Operação Navalha: Renan e Sarney reúnem-se com o ex-ministro

O ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, que se demitiu na noite anterior, reuniu-se nesta quarta-feira (23) com os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP). Integrantes da ala pró-Lula do PMDB, em contraste com os “neolulistas”, mais fort

A reunião teve início na hora do almoço, na residência oficial do presidente do Senado, no Lago Sul, cargo ocupado por Renan. Silas Rondeau demitiu-se após ver seu nome envolvido nas investigações da Operação Navalha da Polícia Federal. Segundo a PF, ele teria recebido R$ 100 mil da empreiteira Gautama, de Zuleido Veras, apresentado como o pivô da organização criminosa destinada a fraudar obras públicas.



Carta de demissão: “Descabidas inverdades”



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou ontem mesmo a demissão. Desde a véspera, o senador Sarney, conterrâneo e principal padrinho político de Rondeau, aconselhara o seu afastamento. Coube a Sarney anunciar a demissão, reiterando que considera o ministro demissionário “correto e decente”.



Na carta de demissão, Silas Rondeau afirma que a situação criada “caracteriza descabidas e injustas inverdades que impõem a mim, neste momento, dedicar-me inteiramente a defender minha honra e a minha história de vida, jamais questionadas”.



A acusação feita ao ex-ministro parte dos vídeos das câmeras do serviço de segurança do Ministério de Minas e Energia. As imagens mostram uma funcionária da Gautama, Fátima Palmeira, entrando no ministério pelo elevador privativo no dia 13 de março, levando um envelope no qual a PF acredita que estavam R$ 100 mil, de propina. O dinheiro teria sido entregue a Ivo Almeida Costa, assessor especial do ministério e uma das 46 pessoas presas na quinta-feira, quando a Operação Navalha foi deflagrada.



Dos presos de quinta-feira, 21 foram soltos



Ivo Costa prestou depoimento nesta terça-feira à ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, durante cerca de uma hora. Após depor, teve a prisão revogada pela ministra. Até a noite desta terça-feira, tinham sido soltos 21 dos 46 presos pela Operação navalha na quinta-feira (17). Veja quem são:



1) José Ivan de Carvalho Paixão (ex-deputado federal do PPS-SE)
2) José Reinaldo Carneiro Tavares (ex-governador do Maranhão)
3) Roberto Figueiredo Guimarães (presidente do BRB (Banco de Brasília)
4) Flávio Conceição de Oliveira Neto (conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe)
5) Ney Barros Bello (secretário de Infra-estrutura do Maranhão)
6) João Alves Neto (filho do ex-governador de Sergipe João Alves Filho, do DEM);
7) Geraldo Magela Fernandes da Rocha (ex-assessor do governo do Maranhão);
8) Jair Pessine (ex-secretário municipal de Sinop, em MT)
9) Nilson Aparecido Leitão (prefeito de Sinop, do PSDB)
10) Ernani Soares Gomes Filho (servidor do Planejamento cedido à Câmara dos Deputados)
11) Zaqueu de Oliveira Filho (apontado como servidor público de Camaçari, mas a Prefeitura nega)
12) Flávio José Pin (superintendente de Produtos de Repasses da Caixa Econômica Federal)
13) Adeilson Teixeira Bezerra (secretário de Infra-estrutura de Alagoas)
14) Denisson de Luna Tenório (subsecretário de infra-estrutura de Alagoas)
15) Enéas de Alencastro Neto (representante do governo de Alagoas em Brasília)
16) José Vieira Crispin (diretor de Obras da Secretaria de Infra-Estrutura de Alagoas)
17) Márcio Fidelson Menezes (ex-secretário de Infra-estrutura de Alagoas)
18) José Edson Vasconcelos Fontenelle (empresário)
19) Adão Pirajara Amador Farias (ex-chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura na gestão do deputado distrital Pedro Passos, do PMDB)
20) José de Ribamar Ribeiro Hortegal (servidor da Secretaria de Infra-Estrutura do Maranhão)
21) Ivo Almeida Costa (assessor especial do gabinete do então ministro Silas Rondeau (Minas e Energia).



Da redação, com agências



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