Osmar Júnior (PCdoB-PI): base tem que evitar embate na CPI

Para o deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI – foto), membro titular da CPI dos Aeroportos, uma das principais atribuições da base aliada, é impedir que a oposição repita a manobra de transformar a Comissão em palco de embate político. A CPI dos Aeropor

''O que nós queremos evitar é que tenha outra CPI do Fim do Mundo, que também foi instaurada por decisão judicial, se transformou em palco para ação política da oposição em um período pré-eleitoral e não trouxe nenhuma consequência positiva para o País'', afirmou o parlamentar.



Ele destaca que ''a Operação Furacão demonstra isso, por que a atuação fundada na ilegalidade no campo do jogo, dos bingos, continuou sem nenhuma alteração'', acrescentando que ''a Polícia Federal fez o que a CPI não fez por que fugiu do foco da investigação''.



Para Osmar Júnior, esse era o principal motivo da resistência do governo à abertura da CPI. E que se mantém com relação à proposta de abertura de outra CPI dos Aeroportos no Senado. ''Se isso de fato acontecer, é uma demonstração que a oposição não quer esclarecer fatos, quer fazer política''.



A base aliada, que terá maioria dos membros – 16 dos 24 membros – terá dupla incumbência, segundo Osmar Júnior. Trabalhar para que a CPI trate do setor aéreo e não permitir que as investigações contaminem o ambiente político e comprometam a administração do segundo governo Lula, sobretudo a implementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).



Colocar o foco



''Nós, da base do governo, temos a responsabilidade de colocar o foco nas investigações'', enfatiza o parlamentar. ''Nós queremos é esclarecer os aspectos que tem criado problemas no controle do espaço aéreo e na operação do sistema de transporte aeroviário'', diz, dividindo a questão em dois aspectos  – do controle do tráfego aéreo quanto à segurança e do setor aeroportuário para garantir tranquilidade no embarque e desembarque.



Na opinião do deputado comunista, ''essas questões poderiam ser alcançadas sem CPI por que a apresentação do requerimento que originou a CPI não especificou com clareza o fato determinado que deve ser investigado'', alertando, mais uma vez, para a tentativa da oposição de ''encontrar ambiente para fazer a sua política, sobretudo de desgaste do governo''.



Apesar disso, Osmar Júnior avalia que ''se a oposição se mantiver dividida e parcela dela soma conosco no sentido de que se esclareça os aspectos da crise, vai ser mais fácil, a CPI vai andar muito mais rápido e poderemos atingiu objetivo positivo''.


Enquanto o Democratas (ex-PFL) acena com a possibilidade de investigar a Infraero, na expectativa de encontrar superfaturamento e desvio de recursos para o caixa 2 eleitoral de setores do PT, os tucanos se propõem a ir fundo nas causas do acidente da Gol, que matou 154 no ano passado, e do caos que se instalou no sistema de tráfego aéreo desde então.



Dois aspectos



Para a base aliada, segundo Osmar Júnior, a crise do setor aéreo tem duas partes que precisam ser avaliadas. A primeira, que diz respeito a segurança nacional, e que foi negligenciado nos últimos anos; e a segunda, da aviação comercial, que precisa de investimentos para acompanhar o crescimento que o setor registrou nos últimos tempos.



''O controle do espaço aéreo é grande responsabilidade do governo brasileiro'', diz ele, destacando que ''vamos tratar do assunto respeitando o interesse nacional. Não vamos expor uma situação que cause prejuízo ao Brasil''.



No tocante à aviação comercial, o parlamentar, que tem acompanhado a questão desde que assumiu o mandato no início do ano, explica que o transporte de passageiros no Brasil tem crescido a uma taxa que supera os 10% ao ano. ''Esse crescimento precisa ser acompanhado  de investimentos em infraestrutura aeroportuária e do sistema de controle de tráfego aéreo.



No primeiro governo do Presidente Lula houve grande investimento nos aeroportos – com destaque para o Aeroporto de Congonhas em São Paulo -, mas a maior parte dos aeroportos recebeu investimentos. ''Mas é preciso saber o que precisa ser feito a mais por que está demonstrado que precisa ser feito muito mais'', avalia.



Osmar Júnior atribui a escolha do seu nome para compor a CPI o fato de ter estado envolvido com as questões do setor aéreo desde que assumiu o mandato de deputado. Uma das primeiras ações como deputado foi uma visita a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) para se inteirar dos problemas no transporte aéreo.



''A minha motivação foi a situação de Teresina – que apresentava cancelamento de vôos, problemas na operação do sistema de controle de pouso e decolagem. A partir daí tive contato maior com o problema'', disse.



De Brasília
Márcia Xavier