Rondeau pede demissão “irreversível”; Sarney faz o anúncio

O ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, entregou sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reuniu nesta terça-feira (22). “Ele me disse que entregou a carta para deixar o cargo de maneira irrevogável”, afirmou o sen

A assessoria de Rondeau havia informado que ele daria uma entrevista à imprensa após o encontro com Lula. No entanto, a coletiva foi cancelada, enquanto se espera a divulgação de uma nota ainda nesta terça-feira.



Fitas são do serviço de segurança do ministério



Silas Rondeau é apontado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, como receptor de uma propina de R$ 100 mil, supostamente paga pela construtora Gautama, acusada pela PF de coordenar um esquema destinado a fraudar licitações. A PF tem gravações telefônicas e fitas de vídeo que comprovariam a acusação.



As fitas foram gravadas por câmeras do serviço de segurança do Ministério de Minas e Energia. Mostram uma funcionária da Gautama, Fátima Palmeira, entrando no ministério pelo elevador privativo no dia 13 de março. Ela carrega um envelope de cor parda, no qual a PF acredita que estavam R$ 100 mil. O dinheiro teria sido entregue a Ivo Almeida Costa, assessor especial do Ministério e uma das 46 pessoas presas na quinta-feira, quando a Operação Navalha foi deflagrada.



Ivo Costa prestou depoimento nesta terça-feira à ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, durante cerca de uma hora. Após depor, teve a prisão revogada pela ministra.


 


Sarney: “Ele é correto e decente”



O ministro nega ter recebido propina, embora tenha decidido responder à acusação fora do governo. Ele argumenta que foi o responsável pela entrada da Polícia Federal nos gabinetes do Ministério, tão logo tomou conhecimento das investigações das PF, a quem diz ter fornecido vários documentos.



“Acho correto porque ele é correto e decente e tem o dever de deixar o presidente Lula numa situação confortável”, afirmou  Sarney. Segundo informou a jornalista Cristiana Lôbo, da Globo News, o senador já apresentou nomes para suceder Rondeau.



Antes de se reunir com o ministro demissionário, Lula esteve com Sarney e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que também bancou a participação de  Rondeau nas Minas e Energia.



O ministro demissionário, maranhense como Sarney, assumiu a pasta das Minas e Energia em 2005, quando Dilma Roussef foi promovida a titular da Casa Civil. É visto como um técnico, mas fazia parte da cota de ministros indicados pelo PMDB na reforma partidária deste ano.



Para Lula, PF deve “ir fundo, doa a quem doer”



A saída de Rondeau foi confirmada pelo governo federal por meio de nota à imprensa do Ministério de Minas e Energia. Na reunião do ministro demissionário com o presidente Lula, no Palácio do Planalto,  participaram também os titulares da Justiça, Tarso Genro, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. Chegou a ser cogitado, segundo observadores, um afastamento temporário, durante a investigação, hipótese desmentida pelo anúncio feito por Sarney.



Horas antes da reunião com Rondeau, Lula fez mais uma defesa da atuação da Polícia Federal. “As investigações têm que ir fundo, doa a quem doer”, disse Lula aos ministros da coordenação, segundo uma fonte oficial do Palácio do Planalto citada pela agência Reuters.



Da redação, com agências