FMI admite ineficiência nos conselhos sobre política cambial

O FMI (Fundo Monetário Internacional) ''simplesmente não foi tão eficiente quanto necessário em suas análises e aconselhamentos'' sobre política cambial e em seu diálogo com as autoridades dos países membros no período de 1999 a 2005. A afirmação consta e

A partir da pesquisa, o IEO identificou ''uma necessidade de revalidar o propósito fundamental do vigilância das taxas cambiais feita pelo FMI e, assim, esclarecer os papéis que se espera que o Fundo e os países-membros desempenhem''.



O documento foi feito com base na revisão dos dois últimos relatórios do FMI sobre cada um de seus países-membros no período até 2005, na análise dos conselhos oferecidos pelo Fundo a um grupo de 30 países-membros e em entrevistas com autoridades de cada país e representantes do próprio Fundo. O IEO considerou ainda dois levantamentos entre bancos centrais e ministérios das áreas econômicas de cada país.




Diante das críticas, o FMI declarou que, ''como o documento não aborda iniciativas específicas na área [de aconselhamento sobre política cambial] que foram lançadas desde 2005, sua aplicabilidade fica um pouco reduzida''. O Fundo considera ainda que as conclusões do IEO ''não estão completamente apoiadas em provas''.



Orientação baseada em modismos
O informe, ainda em críticas às políticas de aconselhamento do Fundo e suas implementações, diz que ''a ausência de suporte para análise de regimes [econômicos] deu sustentação para as críticas de que a orientação do FMI, por vezes, estava mais baseada em 'modas' do que adequado para circunstâncias específicas dos países'', acrescenta.



Em outro item do relatório, a consultoria critica a forma como o Fundo agiu durante mudanças na economia dos países sob intervenção, em períodos, por exemplo, em que ocorre entradas de grandes fluxos de capitais.



''Permitir uma apreciação nominal [da moeda local] pode facilitar o controle monetário [da inflação], mas pode afetar negativamente o desempenho das exportações e o crescimento [econômico]''. De acordo com o IEO, ''uma atenção insuficiente foi dada a essa questão''.



O exemplo brasileiro
Em 2003, o IEO elaborou um relatório em que reconheceu que cometeu erros e avaliações equivocadas no acompanhamento da crise cambial brasileira em 1998-99, mas atribuiu parte da responsabilidade ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.



Segundo o relatório divulgado à época, o governo brasileiro manteve políticas fiscais e monetárias ''frouxas'' entre o lançamento do Plano Real e a desvalorização cambial e não pressionou o Congresso pelas reformas necessárias – previdenciária e tributária.



A crise cambial no Brasil à época foi precedida de fenômenos semelhantes na Indonésia (1997-98) e da Coréia do Sul (1997-98). Em janeiro de 1999, o Brasil abandonou o regime cambial que vigorava desde o início do Plano Real (julho de 1994) e e a moeda registrou uma queda de 40% em relação ao dólar.



Recomendações
Entre as recomendações do IEO está a de que são necessárias mudanças nas estruturas de incentivos aos países-membros e mais abertura por parte da diretoria do Fundo para ''retirar lições das críticas feitas pelas autoridades e por parte da equipe do FMI sobre como o trabalho do Fundo pode ser melhorado''.



O diálogo do Fundo com as autoridades dos países a que aconselhou também não foi eficiente, diz o texto. A solução ''envolve ouvir com mais atenção os pontos de vista das autoridades de cada país''.



Da redação, com informações da Folha Online