'Sofro prejulgamento horrível', diz Silas Rondeau

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse que enfrenta um prejulgamento “horrível”, diante das suspeitas da Polícia Federal de que estaria envolvido no esquema de fraudes em licitações de obras públicas para beneficiar a empreiteira Gautama.<

Segundo a PF, ele teria recebido R$ 100 mil de propina em troca do favorecimento da construtora Gautama em uma licitação.



 


“Eu não posso aceitar isso. Tenho toda uma história e uma biografia a zelar, que estão acima do cargo e acima de tudo”, afirmou o ministro em entrevista, em Assunção, Paraguai, onde integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar da inauguração de duas unidades geradoras de energia da hidrelétrica de Itaipu.


 


“Me causa indignação, porque esse prejulgamento é uma coisa horrível. Acho isso um processo extremamente nocivo e cabe à Justiça confirmar e esclarecer”.


 


Nesta segunda, Rondeau teve um encontro de meia hora com o presidente Lula, para discutir o seu futuro político.


 


O ministro, porém, evitou comentar os próximos passos que pretende tomar. Ele observou que está fora do Brasil e que poderá tratar melhor do assunto quando retornar.


 


Mas no final do dia, Silas Rondeau voltou a se pronunciar e disse que “se houve incúria, os responsáveis serão punidos”.


 


“As acusações são gravíssimas no processo como um todo. Precisam ser apuradas. Nós não podemos deixar a sociedade sem essa resposta”, reforçou. O ministro afirmou também que determinou a abertura de uma auditoria especial e processo administrativo disciplinar.



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O senador José Sarney (PMDB-AL), um dos principais articuladores da ida de Silas Rondeau para o Ministério de Minas e Energia, defendeu nesta segunda-feira que o ministro deixe o cargo. Segundo especulações da imprensa, Sarney teria dito a interlocutores que seria melhor o ministro se licenciar para provar sua inocência.


 



O senador não acredita no envolvimento de Rondeau no esquema de fraudes comandado pela Gautama. A interlocutores, Sarney disse ser favorável à apuração rigorosa do suposto envolvimento do ministro no caso e lembrou que Rondeau sempre teve uma conduta “ilibada e honesta” em sua vida pública. O senador também cobrou cautela no episódio uma vez que as investigações sobre o suposto envolvimento do ministro não foram concluídas pela Polícia Federal.


 



Mais cedo, o ministro Tarso Genro (Justiça) disse que não há qualquer comprovação da Polícia Federal sobre o suposto envolvimento do ministro com o esquema de fraudes em licitações públicas promovido pela empresa Gautama. Tarso admitiu, no entanto, que os R$ 100 mil da empresa chegaram ao ministério para facilitar a licitação de obras. “No inquérito, você vai ver que a PF diz que não há nenhuma prova física de entrega [de propina da Gautama] e comprometimento presencial do ministro Silas”, disse Tarso.


 


Assim como Sarney, o vice-presidente José Alencar também pediu hoje cautela nas acusações que pesam sobre o ministro. “Ali não há nada de condenação, há acusação. Ele já se defendeu no Paraguai e disse que gostaria de ser investigado além de fazer sua defesa na Justiça. Vocês sabem o quanto considero essas coisas erradas [fraudes]. Mas não posso condenar uma pessoa com indícios”, disse Alencar.


 


Da redação,
com agências