Estudantes ocupam há 24 horas a reitoria da USP contra Serra

Por Carla Santos
Na tarde desta quinta-feira (3) cerca de 400 estudantes ocuparam a reitoria da Universidade de São Paulo (USP), localizada do campus Butantã na capital, em retaliação a ausência da reitora, Suely Vilela, e do vice-reitor, Franco M. Laj

Era para ser apenas mais uma das tantas assembléias que estão acontecendo por todo os estado nas universidades estaduais paulistas (Universidade de Campinas – Unicamp, Universidade Estadual Paulista –Unesp, Escolas Técnicas Estaduais do Centro Paula Souza – ETES, e USP) desde que o governador Serra baixou seis decretos normativos para o ensino superior no estado de SP.


 


No entanto, a ausência de representação da reitoria motivou uma indignação que levou os estudantes a seguirem em passeata, portando uma carta redigida de improviso, que deveria de ser entregue ao vice-reitor, já que a reitora se encontra em viagem pela Espanha. Ao chegarem no local, instantaneamente protegido pela guarda universitária, Lajolo não recebeu os estudantes que de pronto derrubaram a porta central da reitoria e ocuparam o gabinete de Vilela.


 


Reivindicações


 


Após a ocupação o vice-reitor aceitou receber os estudantes na manhã desta sexta-feira (4). Uma comissão formada por lideranças das mais diversas matizes ideológicas e cursos apresentou 13 reivindicações a Lajolo. Entre elas:


 


1. Que a reitoria se posicione publicamente perante os decretos de Serra acerca da Educação no Estado.


 


2. Que a reitoria atenda as necessidades de moradia estudantil (por um projeto de longo prazo para as moradias estudantis nos campi do interior e capital da universidade, por 594 novas vagas no Condomínio Residencial Universitário da USP (CRUSP) e por melhorias da moradia dos alojados no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp)).


 


3. Pelo fim das vagas dos professores aposentados e/ou desligados da USP. Por mais professores contratados de acordo com a demanda específica de cada unidade.


 


4. Pelo imediato início da reforma na infra-estrutura da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Instituto de Matemática e Estatística (IME) e da Faculdade de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Fofito).


 


5. Realização de um Conselho Universitário (CO) aberto que paute os decretos do governador.


 


6. Por uma audiência pública com a reitoria onde sejam discutidos os decretos e seja expressa publicamente sua posição frente a eles. Tal posição deve ser expressa em jornais e mídias de grande alcance, posto que dizem respeito diretamente à sociedade brasileira.


 


Na negociação realizada pela manhã não foi possível chegar a um acordo. Á tarde os estudantes realizaram nova assembléia, voltando a se reunir com Lajolo por volta das 16 horas. O vice-reitor prometeu avaliar as reivindicações e uma nova rodada de negociações está marcada para a manhã deste sábado (6).


 


Os decretos


 


Ao todo foram seis decretos baixados desde o dia 1º de janeiro de 2007. O primeiro fragmentou a área educacional nas diversas secretarias do estado. O segundo desassociou o tripé ensino, pesquisa e extensão da universidade, privilegiando a pesquisa “operacional” no lugar da básica. O terceiro veda, por tempo indeterminado, a contratação de mais professores e funcionários. O quarto organiza a Secretaria de Ensino Superior, também criada por decreto. O quinto obriga as universidades a ingressarem no Siafem/SP. O sexto, e último, estabelece a composição da Comissão de Política Salarial (CPS).


 


Diante dos decretos a possibilidade de greves por tempo indeterminado pipocaram pelo estado é grande. A Associação dos Professores da Rede Oficial de Ensino de São Paulo (Apeoesp) que se encontrava em estado de greve realizou uma assembléia com cerca de 8 mil pessoas na tarde desta sexta-feira (4) que determinou o fim da paralisação. O governo recuou e parte das reivindicações da categoria foi aceita. Porém, Carlos Ramiro de Castro (Carlão), presidente da entidade, afirmou que novas paralisações não estão descartadas. “Nós aprovamos a continuidade da luta, mas agora em estado de vigília permanente”, disse Carlão.


 


No próximo dia 10 a comunidade acadêmica (professores, funcionários e estudantes) das universidades estaduais paulistas paralisará suas atividades contra os decretos. “É possível que façamos greve por tempo indeterminado a partir do dia 12”, declarou João Alex Carneiro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, mas adianta, “que uma posição definitiva de greve ou não só se dará com ampla mobilização e levando em conta os acontecimentos que podem se dar com a ocupação da reitoria”.


 


No dia 10 a Apeoesp se somará as atividades das entidades de professores, estudantes das e funcionários das universidades em frente a Assembléia Legislativa do estado.