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Abertura de conferência do PCdoB enfoca a maior participação das mulheres na política

Quando a noite desta quinta-feira caiu sobre a capital federal, cerca de 300 mulheres e homens deixaram o auditório Nereu Ramos da Câmara Federal com a certeza de que tinham à frente um novo desafio. Comunistas de todo país aportaram em Brasília para part

O evento, que começou ontem, 29, e se estende até sábado, dia 31 em Luiziânia (GO), pretende discutir a maior inserção das mulheres na vida política nacional e contribuir para o debate sobre as principais demandas das brasileiras. Entre outras autoridades e lideranças políticas, participaram do evento a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a deputada federal Luíza Erundina (PSB/SP), a prefeita de Olinda, Luciana Santos e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.


 


 


“A conferência é a primeira de uma série que queremos realizar. Este é um ato histórico para o PCdoB”, disse Renato Rabelo, presidente do partido, na abertura do evento. De acordo com o dirigente, embora vivamos num período de maior inserção das mulheres e apesar de elas terem os mesmos direitos que os homens perante a lei, “a incorporação das mulheres, na prática, ainda não aconteceu”.


 


 


Na avaliação do Rabelo, vencer a opressão da mulher “não é tarefa fácil numa sociedade em que prevalece a concepção machista”. Além disso, explicou, no sistema neoliberal, onde prevalece a lei do Estado mínimo, marcado pela desvalorização do trabalho, “a mulher é, sem dúvida, o elo mais fraco, que mais sofre com a ausência de políticas públicas”. “Ou seja”, disse, “quando o neoliberalismo incorpora a mulher ao mercado de trabalho, ele o faz colocando-a numa posição de subordinação. É uma emancipação entre aspas”.


 


 


Segundo dirigente, essa situação leva à maior divisão sexual do trabalho. Por isso, acredita, a mudança desse atual quadro é mais complexa e exige, como solução, uma transformação nas relações de produção.


 


 


Como a luta das mulheres não está descolada do contexto político, Rabelo enfatizou que “o avanço do movimento emancipacionista deve estar em sintonia com o avanço democrático e progressista. O grau de emancipação da mulher é um termômetro da emancipação geral da sociedade”.


 


 


E, para que o atual estado possa ser mudado, Rabelo defende a maior participação das mulheres na política. “As mulheres não podem perder de vista importância de ocuparem espaço no poder. Afinal, as mulheres são mais de 50% da sociedade e devem ter representação proporcional na política”, disse.


 


 


“O PCdoB se renova quando se começa a ver, no seio da militância, mulheres e jovens. Este é o caminho de um partido revolucionário”, disse, sob aplausos, ao encerrar sua apresentação.


 


 



Presença feminina


 


 


A abertura da conferência teve momentos emocionantes.  Um deles ficou por conta da deputada federal Luíza Erundina. Empolgada com a iniciativa do PCdoB e chamando a platéia de “camaradas e camarados”, Erundina agradeceu pela contribuição que os comunistas estão dando ao debate sobre o emancipacionismo. Ela saudou em especial a ex-deputada Jandira Feghali, pela sua luta em prol das mulheres e da aprovação da lei Maria da Penha. “Jandira, você faz falta na Câmara. Mas, não vai ficar muito tempo longe porque não vamos agüentar ficar sem você”, brincou.


 


 


A parlamentar lembrou que a conferência acontece num momento importante para o país, com o início de uma nova legislatura. “O país exige a renovação do sistema político”, disse, salientando que as mulheres são essenciais para essa renovação. Ela lembrou ainda que menos de 9% da Câmara é composta por mulheres. “Somos apenas 45 nesta legislatura, mas exercemos papel fundamental. Então, embora não estejamos presentes numa proporção justa, avançamos significativamente, provando que é possível fazer política rompendo com o conservadorismo”. Por fim, Erundina protestou: “é um absurdo que em 180 anos da Casa nunca tenha havido uma mulher à frente da mesa diretora”.


 


 


Já se aproximando do final da solenidade, a ministra Nilcéa Freire fez um balanço das ações do governo Lula para as mulheres. No entanto, lamentou, “ainda vivemos no país uma democracia pela metade porque as mulheres, que são mais de 50% da população, não estão representadas proporcionalmente na política nacional. Precisamos romper com esse déficit”.


 


 


O ato contou ainda com homenagens de Adalberto Monteiro, secretário de Formação do PCdoB às mulheres e  com a leitura, por Jandira Feghali, de uma mensagem da dirigente Mary Castro lembrando a contribuição das comunistas Elza Monnerat, Patrícia Galvão, Loreta Valadares, Olga Benário Prestes e Elenira Rezende para a luta pela igualdade e pelo socialismo.


 


 


A mesa da cerimônia contou também com a presença de da prefeita de Olinda, Luciana Santos, do senador comunista pelo Ceará, Inácio Arruda, Liége Rocha, membro do Comitê Central do PCdoB, Eline Jonas, presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM) e o deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB/PE).


 


 


Leia aqui a homenagem do secretário de Formação, Adalberto Monteiro


 


 


De Brasília,
Priscila Lobregatte