Com recursos públicos, Cabral anuncia privatização do que sobra da rede ferroviária

O governador do Rio de Janeiro recebeu da Supervia “um plano de modernização dos trens” que custaria US$ 570 milhões de dólares, sendo que 450 milhões viriam do Estado. Recentemente, os secretários de Transporte e Fazenda, Júlio Lopes e Joaquim Levy, r

A rede ferroviária do estado foi privatizada no governo Marcelo Alencar (PSDB) e entregue para a Supervia. Porém, ficaram de fora os ramais Saracuruna-Guapimirim e Niterói-Visconde de Itaboraí. Ambos estavam – e ainda estão – em péssimas condições e necessitam de grandes investimentos, o que a empresa privada não deseja fazer. Além disso, para fazer a privatização, o Estado continuou sendo responsável pela compra de novos trens e a recuperação das estações. Passados vários anos, a situação dos dois ramais só pioraram. No de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, só há um único trem circulando. Agora, Júlio Lopes pretende trazer para o Rio três carros de passageiros que foram reformados em Belo Horizonte, e que estão retidos por falta de pagamento. O secretário da Fazenda anunciou a liberação dos R$ 250 mil necessários.



O secretário de Transportes também disse que na próxima semana vai se reunir com representantes do Banco Mundial para dar continuidade às negociações de um contrato de financiamento complementar no valor de U$ 64 milhões (sessenta e quatro milhões de dólares), dos quais U$ 4 milhões (quatro milhões de dólares) são para recuperação da linha férrea do ramal de Guapimirim.



O governador já afirmou que gostou das metas da empresa e prometeu estudar a viabilidade de novos investimentos para o setor. Para o membro da Oposição Ferroviária, Pedro Paulo, “a Supervia só pretende assumir agora os outros ramais por conta dos investimentos públicos. O governo continua investindo recursos e perdoando dívidas”.



O vice-presidente da Associação dos Engenheiros-ferroviários, Vanderlei Malta, reforça a polêmica: “a concessionária não entra com nada, só o Estado. Mas o governo também está sem dinheiro, pois ainda não conseguiu a linha de crédito do Banco Mundial (BID)”.



Bondinhos de Santa Teresa sob a mira da privatização



O governo do Rio também pretende contrair um empréstimo de R$ 259 milhões com o BNDES para recuperação das instalações físicas, aquisições de bens e ações de desenvolvimento do sistema de trens urbanos do estado. Esse montante está relacionado com a recuperação e, em seguida, a privatização dos bondes de Santa Teresa, que seria entregue para a mesma empresa que administra o Corcovado e o Pão de Açúcar. A associação de moradores do bairro já se declarou contra a venda dos bondes. Hoje o preço da passagem é de R$ 0,60 contra R$ 16,00 das linhas privatizadas.