CSC do Ceará rejeita falsa confraternização no Primeiro de Maio

A Corrente Sindical Classista encaminhou para CUT e os sindicatos filiados uma nota onde rejeita a confraternização entre trabalhadores e patrões nas comemorações do Primeiro de Maio convocado pela central sindical e anuncia sua retirada do ato.

A Corrente Sindical Classista do Ceará retirou-se do ato comemorativo ao Primeiro de Maio convocado pela CUT/Ce em protesto contra a transformação do ato numa confraternização entre trabalhadores e patrões. A CSC emitiu nota em que afirma que o “Primeiro de Maio é uma data internacional dos trabalhadores contra a exploração capitalista” e sendo assim não pode “ser transformado numa confraternização com representantes patronais, numa aparente aliança cima das contradições que nos separam”.


 



O evento foi discutido na direção estadual da CUT, com a presença dos diretores classistas, mas não ficou claro que teria a participação direta da FECOMERCIO, entidade que congrega os sindicatos patronais do comércio no Ceará. Entretanto ao longo da convocação ficou clara a presença dos patrões na atividade. E não faltou pudor aos empresários como ficou claro no artigo do presidente da FECOMÉRCIO, Luiz Gastão, publicado no jornal O POVO.No texto o empresário afirma: “estamos comemorando o Dia do Trabalho reunindo trabalhadores e empresários em uma vasta programação tendo como palco a Praça do Ferreira e o Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro (…) Essa simbólica e inédita atitude é uma prova da maturidade e do crescimento de instituições que têm consciência do seu verdadeiro papel na sociedade e uma demonstração da real compreensão da importância dessa efeméride”.


 



A CSC finaliza a nota afirmando que “proporá nos fóruns internos da CUT/Ce uma discussão sobre este episódio que destoa da luta dos trabalhadores e lança a falsa idéia de que entre nós e os patrões temos algo em comum a comemorar no Primeiro de Maio”.


 



Veja a íntegra da nota:


 



Nota Pública da Corrente Sindical Classista à CUT/Ce e aos sindicatos filiados


 


 


Há mais de 100 anos os trabalhadores transformaram o Primeiro de Maio numa data internacional de protestos contra a exploração capitalista e também de confraternização entre os trabalhadores. Ao longo da história ocupamos ruas e praças para exaltar vitórias e defender nossas bandeiras de luta.


 



O Brasil vive um momento inigualável de sua história quando um operário, formado nas lutas sindicais, ocupa pela primeira vez a Presidência da República. Tal situação permite o avanço de nossas luta  e o Primeiro de Maio deve ser a expressão de nossa unidade para enfrentar as tentativas dos patrões de nos retirar direitos. Ameaças como a Emenda 3, o PLP 01/07, a tentativa de limitação do direito de greve, as reformas previdenciária e trabalhista contrárias aos trabalhadores devem nos unir e mobilizar.


 



Neste sentido a Corrente Sindical Classista não concorda que a Dia Internacional dos Trabalhadores seja transformado em Fortaleza numa confraternização com representantes patronais, numa aparente aliança acima das contradições que nos separam.


 



Diante de tal situação os sindicalistas identificados com a Corrente Sindical Classista optam por não participar das atividades programadas para a Praça do Ferreira neste dia 1° de maio.


 


A Corrente Sindical Classista anuncia ainda que, na ocasião oportuna, proporá nos fóruns internos da CUT/Ce uma discussão sobre este episódio que destoa das lutas dos trabalhadores e lança a falsa idéia de que nós e os patrões temos algo em comum a comemorar no Primeiro de Maio. Desejamos promover um debate franco e fraterno, de modo a não permitir que as entidades dos trabalhadores baixem a guarda diante das lutas que estão sendo travadas e das muitas que virão no futuro.


 


Viva a luta dos trabalhadores!


 


Viva o Primeiro de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores!


 


Viva a unidade dos trabalhadores contra a exploração patronal!


 



Fortaleza, 1° de maio de 2007.


 


Corrente Sindical Classista


 



De Fortaleza, Inácio Carvalho