Conceição festeja escolha de Coutinho, “um dos nossos”

Por Vera Saavedra Durão e Raquel Salgado, no Valor Econômico*
A indicação de Luciano Coutinho para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi muito bem recebida por empresários, acadêmicos e economistas.

A economista Maria da Conceição Tavares recebeu com entusiasmo a notícia. “Estou satisfeita, ele é um dos nossos (desenvolvimentista)”. Para a economista, Coutinho é extremamente competente e diplomata, “capaz até mesmo de fazer com que o ministro (Miguel Jorge) diga que ele (Coutinho) foi escolha dele”. 



BNDES “tem que fazer andar o PAC”



Conceição acredita que o novo presidente do BNDES, por ser maduro e experiente, “pela maturidade e experiência”, certamente saberá evitar conflitos com o ministro do Desenvolvimento. Isto, aliás, já foi sinalizado pelos rituais civilizados que cercaram a indicação do economista e sua entronização no Planalto, comentou. “Ele saberá evitar aquela “guerra surda” que acontecia entre Lessa (Carlos) e Furlan, porque Lessa foi nomeado por cima. Eles (Lessa e Furlan) passaram o tempo inteiro aos trancos, o que foi muito ruim e fez muito mal ao Lessa”, disse. 



Para a economista, a indicação do Coutinho afasta a ameaça do banco vir a ser privatizado, caso voltasse a ser banco de investimento com um presidente ligado ao mercado financeiro. O BNDES, diz, tem que executar a diretriz de desenvolvimento do governo. “Tem que fazer andar o PAC”. Coutinho será capaz de fazer isto e, também, de conversar com os empresários, que andam insatisfeitos com o câmbio. Na sua opinião de economista renomada, sem baixar juro fica difícil fazer qualquer coisa. Mas, o presidente do BNDES, pela sua experiência, pode ajudar. Ela considera que a situação política no segundo mandato de Lula está muito complexa. “Estamos vivendo numa sociedade espatifada socialmente e, neste cenário, Lula é um brilho”. 



Maiores chances de sucesso



Cláudio Vaz, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), diz que Coutinho é uma autoridade em competitividade e desenvolvimento e assume o banco em melhores condições que seus antecessores, o que aumenta suas chances de sucesso. 



Na avaliação do empresário, o BNDES já vivenciou uma retomada importante nas gestões Guido Mantega e Demian Fiocca, após dois anos de inoperância. “Coutinho vai pegar o banco numa fase mais ativa, com uma dinâmica melhor e o papel do BNDES pode ser ainda melhor, porque ele vai suceder quem já fez uma boa gestão.” 



Para Belluzzo escolha foi “sábia”



O economista Luiz Gonzaga Belluzzo considera “sábia” a indicação. “Além de ser especialista na área, ele tem excelente relação com empresários do setor produtivo”, comenta. Belluzzo acredita, porém, que o BNDES precisa de uma postura mais ousada. “Fiocca fez um bom trabalho, mas agora é preciso pensar em novas formas de financiamento e facilitar o acesso de pequenas e médias empresas.” 



O diretor do BNDES, Antônio Barros de Castro, também elogia o novo presidente. “O Luciano Coutinho é um dos maiores economistas industriais do país. Isso é consensual. Ele já era candidato no início do governo Lula, tem o preparo, sem dúvida alguma. E tradição no ramo”, disse. 



O professor da Unicamp Mariano Laplane, que teve Coutinho como orientador, diz que ele conhece profundamente a indústria brasileira, os pontos fracos e os fortes dessa atividade e saberá aprofundar o desenvolvimento do país. Vaz acredita que Lula quer imprimir a marca do desenvolvimento nos próximos quatro anos e, para isso, “o BNDES é o instrumento mais importante”. Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e das Indústrias de Base (Abdib), diz que vê com otimismo o anúncio. “Coutinho tem uma boa experiência acadêmica e o trabalho feito na consultoria deu-lhe também experiência em avaliação de negócios.” 



* Intertítulos do Vermelho