Comissão de Participação Popular da ALMG recebe delegação cubana

    O debate aconteceu às 9h30 no auditório da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ao final da reunião, Roberto González, um dos integrantes do grupo, entregou à comissão um documento solicitando a imediata liberação de cinco cidadãos cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998, a ser encaminhado a diversos órgãos internacionais, entre eles a ONU e a Embaixada dos EUA no Brasil. O documento endossado pela Comissão foi oficializado pela ALMG.

    O tema mais discutido foi a questão dos 5 cubanos mantidos presos ilegalmente nos Estados Unidos. O deputado André Quintão (PT) disse que a reunião tem como missão demonstrar oficialmente a posição contrária da ALMG perante aos demais órgãos oficiais sobre essas prisões que desrespeitam as regras internacionais de direitos humanos.

    Roberto González,  advogado das famílias dos 5 cubanos e irmão de um dos presos, lembrou que o julgamento, ocorrido em Miami (EUA), foi realizado justamente em uma área de grande influência política dos chefes da máfia cubana.''Eles cinco foram para Miami com o intuito de se infiltrar na máfia e descobrir quem são as pessoas que estão planejando e executando ataques a Cuba e ao povo cubano que até hoje já mataram 3478 pessoas'' diz González.

    Ele afirma que os cinco cubanos não foram para os Estados Unidos para  prejudicarem ninguém, e sim para descobrir que estava promovendo ataques contra a soberania cubana e defender o seu país do terrorismo. ''Eles estão presos unicamente por serem cubanos, uma vez que ''é impossível alguma pessoa estar presa por buscar salvar vidas humanas'' diz González.

    Todos os cinco cubanos foram condenados, mesmo sem terem praticado um único crime, em um processo cheio de irregularidades. Apesar da ONU ter emitido um parecer aos EUA de que a prisão dos 5 cubanos é ilegal e viola regras e tratados internacionais, um dos presos, Geraldo Hernández, teve sentença de duas prisões perpétuas e mais 15 anos. O Tribunal Superior de Apelações de Atlanta (EUA) teria anulado o julgamento dos cidadão cubanos, mas eles ainda continuam presos e mantidos incomunicáveis desde 1998.

    José Estévez Hernández, vice-presidente do Instituto Cubano da Amizade com os Povos (ICAP), no início de sua fala disse que ''vocês devem estar se preguntando; que relação tem esse caso dos 5 cubanos com a Assembléia Legislativa, com Minas e com o Brasil? E a resposta é simples e única: O povo de Minas e o povo do Brasil fazem parte do povo do mundo. Não temos que globalizar somente informação e tecnologia, mas também direitos humanos também e esses jovens tiveram todos os direitos violados” afirma.

Terrorismo

    Hernández disse também que “são tão terroristas os que fizeram os atentados contra as torres gêmeas em Nova Iorque, quanto os que colocaram as bombas no avião de Cuba” se referindo ao atentado de outubro de 1976 quando um avião com a equipe juvenil de esgrima, diplomatas coreanos e tripulantes explodiu em pleno vôo e caiu em Barbados, matando 73 pessoas.

    “Os norte americanos combatem os terroristas islâmicos a sangue e fogo, violam até mesmo os direitos dos cidadãos norte-americanos em nome da luta contra o terrorismo. E esses terroristas que  vem Miami atentam contra a integridade dos povos em Cuba têm toda a proteção do governo norte-americano, que tem pleno conhecimento de suas ações. Esses 5 jovens que não fizeram nada além de se infiltraram dentro dessa organização terrorista, para conhecer seus planos e salvar vidas dos cubanos, eles foram condenados a pena máxima.” compara Hernández.

    Alejandro Aguilar, especialista do ICAP para as questões brasileiras, disse que O silêncio dos grandes meios de comunicação é o pior problema e que “com a pressão da opinião pública será um passo a mais para revertermos a situação dos 5 cubanos.”

     A 15ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba acontece entre 5 e 7 de abril no SESC Contagem.O evento busca aprofundar os laços de solidariedade do povo brasileiro com o povo cubano, através da promoção de debates, palestras e seminários. Inúmeras entidades dos movimentos sociais já estão confirmados.

De Belo Horizonte,
João Paulo Dias