Reestruturação do Banco do Brasil divide direção e servidores

Ao propor a realização de audiência pública, nesta quarta-feira (23), para discutir o projeto de reestruturação do Banco do Brasil, o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) tem como objetivo ''ver quais as medidas adotar para contribuir no sentido de que o

Na reunião, realizada pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, os bancários reclamaram, entre outros pontos, da extinção de 4.284 caixas e 602 postos de trabalho nas agências de todo o País. O diretor de Estratégia e Organização do Banco do Brasil, Glauco Cavalcante Lima, afirmou que o objetivo do plano é ''buscar eficiência operacional''.



Os deputados querem esclarecer as medidas para reestruturação que envolvem cortes de custos administrativos, centralização de atividades, incentivos à demissão voluntária, antecipação de aposentadorias e terceirização de mão-de-obra.



Automatização



Glauco Cavalcante Lima justificou a extinção de 4.284 caixas explicando que 82% das transações feitas no Banco do Brasil são automatizadas. Já o representante da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, Marcel Barros, afirmou que a medida vai prejudicar especialmente os clientes de baixa renda. ''Os clientes abaixo de R$2 mil não são mais bem-vindos ao Banco do Brasil'', queixou-se.



Lima explicou que os servidores que exerciam a função de caixa serão transferidos para a assistência de negócios. De acordo o executivo, os trabalhadores vão receber salários maiores nos novos cargos e o banco vai prestar atendimento mais personalizado a seus clientes.



O representante dos bancários rebateu que a mudança vai fraudar o direito dos trabalhadores. De acordo com Barros, enquanto os caixas-executivos trabalham seis horas por dia, o assistente de negócios trabalhará oito. ''É uma fraude à jornada de trabalho. Com essa gestão temerária, o banco está criando um passivo trabalhista.''



Maior patrimônio



O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) critica a direção do banco que anunciou e já implementou o projeto de reestruturação do banco sem consultar e sem dialogar com os segmentos interessados, principalmente os trabalhadores. ''São propostas que mexem com a vida dos bancários. Por isso não poderia ser anunciada, posta em prática, sem consultar os bancários'', afirmou.



O parlamentar avalia que ''os bancários sempre foram os principais defensores da instituição, parceiros do banco, nunca foram inimigos do crescimento e fortalecimento do banco, muito pelo contrário, quando políticas de governo ou gestores agrediram o banco, os servidores sempre foram parceiros no sentido de fortalecimento. Na hora em que se faz política que se contrapõe aos interesses dos bancários, acaba atingindo o próprio banco, porque ai é que está o maior patrimônio do banco''.



Para o deputado, o debate é necessário para esclarecer o que fundamenta a reestruturação do Banco do Brasil. Ele identifica ''uma nova fase de crescimento do banco, que está abrindo novas agências, fazendo concurso, contratando pessoas, assumindo novas atribuições, está muito bem, tem muito lucro – o sistema financeiro de um modo geral tem muito lucro – e é estranho que faça uma proposta de reestruturação e que seja anunciada sem ser discutida com os servidores, sem esse diálogo''.



De Brasília
Márcia Xavier


Com Agência Câmara