Chávez quer que Bento XVI reconheça “genocídio indígena”

Em um de seus habituais discursos transmitidos por rádio e televisão, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, escolheu o papa como alvo de seus ataques. O líder venezuelano pediu a Bento XVI que peça desculpas aos povos indígenas da América por ter afirma


“Como chefe de Estado, rogo a Sua Santidade que se desculpe. Não entendo como pôde afirmar que a evangelização não foi imposta, se chegaram aqui com arcabuzes e entraram a sangue, chumbo e fogo. Ainda estão quentes os ossos dos mártires indígenas nestas terras”, afirmou o presidente durante um longo discurso transmitido por rádio e televisão na noite de sexta-feira. Chávez retoma críticas que fez nos últimos anos contra o período da conquista e os séculos de colonização espanhola.



A posição de Chávez sobre esse tema não é nova. De fato, sob seu governo foi alterada a interpretação oficial do 12 de outubro, que deixou de ser o Dia do Descobrimento ou Dia da Raça, como era chamado, e passou a ser o Dia da Resistência Indígena.



“Está equivocado, Sua Santidade está equivocado, digo com respeito. Cristo não chegou aqui com Colombo, quem chegou foi o Anticristo. O Holocausto indígena foi pior que o Holocausto da Segunda Guerra Mundial, e nem o papa nem ninguém pode negar isso”, enfatizou o presidente venezuelano.



Acrescentou que com atitudes como a assumida pelo pontífice é compreensível que a Igreja Católica esteja perdendo terreno diante de outras religiões na América Latina, especialmente as evangélicas. Exatamente a necessidade de reforçar o catolicismo na América Latina foi um dos motivos que levou Bento XVI ao Brasil, em sua primeira visita à região.



Antes de Chávez expressar sua opinião, a ministra de Assuntos Indígenas, Nicia Maldonado, pertencente à etnia yekuana, assentada na selva amazônica, já havia feito o mesmo. O presidente venezuelano, que tinha mantido o silêncio durante mais de uma semana, fato incomum, reapareceu na última sexta-feira (18) durante um encontro organizado pela televisão internacional Telesur. No discurso, que se estendeu por mais de três horas, fez vários anúncios que eram esperados, como a designação de um novo ministro da Saúde, cargo que coube ao coronel aposentado Jesús Mantilla.



Fonte: El País