Em Rio Grande ocorreu tradicional homenagem aos mártires operários
O PCdoB de Rio Grande manteve a tradição neste 1º de maio e, novamente, prestou homenagem aos mártires de 1950. Lideranças comunistas e de trabalhadores colocaram flores no local onde Euclides Pinto, Honório Alves do Couto, Osvaldino Corrêa e Angelina Gon
Publicado 02/05/2007 23:16 | Editado 04/03/2020 17:12
O episódio ficou marcado na memória da cidade. Carregada de simbolismo foi a circunstância na qual sucumbiu Angelina: quando morta estava enrolada na bandeira nacional. Além dos quatro que perderam a vida, diversos manifestantes ficaram feridos em razão da repressão policial, entre eles o vereador comunista Antônio Rechia, que resultou paraplégico.
Para o presidente municipal do PCdoB local, João Pozenato, o ato procura exaltar a história de lutas do povo no município. “Estes mártires representam a luta popular em favor da liberdade, democracia e do socialismo”, disse. Ainda, segundo ele, a história tem demonstrado que foi só com a luta que os trabalhadores conquistaram seus direitos. “Hoje os direitos estão ameaçados pela emenda 3, por isso é importante que o dia dos trabalhadores seja, além de uma data festiva, mais um dia de mobilização por melhores condições de trabalho e de luta por uma sociedade mais justa: a sociedade socialista”, completou.
O que ocorreu na manifestação do Dia do Trabalhador de 1950, em Rio Grande:
No dia 1º de maio de 1950, várias organizações de trabalhadores festejaram a data com um churrasco. Após as comemorações e manifestos na tribuna livre, os trabalhadores saíram em passeata. A reivindicação principal era pela reabertura da União Operária (local de encontro dos sindicatos da época).
Ao entrarem na chamada “linha do parque”, foram surpreendidos por forte contingente policial (policiais militares, civis e cavalaria). Neste momento a força policial partiu para reprimir a manifestação, o primeiro a ser atingido foi justamente aquele que procurava ser o interlocutor dos manifestantes: o vereador Rechia.
A luta se acirrou de forma desigual: de um lado dezenas de trabalhadores, com bandeiras e faixas; de outro centenas de policiais pesadamente armados. Os trabalhadores não se intimidaram e procuraram resistir, mas ao final do confronto, que manchou com sangue, de forma indelével, a linha do parque, jaziam mortos. Restaram também muitos feridos e a imagem emblemática de Angelina Gonçalves que sucumbiu enrolada na Bandeira do Brasil.
Temendo a reação popular frente à chacina, as forças da repressão reforçaram a segurança nos prédios públicos e também no prédio da União Operária, além de proibirem reuniões e manifestações populares. Porém o povo rio-grandino desafiou a proibição e às ruas para prestar a última homenagem aos mártires operários, carregando seus caixões até o cemitério.
De Porto Alegre
Clomar Porto
com informações CM Rio Grande