O entrelace gênero, raça e classe marcou debate na plenária de Salvador
No processo da 1ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Questão da Mulher, militantes de Salvador apresentam expectativas quanto à tornar a luta das mulheres uma tarefa de todo o partido, um dos objetivos apresentados no documento em debate, elabora
Publicado 19/03/2007 00:09 | Editado 04/03/2020 16:21
Neste final de semana, no auditório do Sindicato dos Bancários em Salvador, 200 comunistas, mulheres e homens envolvidos na construção de conceitos e políticas que permeiam a luta emancipacionista, apresentaram suas emendas ao documento em debate na 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher. Com a participação de 35% de homens, a etapa municipal da capital baiana mobilizou cerca de 320 militantes em reuniões preparatórias nos bairros e por categorias de trabalhadores e expôs o que de consenso e dissenso se poderá esperar da etapa estadual, marcada para o próximo dia 24. Destacou-se a presença de militantes da UJS, da Frente Anti-racista e da Federação das Associações de Bairros de Salvador (FABS).
Os delegados e delegadas apresentaram 35 emendas ao documento-base da Conferência, elaborado pelo Comitê Central do PCdoB. O texto traz uma série de elementos para compreender como vive a parcela feminina da população no Brasil e no mundo e as propostas para desenvolver a concepção do feminismo emancipacionista, fundamental para avançar na construção da alternativa socialista.
Para os soteropolitanos, é necessário aprofundar alguns aspectos do documento. Neste sentido, várias intervenções deram ênfase ao debate acerca da desconstrução da opressão de gênero entrelaçando-a à questão racial e de classe, fator determinante para compreender as condições adversas enfrentadas pela mulher brasileira. Também foi levantada a questão geracional e a necessidade de tratar das especificidades da juventude e da mulher idosa.
Para forjar o protagonismo das mulheres comunistas, surgiram propostas para garantir o fortalecimento da União Brasileira de Mulheres (UBM), condições de equidade para as candidaturas femininas nos processos eleitorais disputados pelo partido e o real cumprimento da Legislação Eleitoral que prevê o mínimo de 30% de mulheres candidatas, apoio à militância das mulheres e no cuidado dos filhos pequenos, criação das secretarias de mulheres e a definição do percentual mínimo de 30% para a participação de mulheres nas instâncias partidárias de direção.
Na área de comunicação, os comunistas avaliaram que é preciso reservar espaço para os assuntos relacionados à luta feminista emancipacionista na imprensa partidária e que a revista Presença da Mulher deverá ser fortalecida, com a indicação da aquisição de cotas por líderes dos vários movimentos sociais.
Os delegados e delegadas optaram por não apostar em polêmicas e todas as propostas de emenda serão remetidas para a plenária estadual. Lá, estas propostas voltarão a ser debatidas e as comunistas esperam confirmar as deliberações que vão conferir ao PCdoB a condição de pólo dinâmico e irradiador dos valores avançados sobre as mulheres.
Plenárias no interior debatem UBM e políticas públicas para as mulheres
Na mesma data da plenária de Salvador, aconteceram as plenárias regionais em Alagoinhas e Irecê. A necessidade de avançar na organização da União Brasileira de Mulheres em âmbito municipal e de fazer com que políticas públicas para as mulheres sejam viabilizadas não apenas nos grandes municípios marcou o debate em Alagoinhas e Irecê. O evento reuniu 40 participantes e elegeu uma delegação de dez comunistas, tendo representação de seis municípios: Paripiranga, Araçás, Adustina, Coronel João Sá, Itapicuru e Alagoinhas.
Já a região de Irecê vem com uma delegação de oito comunistas para a plenária estadual. O evento contou com a participação de 30 militantes e representação de 5 municipios além de Irecê: Mulungu do Morro, Ibititá, Lapão, São Gabriel e Umburanas.
Contribuiu Inamara Melo (Salvador)