Americana: uma disputa para lá de acirrada
Cidade do interior paulista promete ter disputa acirrada, com vários candidatos com potencial eleitoral. PCdoB deve lançar o vereador Davi Ramos, liderança com origem no sindicalismo e que tem muito apoio popular.
Publicado 12/04/2007 19:36 | Editado 04/03/2020 17:19
A cidade de Americana tem 203 mil habitantes e 152 mil eleitores cadastrados. Ainda que sua população seja menor, engana-se quem pensa que a cidade é um apêndice de Campinas, a cidade pólo da região. É um município economicamente importante, já que é o principal pólo têxtil do estado, com destaque para os tecidos de fibras artificiais e sintéticas, que sua produção é das maiores de toda a América Latina. Destaca-se também a presença de grandes indústrias como a Goodyear.
Tal pujança é traduzida em uma política local também muito peculiar. O atual prefeito, Erich Hetzl Junior (PDT), foi alçado ao cargo graças ao decisivo apoio de Valdemar Tebaldi, liderança política histórica da cidade. Mas, com a morte de Tebaldi, o quadro sucessório deve sofrer grande pulverização, pois não há uma figura que tenha ocupado o espaço e seja seu herdeiro político natural.
Há vários nomes fortes na disputa, entre eles o vereador pelo terceiro mandato Davi Ramos, do PCdoB. Davi é liderança oriunda do movimento sindical e tem ampla aceitação popular. Foi o segundo vereador mais votado na eleição passada e teve quase 10% dos votos válidos de Americana como candidato a deputado estadual em 2006.
O PCdoB atua na Câmara de maneira independente da administração municipal, num bloco que congrega parlamentares do PV, do PSB e até do PFL e se formou a partir da candidatura de Davi para a presidência da Câmara Municipal. Os comunistas trabalham também por uma chapa própria de vereadores, o que poderia aumentar a bancada no legislativo municipal.
Uma das grandes incógnitas para 2008 é a situação do próprio prefeito. Como Erich chegou a assumir a prefeitura interinamente, ainda como vice de Tebaldi, e depois foi eleito, há insegurança sobre a viabilidade jurídica de sua re-candidatura. Especula-se que PDT e PSDB devem costurar aliança eleitoral, seja entorno da recondução do prefeito ou de um nome tucano, cujo principal expoente local é o deputado federal Vanderlei Macris.
Outros possíveis candidatos também fazem movimentações. No PV há dois concorrentes na disputa: o jovem Diego De Nadai, vereador e de família influente na região, e Chico Sardelli, político experimentado que já foi deputado federal e se elegeu a estadual nas últimas eleições. Há problemas internos a serem resolvidos. Em 2006, Diego foi candidato a deputado federal para impulsionar a campanha de Chico, num acordo que previa reciprocidade do apoio em 2008. No caso de Sardelli concorrer, Diego poderia procurar outra legenda. Há ainda a possibilidade de o bloco PCdoB, PV, PSB, PFL manter a aliança para a eleição.
O Partido dos Trabalhadores deve apresentar para a disputa o deputado estadual Antônio Mentor, que teve 15 mil votos na cidade, uma marca de 13% dos válidos. Busca também articular alianças com outras legendas.
As eleições já estão na ordem do dia, mas o quadro eleitoral está longe de consolidado. Muitas alterações e costuras de apoio ainda podem acontecer, principalmente tendo em vista que Americana não realiza segundo turno, o que aumenta a necessidade de diálogo e amplitude política para entrar com força máxima numa disputa de tiro curto. Uma coisa, no entanto, já é certa: a disputa será para lá de acirrada.
Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP