Em Minas, Lula sugere “negociar” divergências com oposição
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve hoje em Minas Gerais, acompanhado do governador Aécio Neves (PSDB), para participar da abertura de uma feira agropecuária e inaugurar uma usina hidrelétrica. Mas o assunto que predominou foi mesmo o das rel
Publicado 03/05/2007 16:58
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (3), Lula disse estar convencido que a oposição é saudável e importante para o processo democrático, mas que isso não impede que as divergências sejam negociadas. “Tudo aquilo que estiver ao alcance do governo federal para flexibilizar a situação dos Estados, inclusive a capacidade de endividamento, nós vamos fazer”, afirmou Lula, ressaltando que ele, enquanto presidente, e os demais governadores têm responsabilidades administrativas.
Lula, que estava ao lado do governador mineiro Aécio Neves (PSDB) durante a entrevista, negou que a aproximação com a oposição tenha algum objetivo relacionado às eleições de 2010. “Em 2010 eu não sou candidato a nada. Tenho uma relação de amigo com o Aécio e quero manter esta relação”, declarou.
Questionado sobre a pauta de reivindicações apresentadas pelos governadores, na última reunião realizada em março, em Brasília, Lula afirmou que um novo encontro deve ser programado para final do mês de maio, quando será mostrado “o que foi possível acertar”.
O presidente disse, ainda, considerar normal que os governos estaduais reivindiquem “cada vez mais”, da mesma forma que os prefeitos para os respectivos governos estaduais e os munícipes para os prefeitos.
Por isso, ressaltou ele, o governo federal lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevendo investimentos de mais de R$ 500 bilhões. “Nós temos interesse de fazer coisas para os governos estaduais. E queremos que os governos estaduais tenham possibilidades de investimento”, disse.
Ao encerrar a entrevista coletiva, Lula emendou, em recado aos governadores: “Nós estamos no começo do mandato, mas os governadores vão ganhar nesta parceria que estamos fazendo”.
Aécio: ´somos amigos´
A exemplo do presidente, o governador mineiro Aécio Neves, também voltou a defender a aproximação dos governadores estaduais com o governo federal. “Independente de alianças e disputas futuras, o Brasil tem que superar essas atitudes absolutamente retrógradas, e eu diria quase tupiniquim”, afirmou.
Para o governador mineiro, as críticas que vem sendo feitas por alguns representantes do setor político, de que a oposição não deve conversar com o governo central, “não tem sentido em um País como o nosso”.
Aécio apontou ainda que as discussões em torno de uma agenda de País não significa se submeter a nada. “Só os fracos é que devem temer este tipo de conversa”, declarou. O governador mineiro garantiu também que o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que recentemente se encontrou com o presidente Lula, em Brasília, continuará tendo este tipo de conversa com o governo.
Para Aécio, a aproximação é considerada importante para avançar no reposicionamento dos Estados e municípios para novos investimentos. “Isso não significa abdicar de posições. O Brasil está suficientemente maduro para este tipo de conversa”, ressaltou.
E acrescentou, em seguida, reforçando o clima de amigo entre Lula e o governador mineiro: “Quando essa conversa é entre o presidente Lula e o Aécio, essa conversa é mais fácil, porque somos amigos”, concluiu.
O presidente Lula e o governador mineiro seguiram para um almoço numa fazenda próxima à Exposição Internacional de Gado Zebu 2007- Expozebu, onde participaram da cerimônia de abertura. Depois, Lula e Aécio seguem para Uberlândia onde participam da inauguração de uma Usina Hidrelétrica.
FHC mandou recado a Aécio
No final de abril, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu uma entrevista a uma rede de televisão a um jornal de Minas, e afirmou que, enquanto presidiu o país (entre 1994 e 2002), não teve sinalização do PT para nem mesmo um ensaio de aproximação.
Por causa disso, não vê com bons olhos a estreita relação entre líderes tucanos. Integrante da ala que alia a defesa à permanência no ninho – com duras críticas embaixo da asa, dispersadas nos vôos –, FHC avaliou em entrevista ao jornal O Tempo aspectos regionais do PSDB.
Ainda aproveitou o espaço em um veículo no território de Aécio Neves para mandar um recado ao governador mineiro: “Não há a menor possibilidade de ele (Aécio) deixar o PSDB. Ele é homem de lealdades, sabe que tem boas oportunidades no PSDB e, se por acaso, não vier a ser o indicado (para disputar a Presidência da República pela legenda em 2010), serrará fileiras com seu partido.”
Da redação,
com agências