Meirelles ''jogou a toalha'': dólar abaixo de R$ 2,00

Para especialistas, o Banco Central  ''jogou a toalha'' no esforço para evitar a supervalorização do real. Nesta terça-feira (15), a moeda americana caiu 1,29%, e fechou a R$ 1,9830. E o BC, que vinha comprando pesadamente, principalmente quando a co

Há cinco dias úteis parou de comprar dólar no mercado futuro, por meio do ''swap reverso''.  Como resultado, pela primeira vez desde 15 de fevereiro de 2001 o dólar fechou cotado abaixo da barreira dos R$ 2,00.



Banco mudou de postura



O dia 3 de junho é emblemático da mudança de postura do Banco: quando o dólar bateu em R$ 2,008 naquela manhã, o BC comprou nada menos do que US$ 3,152 bilhões no mercado futuro e mais US$ 1 bilhão no mercado à vista, segurando a cotação em R$ 2,0280. No ano, o mercado estima que o BC comprou cerca de US$ 42,7 bilhões à vista e emitiu US$ 7 bilhões líquidos em ''swaps reversos''. 



Os analistas têm dúvidas sobre quais seriam as razões para o BC ter permitido que o dólar caia abaixo da barreira psicológica de R$ 2,00. Há também controvérsias se a intervenção menor no mercado será um padrão daqui para frente. Mas todos são unânimes em apostar que, se o BC continuar atuando pouco, o mercado partirá para cima e o dólar pode bater, no curto prazo, um nível estimado entre R$ 1,90 e R$ 1,85. Isso significa uma queda de 4,2% a 6,7%.



O discurso oficial do BC



Segundo o discurso oficial do BC, o rompimento da barreira dos R$ 2,00 desfaz mais uma vez um mito recorrente, de que a autoridade monetária defende um nível mínimo para o câmbio. As intervenções pesadas são apenas para conter a volatilidade na taxa, argumentam os diretores do Banco. É a visão ortodoxa de que, como dizia o ex-ministro Antonio Palocci, ''o problema do câmbio flutuante é que ele flutua''.
Os investidores não esperam mudanças nesta tendência do câmbio. A avaliação unânime é que a tendência de queda do dólar deve continuar, ainda que com ajustes pontuais.



A desvalorização do dólar é um problema complexo, que não se restringe ao Brasil e possui diferentes causas, inclusive estruturais. Porém, como a moeda americana serve de parâmetro para a maior parte dos intercâmbios internacionais, a contínua valorização do real tornou-se um entrave à aceleração do crescimento econômico prometida pelo segundo governo Lula. Ela arrefece o esforço de exportador, enquanto prejudica os produtores brasileiros face à concorrência de importados.



Quanto às causas da supervalorização do real, observadores apontam a taxa de juros, em queda homeopática mas ainda excessiva. Afirmam que, enquanto a taxa de juros permanecer nos patamares fixados pelo Copom do Banco Central, é inevitável o avanço para posições vendidas em dólar.


 


Com informações do Valor Econômico e agências