IBGE: Crescimento demográfico desigual reduziu desigualdades

Uma população brasileira muito mais urbana, menos jovem e cada vez menos branca, é o que mostra o estudo Tendências demográficas, lançado nesta sexta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O trabalho  compara

A população do Brasil aumentou, entre 1940 e 2000, quatro vezes, passando de 41,2 milhões para 169,8 milhões de habitantes. Mas esse crescimento não foi homogêneo. Veja o gráfico ao lado: a população rural cresceu em média apenas 0,2% ao ano no país como um todo, e chegou a diminuir 0,8% ao ano no caso da Região Sudeste. Já a população urbana aumentou em média 4,1% ao ano.



Vazios populacionais ficaram menos vazios



Contraditoriamente, o crescimento desigual reduziu desigualdades, pelo menos as demográficas. As regiões que tiveram maior crescimento populacional foram a Centro-Oeste (4,1% por ano em média) e a Norte (3,6%) – justamente as que têm as populações menores e a densidade demográfica mais rarefeita.



Rondônia em 1940 não atingia 1 hab/km2 de densidade demográfica; em 2000 passou para 5 hab/km2. Roraima passou  e aproximadamente 2 hab/km2 , respectivamente.



Em 60 anos, a densidade demográfica do país saltou de 4,8 habitantes por quilômetro quadrado para 19,9 hab/km2. O Centro-Oeste (de 0,7 para 7,2 hab/km2) apresentou crescimento duas vezes e meia maior que o nacional. Na região Norte (de 0,4 para 3,4 hab/km2) o aumento foi duas vezes maior que a média nacional. Os grandes vazios demográficos brasileiros ficaram menos vazios. Mesmo asim, persistiram as disparidades regionais: a densidade demográfica no Norte é de apenas 3,4 hab/km2, em contraste com 78,3 hab/km2, no Sudeste.



Mas a Região Sudeste, a mais povoada, manteve a mesma média de crescimento populacional do país, 2,4%. E o Nordeste teve crescimento demográfico inferior à média, 2,0%, refletindo a grande migração para as cidades do Sudeste durante o período.



População urbana, de 13 para 138 milhões



Nestas seis décadas o Brasil viveu uma das urbanizações mais aceleradas que a humanidade conheceu, embora o mesmo processo tenha atingido também os demais países. Em 1940 (primeiro Censo a registrar o dado), a taxa de urbanização era de 31,3%; em 2000 havia saltado para 81,2%.



O contingente de população urbana, que correspondia a 12,8 milhões de habitantes, em 1940, atingiu 137,9 milhões, no último Censo. A maior cidade em 1940 ainda era o Rio de Janeiro, ultrapassada por São Paulo logo na década seguinte.



Mais brasileiros em idade produtiva



O declínio da taxa de fecundidade e a redução da mortalidade contribuiu para o estreitamento da base da pirâmide etária brasileira. Diminuiu o número de jovens e aumentou o de idosos.



O contingente de pessoas entre zero e 14 anos decresceu, no período estudado, de 42,9% da população para 29,6%. Já os idosos (60 anos ou mais), passaram de 4,1% para 8,6%.



No mesmo período, a população na faixa etária produtiva, de 15 a 59 anos, teve um aumento de 53% para 61,8% do total. Em relação ao peso dos inativos (crianças, adolescentes e idosos) sobre o segmento populacional potencialmente ativo, no primeiro Censo abordado nesse estudo havia 88,7 inativos para cada 100 pessoas em idade ativa, enquanto em 2000, eram 61,7 inativos. Isto significa que, demograficamente, o país está mais preparado para uma fase de crescimento acelerado da produção, do emprego e da renda, caso se supere os obstáculos macroeconômicos à retomada do desenvolvimento.



Os Censos do IBGE usam o sistema da auto-declaração para o quesito de “cor” ou “raça”.  As pessoas que se auto-declararam como brancas, que em 1940 representavam 63,4% do total, em 2000 se reduziram para 53,7%. Também decresceu a proporção de autodeclarados pretos (14,6% para 6,2%). Houve grande ganho populacional para as pessoas que se auto-declararam pardas, de 21,2% para 38,5%. O Censo de 1940 não incluiu os indígenas, que foram contados no Censo 2000: 734 mil em todo território nacional, ou 0,4% dos brasileiros.



Analfabetismo caiu mas só em percentagem



A taxa de analfabetismo de pessoas de 10 anos ou mais de idade caiu para um quinto da de 1940, passando de 56,8% para 12,1%. Curiosamente, em números absolutos, o país tinha, em 1940, a mesma quantidade de analfabetos que no ano 2000 – 16,4 milhões.



Nos dois Censos, persistiram as diferenças regionais em matéria de alfabetização. No último Censo a variação nas taxas de analfabetismo foi de 5,3%, para Santa Catarina, a 30,1% para Alagoas. Há 60 anos, elas oscilavam entre 34,1%, para o Rio de Janeiro, e 80,5%, para Tocantins. As maiores taxas de analfabetismo permaneceram nas regiões Norte e Nordeste.



Em 1940, menos de um terço das crianças entre 7 e 14 anos freqüentava a escola, enquanto em 2000, a taxa de escolarização passou para quase 95% nessa faixa. Os maiores crescimentos foram observados nas regiões Nordeste, que passou de 18,8% (1940) para 92,9% (2000), e Centro-Oeste, que passou de 20,5% para 95,5%.


 


A publicação Tendências demográficas está à venda na loja virtual do IBGE (clique aqui para ver). E desta vez o Instituto, que às vezes cobra caro, fixou um preço convidativo: R$ 20,00 para o livro de 350 páginas, mais um CD com o mesmo conteúdo.



Fonte: http://www.ibge.gov.br