O PCdoB de Montes Claros e o Governo Athos Avelino

Após reunião plenária com a militância do partido, realizada no dia 13 de abril, o Comitê Municipal do PCdoB em Montes Claros, reuniu e torna pública a sua opinião a respeito da atual Administração Municipal


 NOTA DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL DE MONTES CLAROS


 


O PCdoB E O GOVERNO ATHOS


 


            O Partido Comunista do Brasil – PCdoB, Comitê Municipal de Montes Claros, partido com uma larga tradição de luta pela democracia e pelos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores e do povo, vem a público informar acerca da sua posição a respeito da administração municipal de Montes Claros.


 


            O PCdoB foi fiel e leal aliado político do prefeito Athos Avelino desde as eleições municipais de 2000, quando este se apresentou como candidato à Prefeitura de Montes Claros ainda pelo PMDB. Foi, ainda, um dos artífices da aliança de centro esquerda que se formou nas eleições municipais de 2004, quando pela primeira vez na sua história Montes Claros pôde eleger para o comando dos destinos do município uma chapa construída a partir de princípios de democracia participativa e de participação popular, tendo como centro o partido ao qual o prefeito Athos Avelino se filiara, o PPS, juntamente com o Partido dos Trabalhadores, o Partido Socialista Brasileiro e este Partido Comunista do Brasil.


 


            O PCdoB jamais negou o seu apoio decidido e verdadeiro nos momentos de maior crise por que passou a administração municipal ao longo desses 28 meses, e mesmo quando divergiu pontualmente o fez com elevado espírito de lealdade, às claras, fugindo aos métodos rasteiros do subterfúgio e da discordância cometida por trás da cortina de fumaça do voto secreto, tão ao gosto de alguns que praticam tais métodos e, ao que parece, da própria administração municipal, que com eles pactua.


 


            O PCdoB, com enorme pesar, vê que a administração municipal, pouco a pouco, em processo não tão lento e absolutamente irreversível, tem se dedicado a rasgar, um a um, os compromissos que a fizeram ganhar, no processo eleitoral de 2004, a confiança da nossa população, da juventude, dos setores progressistas e da intelectualidade. O viés que a define hoje é o de uma administração calcada numa visão conservadora e centralizadora, pouco respeitosa no trato democrático com as forças políticas que a integram e com as próprias organizações populares e pessoas que a fizeram vitoriosa. Toda essa prática nefasta é executada com um pretenso linguajar de aparência popular.


 


            Tem se revelado uma administração marcada pelo clientelismo político, que nunca conseguiu romper um vício autoritário e elitista que é marca registrada e histórica das classes dominantes da nossa cidade, à qual pertencem muitos dos neo-integrantes da administração.


 


            O projeto de reforma administrativa, concebido entre quatro paredes por um pequeno núcleo de pessoas, elaborado no imediato pós-eleições de 2006, foi levado a cabo a ferro e fogo, contrariando os mais elementares princípios de respeito político às eventuais discordâncias da Câmara Municipal e da sociedade, tão comuns e tão salutares em qualquer discussão democrática. A reforma administrativa configurou-se, assim, muito mais num esforço de golpear as posições das forças de esquerda e abrir maiores espaços às forças conservadoras, sob falsos pretextos de ordem administrativa.


 


            A administração municipal, ademais, revela uma brutal incapacidade gerencial, que se junta a uma grande inabilidade política no trato com o seu campo aliado, incluindo aí a própria população. 


 


            O PCdoB vê, com imensa tristeza, a traição que vem sendo cometida contra uma rara oportunidade histórica de construir, a partir de Montes Claros, o fortalecimento e a consolidação das forças populares no norte de Minas. Com grande pesar vê sendo pisoteados compromissos tão caros como o da efetiva construção do Orçamento Participativo e da recuperação da dignidade dos servidores municipais, incluindo a tão necessária recuperação das perdas salariais acumuladas ao longo de anos. Vê, com tristeza, mas não com desilusão, que a beleza do projeto de sentido popular composto pelo tripé de centro-esquerda que levou Athos à vitória político-eleitoral de 2004 aos poucos vem sendo corroído por dentro da própria administração, solapado com métodos cuja mesquinhez assusta.


 


             Hoje, temos clareza, o projeto em curso nada tem daquele belo e exequível projeto de que fomos parte. A lógica que hoje domina e hegemoniza a administração municipal de Montes Claros tem a sua força principal num novo tripé, formado por velhas forças políticas de centro-direita, que retomaram o cetro da administração em razão da falta de clareza política e da mais absoluta ausência de convicções por parte do prefeito municipal e do chamado “núcleo duro” que de fato dá rumo à sua administração.


 


                        Muitos desses “novos amigos” foram derrotados em 2004 pela ascenção do projeto popular que juntos elaboramos. Muitos deles, após a derrota sofrida, aproximaram-se das forças vencedoras com o claro intento de cooptá-las. Muitos chegaram no segundo turno da disputa, e foram bem-vindos para assegurar a vitória. Outros, no entanto, só se aproximaram da administração no “terceiro turno”, isto é, tentaram impedir a nossa vitória e depois cuidaram de sabotá-la por dentro. A derrota interna do projeto democrático-popular se deve, portanto, em primeiríssimo lugar, aos que comandam a administração sem interlocução com as forças que a levaram à vitória político-eleitoral. A atual administração cuida de realinhar-se com os adversários e de expurgar os aliados.


 


            Em razão de tudo isso, o Partido Comunista do Brasil de Montes Claros se declara em posição de independência em relação à administração municipal, dedicando-se, doravante, a dar a sua contribuição à construção de um novo projeto que seja, de fato e efetivamente, portador de verdadeiro sentido popular e democrático, que busque verdadeira interlocução com o movimento social, que se dedique a construir os canais e instrumentos para uma real participação popular nos destinos da cidade.


 


Montes Claros, 16 de abril de 2007.


 


O Comitê Municipal do PCdoB de Montes Claros