Salário mínimo: Estranha preocupação da oposição com trabalhadores

A Câmara aprovou a Medida Provisória que reajusta o salário mínimo de R$350 para R$380, com efeitos a partir de 1º de abril, após intensa negociação entre governo e oposição na noite desta quarta-feira (16). Pelo acordo de líderes, foi adiado para a pr

Wagner Gomes, vice-presidente da CUT, ironizou a atitude da oposição que se mostrou contrário a política permanente de salário mínimo. ''Eu estranho a preocupação dos tucanos e ex-pefelistas com os trabalhadores. É mais uma disputa política do que real interesse de defender trabalhador'', disse o líder sindical, lembrando que com a medida, o trabalhador terá uma garantia de reposição e pode brigar por mais, ''por isso concordamos com a proposta'', afirmou.



Wagner Gomes explicou que ''a política permanente dá um mínimo de garantias de reposição do salário – tem que compreender que é o piso'', enfatiza. Segundo ele ainda, ''o acordo não impede que as centrais façam campanha e que a discussão passe pelo Parlamento'', mas considera ''um avanço em se tratando de certa reposição automática independente da mobilização''.



Vida digna



''A proposta votada ontem foi fruto de acordo feito entre governo e centrais sindicais, a partir de muita mobilização, tanto no reajuste quanto na política permanente'', destaca Gomes. Mesmo assim, o movimento sindical não considera que  RS380,00 sejam suficientes. ''A nossa busca é pelo salário mínimo que dê condições de vida digna aos trabalhadores, por isso a nossa luta para que o país possa desenvolver e distribuir renda'', diz Gomes, ressaltando que ''o salário mínimo é a principal instrumento de distribuição de renda''.



Ele acredita que nas negociações dentro do próprio Parlamento será possível aprovar a proposta de política permanente para o salário mínimo. Mesmo assim, as centrais sindicais já estão se articulação para empreender uma nova movimentação para garantir a aprovação da matéria na próxima semana.



Manobras da oposição



A MP do salário mínimo recebeu parecer favorável do relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), que rejeitou as 19 emendas – inclusive a do PPS que queria aumentar o mínimo acima de R$380,00 – para R$420,00.



O Plenário rejeitou também outro destaque do PPS que estendia a correção do mínimo (8,57%) aos aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência Social. Esse foi um dos principais pontos do debate.



O outro foi a tentativa do relator de incluir, no texto da MP, o conteúdo do Projeto de Lei de uma das medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que é exatamente a política permanente de reajuste do salário mínimo até 2011. A matéria tramita em caráter conclusivo e já foi aprovado em comissão especial.



A iniciativa do relator foi contestada pela oposição, que ameaçou obstruir a votação da MP. O impasse levou o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a sugerir uma reunião entre os líderes. Depois de mais de uma hora, ficou acertado que o relator restabeleceria o texto original da MP, deixando para a próxima terça-feira a votação do projeto.



Os oposicionistas criticaram o governo pelo reajuste de R$30 no mínimo, que segundo eles está longe da promessa de campanha do presidente Lula de dobrar o valor do piso nacional no seu mandato.



Já a base aliada rebateu as críticas e defendeu a política de reajustes do governo. ''É o maior valor do salário mínimo da história. É o tamanho possível acertado com aqueles que representam os trabalhadores do Brasil – as centrais sindicais'', disse o deputado Vicentinho (PT-SP).



De Brasília
Márcia Xavier
Com Agência Câmara