quero dizer que este ano tem que acabar”, disse Morales, em referência à redação da nova Carta Magna boliviana, cujo prazo de um ano vencerá no dia 6 de agosto próximo.
A assembléia iniciou seus trabalhos em 6 de agosto de 2006 e há apenas um mês começou a discutir os assuntos que serão incluídos na nova Constituição. Após a entrega do novo texto constitucional, em agosto, os bolivianos deverão ratificar a Carta Magna em um referendo que está previsto para ocorrer em 2007. Se for mesmo confirmada a Constituição, os líderes socialistas declararam que a nova carta incluirá mudanças na estrutura política, social e econômica do país, o que exigirá um chamado às urnas.
Candidato
Neste cenário, a próxima eleição geral será realizada cerca de dois anos depois que Morales foi eleito, em dezembro de 2005, para um mandato de cinco anos. O presidente não disse explicitamente que será novamente candidato à Presidência boliviana pelo Movimento ao Socialismo (MAS), partido que o elegeu em 2005 após formar uma ampla coalizão de sindicatos de trabalhadores, camponeses e indígenas. “Este curto tempo deve ser aproveitado muito bem, com serviços ao povo, porque a política é uma ciência de servir ao povo e não de servir-se do povo”, afirmou Morales.
O presidente completou o discurso afirmando que deseja “coordenar [seu trabalho] ao máximo com os prefeitos e governadores para servir melhor no “curto tempo” que passará no palácio de governo. Morales Morales, 46, nasceu em um vilarejo da região montanhosa da Bolívia, onde era pastor de lhamas e viu quatro de seus seis irmãos morrerem na infância.
Ele assumiu a Presidência em janeiro de 2006 após vencer– com 54% dos votos– as eleições de 18 de dezembro, melhor desempenho de um candidato desde que o país retornou à democracia, em 1982. “Pela primeira vez, um indígena ocupa a Presidência e visita vários países. Isto provoca orgulho em pessoas como eu”, afirmou Simon Alanoca, um aimará que deixou o campo para trabalhar na cidade indígena de El Alto.
Fonte: Folha Online