Novo protesto contra a Emenda 3 pára mais uma vez Caxias do Sul
O movimento sindical de Caxias do Sul parou a cidade mais uma vez na manhã desta segunda-feira, 23/04, a exemplo do que havia ocorrido no dia 10. A paralisação da empresa de transporte coletivo, Visate, deixou mais de 150 mil pessoas sem ter como se di
Publicado 23/04/2007 23:59 | Editado 04/03/2020 17:12
O movimento contra a Emenda 3 ocorreu pacificamente. A alteração neste padrão ocorreu na empresa Suspensys, do grupo Randon, onde os sindicalistas foram impedidos, pela força policial, de realizar a assembléia na frente da empresa e os trabalhadores forçados a entrarem na fábrica. Os sindicalistas não aceitaram a truculência dos empresários e decidiram intensificar as ações nas empresas do grupo. O que era para ser apenas paralização de uma hora, se estendeu e radicalizou no grupo Randon. A ação dos sindicalistas, com apoio dos trabalhadores, fez com que empresas do grupo ficassem paradas durante o dia todo. A repressão se deu através da intervenção do batalhão de choque da BM.
Mobilização desde a madrugada
As Manifestações dos metalúrgicos tiveram início por volta das 5h da manhã em frente as principais empresas do setor. Em menos de uma hora, trabalhadores da Marcopolo (unidades Planalto, Ana Rech), Mundial, Metalcorte Motores e Agrale estavam parados.
Também por volta das 5h sindicalistas e ativistas sociais, em outra ponta de Caxias, pararam o transporte coletivo, com manifestação em frente à Viação Santa Tereza (Visate), que é a única empresa da transporte urbano da cidade. Também na Visate houve abuso por parte da polícia, o que gerou o retardamento da volta do funcionamento normal da frota. ''Nosso protesto era pra durar duas horas, mas diante da tentativa da patronal e da polícia de forçar o fim do movimento, resolvemos ampliá-lo'', disse o vice-presidente do sindicato dos rodoviários, Jorge Luiz Lima. Disse ainda que ''a paralisação foi muito boa e que a categoria que ele representa está consciente dos prejuízos que terá com a aprovação da Emenda 3''. Já para o coordenador da CUT Serra, Pedro Pozenato, a luta dos trabalhadores rodoviários é uma referência na cidade.
Segundo representantes da empresa, entre as 5h e 8h20 a manhã deixaram de circular mais de 278 ônibus, mais de 600 rodoviários ficaram parados e cerca de 150 mil pessoas sem transporte.
Após o término da paralisação na Visate, os sindicalistas e lideranças se dirigiram á Randon e junataram-se ao protesto dos metalúrgicos. Quem também reforçou a manifestação foram os trabalhadores da Mundial e Metalcorte Motores, que seguiram em caminhada pela BR 116, até se encontrarem com os demais. Durante o percurso os homens e mulheres indignados com a situação gritavam palavras de ordens contra as possíveis mudanças nas leis trabalhistas que retiram direitos históricos dos trabalhadores.
Manifestações na Randon seguiram até o final do dia
A empresa que teve interrompido grande parte dos setores durante todo o dia também teve de suportar a rejeição dos trabalhadores da noite, por volta das 17h, a direção do Sindicato permanecia vigilante aguardando mais uma troca de turno para que os funcionários do noturno também tivessem a oportunidade de manifestarem contra a Emenda 3. Já no início da assembléia conduzida pelo presidente do sindicato, os trabalhadores apoiaram as manifestações realizadas e a paralisação. Também ocorreu assembléia no final do dia na Marcopolo de Ana Rech.
Após um dia de manifestações, Comissão Sindical entrega pauta a empresários
Depois de um dia inteiro de manifestação e paralisação em vários setores da cidade de Caxias do Sul, o movimento sindical formou uma comissão e entregou uma pauta de reivindicações à Câmara de Indústria e Comércio (CIC), que representa os sindicatos patronais.
O documento entregue ao representante patronal contém reivindicações unitárias dos trabalhadores. É a ''Jornada pelo Desenvolvimento com Geração de Emprego, Valorização do Trabalho e Distribuição de Renda''. Consta no documento uma série de reivindicações, entre elas: 20% de aumento geral para todas as categorias, valorização do piso regional (em 19,86% como recomposição do poder de compra do piso regional e proporcionalidade do mínimo nacional), valorização do salário mínimo, contra a precarização do trabalho, contra a coibição das práticas anti-sindicais, garantia de direito irrestrito de greve, liberdade e organização no local de trabalho, e redução da jornada de trabalho sem redução do salário.
Conforme, Guiomar Vidor, presidente da Federação dos Comerciários do RS, a recuperação de salários é importante porque na década de 80 o salário representava 45% do Produto Interno Bruto (PIB), e atualmente representa 36%. “Isto significa um arrocho da massa salarial”, completa o líder sindical. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, a unidade do documento é importante porque os trabalhadores lutam para enfrentar os mesmos problemas.
A pauta foi recebida pelo diretor executivo da CIC, Victor Hugo Gauer, que prometeu fazer com que as reivindicações cheguem a todos os sindicatos patronais responsáveis pelas categorias representadas.
Assinaram o documento mais de 20 sindicatos: metalúrgicos, comerciários, rodoviários, bancários, servidores públicos, refeições coletivas, asseio e conservação, hoteleiros, saúde, vigilantes e os trabalhadores da alimentação entre outros.
De Caxias do Sul
Márcia Carvalho e Diva Andrade