Reforma política: Foco na questão de gênero

Enquanto a representação feminina na Câmara dos Deputados de países sul-americanos como Argentina e Costa Rica é de 35% e 38,6%, respectivamente, no Brasil as mulheres ocupam apenas 8,77% das vagas na casa legislativa. Os dados foram apresentados pela

Ela ressalta o caráter, ainda paternalista, da política brasileira e a resistência dos deputados a reformas e mudanças. E defende a adoção de um sistema de representação proporcional, com lista pré-ordenada trazendo o nome de uma mulher a cada três candidatos arrolados.



Ela admite ser improvável a aprovação dessa proposta pela Câmara. “Os deputados se apavoram com a idéia de tantas mulheres na Casa. Como elas representam direitos de cidadania, igualdade, reconhecimento e distribuição, acabam sendo uma ameaça”, aponta Lúcia.          



Retrocesso



Também presente à palestra, o professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Jairo Nicolau defende cinco opções para a reforma do sistema eleitoral brasileiro – lista aberta, fechada ou flexível; voto distrital e distrital misto. De todas elas, Nicolau mostra-se totalmente contrário ao sistema distrital que, para ele, valoriza a questão territorial, além de não evitar a fragmentação partidária e distorcer a representação política no país.



“O voto distrital é um retrocesso para o Brasil e para qualquer democracia. Eu o descartaria politicamente e analiticamente. A tendência global é a representação proporcional”, argumenta o professor.



Pessimista, o professor do Ipol da UnB, Octaciano Nogueira, revela não ter esperanças em relação ao tema: “Não acredito muito em reforma política. Se já era difícil quando dependia do Congresso e do consenso, agora que também depende da Justiça será mais complicado ainda”, brincou.



Apesar disso, Nogueira espera que o voto proporcional e a informatização das eleições, definidos por ele como as únicas conquistas republicanas brasileiras, sejam mantidos. De acordo com ele, ou a reforma lesará os eleitores ou pesará no bolso dos contribuintes.



“Depois do PAC da economia, da educação e da segurança, o próximo que vem aí é o PAC da reforma política. É esperar pra ver”, ironiza Nogueira.



Fonte: UnB Agência