Operação Hurricane pode desgastar Tarso Genro

Advogados dos 25 presos na Operação Hurricane da Polícia Federal reclamam da falta de informações sobre os casos. No sábado (14), eles orietaram os clientes a não falar nos depoimentos até que os fatos das prisões sejam esclaricidos pela PF. A sit

O advogado Nélio Machado, que representa o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira e o Capitão Guimarães, disse que uma petição conjunta será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, relatando o ''cerceamento de defesa''. Eles também devem procurar o ministro da Justiça, Tarso Genro, para reclamar contra o que chamam de ''desmandos da Polícia Federal''.



''Estamos em uma investigação atípica, lembrando os piores tempos da ditadura militar. E isso é inadmissível e intolerável. Faremos uma petição conjunta, todos os advogados, protestando veementemente ao STF'', disse. E completou: Tenho certeza de que se o ministro Cezar Peluso soubesse que os desmandos iam tomar conta dessa investigação, ele não teria determinado essa prisão.


 


Segundo a PF, não houve desrepeito e todos os ritos legais estão sendo cumpridos nessa investigação. “Esse grupo, mais do que uma organização cirminosa, é um grupo mafioso, que tem audácia. Ele faz questão de mostrar o poder interferindo no Legislativo, no Judiciário, no Executivo e até no resultado do Carnaval do Rio de Janeiro”, disse o delegado Emanuel Henrique de Oliveira.


 


Mas o advogado Raul Ornellas, que defende os delegados da Polícia Federal Susie Pinheiro Dias de Mattos e Luiz Paulo Dias de Mattos (aposentado), reclamou neste domingo que ainda não sabe de que os seus clientes estão sendo acusados, o que estaria dificultando seu trabalho. ''Tem um decreto de prisão que não especifica as acusações. Não sei ainda por que os dois estão presos. Isso não é um estado democrático de direito'', afirma.



Os delegados foram presos no Rio, na última sexta-feira, durante a Operação Furacão (Hurricane, em inglês). Outras 23 pessoas foram presas na operação, acusadas de crimes como corrupção, tráfico de influência e envolvimento com jogos ilegais.



Segundo Ornellas, os dois delegados não foram ouvidos neste sábado. Ele espera que os depoimentos sejam tomados neste domingo. ''Está havendo dificuldade para que eu exerça as minhas prerrogativas'', disse.



No início da manhã, houve um princípio de tumulto na entrada da Superintendência da Polícia Federal. Um grupo de advogados do Rio, de Minas Gerais e do Distrito Federal foi barrado e ameaçou acionar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em seguida, a confusão foi contornada com a permissão do acesso à superintendência.



Direito



O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, denunciou ao ministro da Justiça, Tarso Genro, a dificuldade que os advogados dos envolvidos na Operação Hurricane estão tendo para se comunicar com seus clientes. O presidente da OAB também já enviou um comunicado sobre a situação ao ministro Tarso Genro.



''É inadmissível que em pleno estado democrático de direito os advogados não possam exercer a sua função constitucional'', afirma o presidente da OAB na manhã de sábado (14).



Britto considera que a resolução dos impasses evitará a anulação de processos e, conseqüentemente, todo o esforço executado até então pela própria Polícia Federal. ''O risco para a própria nulidade do processo é patente'', avalia o presidente da OAB, lembrando que isso poderia ocorrer caso os advogados tenham seu trabalho comprometido.



Material apreendido



A assessoria da Superintendência da Polícia Federal (PF) informa que sairá do Rio de Janeiro neste domingo um avião transportando toda a documentação apreendida durante a Operação Hurricane. Todo o material – computadores, documentos e notas fiscais, entre outros, será enviado para o edifício-sede da PF.



Ao todo, foram cumpridos 70 mandados de busca e apreensão em diferentes endereços de Rio, Brasília, São Paulo e Bahia. A PF espera contar com a colaboração de alguns dos presos. Para isso, ofereceu aos primeiros detentos ouvidos no sábado o benefício da delação premiada.



A quadrilha tinha um arsenal de luxo que foi apreendido e está sendo levado para Brasília. Os bens apreendidos – dinheiro, carros e 27 relógios Rolex – ultrapassam a casa dos R$20 milhões.



A PF apreendeu o equivalente a R$16 milhões em dinheiro na Operação Furacão. Foram aproximadamente R$10 milhões em espécie; R$5 milhões em cheque; além de U$300 mil; 34 mil euros; e 400 libras esterlinas. Os policiais recolheram também 51 veículos nas casas e nos escritórios dos investigados. Os carros de luxo já deixaram o Rio neste domingo, em caminhões-cegonhas, e devem chegar ao pátio da Superintendência da PF em Brasília somente na quarta-feira.



Com informações da Agência Brasil