Milhares de argentinos saem às ruas por morte de professor

Milhares de pessoas marcharam nesta segunda-feira (9), na Argentina, em repúdio à morte de um professor durante um protesto na semana passada, em um dia de paralisação das centrais dos trabalhadores que mobilizou todo o país.

“Foi fuzilado por pensar de uma determinada forma e isso, evidentemente, não pode acontecer outra vez na Argentina”, disse o presidente Néstor Kirchner, nesta segunda à noite, ao comentar a morte do professor de Química Carlos Fuentealba.



Fuentealba, de 40 anos, morreu após receber uma granada de gás lacrimogêneo na cabeça, lançada por um policial de Neuquén (1.156 km ao sul), na última quarta-feira.



O presidente condenou a repressão contra os professores, que faziam passeata em uma estrada pedindo aumentos salariais, na província governada pelo conservador Jorge Sobisch, que se candidatará à Presidência nas eleições de outubro.



“Sempre vou apelar para a convivência e prefiro que digam que sou permissivo, mas que as pessoas possam se expressar livremente”, criticou Kirchner.



A greve docente contou com forte apoio em todo o país e milhares de pessoas se somaram às marchas de repúdio. “Nunca mais!”, lia-se em um grande cartaz à frente de uma mobilização de sindicatos e organizações sociais que ocupou o centro de Buenos Aires, em uma das maiores passeatas do governo Kirchner, que termina seu mandato este ano.



Trabalhadores em massa
Nos atos realizados em todo o país, os argentinos pediram a cabeça de Sobisch. Pelo menos 350 mil educadores da Confederação de Trabalhadores da Educação (CTERA) esvaziaram as escolas primárias, de segundo grau e as universidades, com uma greve de 24 horas.



A multidão tomou as ruas das principais cidades argentinas, como Rosario (centro-leste), Córdoba (centro), Mendoza (oeste), Salta (norte), Jujuy (norte) e Mar del Plata (sul).



Outras categorias aderiram ao movimento. Sindicatos dos transportes paralisaram ônibus, trens e o metrô por três horas, e associações judiciárias encerraram as atividades nos tribunais.