Oficina de Lutheria da Amazônia comemora nove anos

Há nove anos a Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (Oela) abria suas portas para iniciar o trabalho com jovens amazônidas de baixa renda e baixa escolaridade, respeitando os princípios da utilização racional e sustentável dos recursos naturais da regiã

Para festejar o aniversário da Oela, os alunos preparam para o dia 20, terça-feira, uma comemoração com jogral, exposição de arte e uma peça que irá contar a história da fundação da instituição.


 


O projeto deu os primeiros passos em 1998, por iniciativa do luthier Rubens Gomes que dividia o espaço da própria casa e o seu conhecimento para ensinar a produzir instrumentos musicais de corda. Em 1999, a Oela foi reconhecida como uma Organização não-Governamental (ONG), passou a receber apoio de entidades como a Unesco e expandiu suas fronteiras.


 


Em reconhecimento como melhor projeto social a Oela receberá este mês em Brasília o Prêmio Orilaxé, oferecido pelo grupo Afroreggae. Em quase uma década de existência, a Oficina de Lutheria tem contribuído para a geração de emprego e renda e formação profissional de jovens, a exemplo de Antônia Santos, 24, aluna da primeira turma do curso concluído em 2001. Ela tornou-se instrutora de lutheria e educação ambiental, desde 2003, e hoje cursa faculdade de pedagogia.


 


A aluna Cássia Maísa, 16, conta que o curso da Oela contribuiu para ser mais responsável, estudiosa e aprender a lidar com as diferenças das pessoas. ''Tem que ter disciplina, habilidade e esforço para continuar, porque apesar das oportunidades serem poucas, as pessoas não aproveitam''.


 


A Oela vem atuando com pré-adolescentes, adolescentes, jovens e adultos na faixa de 12 a 24 anos, sob risco pessoal e social do bairro do Zumbi II, zona Leste de Manaus e com adolescentes e jovens ribeirinhos da Amazônia.


 


Rubens é atualmente diretor-geral da instituição que possui mais três unidades além da sede, entre elas: o laboratório de produção localizado na Escola Agrotécnica de Manaus, a unidade III no município de Boa Vista do Ramos e o Barco Escola Educador.


 


 


 


 


A escola


 


Na oficina, os jovens têm a oportunidade de estudar teoria musical; educação ambiental com noções de biodiversidade, reciclagem, manejo florestal; e atelier de lutheria. O reforço escolar, com aulas de português e de matemática, também faz parte do aprendizado.


 


A equipe didática é composta por um professor de lutheria e dois de informática. O apoio pedagógico é oferecido por uma psicóloga e uma pedagoga. Para o curso de lutheria básica profissionalizante que tem duração de 1 (um) ano são oferecidas 60 vagas, divididas em dois turnos. Para os cursos de informática básica e avançada são disponibilizadas 360 vagas a cada ano. O serviço de telecentro da Oela que funciona das 17 às 19h é uma forma de beneficiar a comunidade local, atendendo uma média de 8 mil anualmente.


 


Há critérios para o ingresso do aluno na Oela: estar regularmente matriculado na escola, ser proveniente de família de baixa renda e ter a partir de 14 anos. O curso exige disciplina e vocação dos aprendizes que mostram prova da dedicação na confecção do seu instrumento.


 


Na escola de lutheria são produzidos violões de 6 e 7 cordas, viola caipira, bandolim, guitarra e cavaquinho. ''A nossa maior deficiência é a sobrevivência do local, porque não temos uma fonte de renda fixa com a produção'', conclui Antônia Santos.


 


 


De Manaus,
Cinthia Guimarães