Conheça o mito do “apoio à democracia” no Leste Europeu

“Aos poucos, os EUA esperam criar um grupo de líderes nos vinte e quatro países da Europa Central e do Leste (CEE) os quais irão abrir ainda mais os recursos dos seus estados ao investimento das corporações transnacionais, forçar a Rússia ao isolamento ou

“Estamos atualmente trabalhando discretamente com todas as nossas forças para subtrair ao controle dos estados nacionais do mundo essa força misteriosa que atende pelo nome de soberania” – Arnold Toynbee, 1931.


 



Uma das mais notáveis mudanças na política mundial da era pós-Soviética é o quase irrestrito envolvimento de agentes, consultores e instituições públicas e privadas do Ocidente na gestão dos processos eleitorais em todo o mundo – incluindo nos estados do anterior bloco aliado Soviético. À medida que os aparelhos dos partidos comunistas daqueles países começaram a colapsar, no final dos anos 1980, e foram substituídos por forças políticas emergentes, o Ocidente, e especialmente os EUA, rapidamente intervieram nos seus assuntos políticos e econômicos. Os métodos de manipulação de eleições evoluíram desde os tempos áureos das operações da CIA, mas os objetivos gerais do imperialismo mantêm-se inalterados. O governo dos EUA apóia-se hoje, e na maioria dos casos, menos na CIA e mais nas iniciativas relativamente transparentes levadas a cabo por organizações públicas e privadas como a National Endownment for Democracy (NED), a U. S. Agency for International Development (USAID), a Freedom House, a George Soros’s Open Society, e uma rede de outras bem financiadas organizações políticas profissionais, públicas e privadas, principalmente americanas, operando ao serviço dos objetivos neoliberais do estado, tanto econômicos como políticos. Allen Weinstein, que ajudou a criar a NED, notava: “Muito do que nós (NED) fazemos hoje era feito de forma encoberta pela CIA, há 25 anos”. [1]



Entre os principais alvos da NED estão os assim chamados estados de transição que anteriormente faziam parte do bloco Soviético. Tanto Republicanos como Democratas assumem uma estratégia de “pós-contenção” em relação aos estados da Europa central e do leste (CEE) e até o “liberal” Democrata John Kerry censurou George Bush durante a campanha presidencial de 2004 por não por mais dinheiro na NED. Agindo como uma cobertura para os programas de “apoio à democracia” dos EUA, a NED canaliza a maior parte dos seus fundos (atribuídos pelo Congresso) para dois sub-grupos principais, o International Republican Institute (IRI) e o National Democratic Institute (NDI) – representando os dois partidos – bem como para o U. S. Chamber of Commerce’s Center for International Private Enterprise (CIPE) e para o AFL-CIO’s American Center for International Labor Solidarity (Solidarity Center), os quais têm como missão a realização do apoio às iniciativas eleitorais e da sociedade civil no países alvo. Um dos líderes do Congresso por detrás da criação da NED, Dante Fascell, ex-presidente do Comitê dos Negócios Estrangeiros, disse que este desenho institucional tinha por objetivo “dar a cada grupo um pedaço do bolo. Eles são todos recompensados. Democratas e Republicanos, a Câmara do Comércio e os trabalhadores”. [2]



Aos poucos, os EUA esperam criar um grupo de líderes nos vinte e quatro países da Europa Central e do Leste (CEE) os quais irão abrir ainda mais os recursos dos seus estados ao investimento das corporações transnacionais, forçar a Rússia ao isolamento ou à bancarrota, permitir a hegemonia militar dos EUA na região e proteger o oleoduto Euro-Asiático, controlado pelos EUA. Rússia, Ucrânia, Geórgia, Sérvia e Belarus estão entre os estados da região onde os consultores americanos, pessoal de serviço estrangeiro, a NED e suas organizações satélites, e outras agências públicas e privadas intervieram recentemente em processos eleitorais nacionais. A estes junta-se uma longa lista de outros países onde o dinheiro dos EUA está a abrir caminho entre políticos e partidos promovidos pela Casa Branca, o Departamento de Estado e a CIA. Comparadas com a forma agressiva como a CIA tipicamente conduziu as suas investidas desestabilizadoras do final da década de 40 até meados da década de 70, as formas atuais de manipulação eleitoral são feitas com base em técnicas de espectáculo e marketing.



Promovidas como sendo “construção da democracia”, as intervenções eleitorais são de importância crítica para os objetivos da política global dos EUA, contribuindo para a planificação a longo prazo dos objetivos do estado e das corporações econômicas, ao fortalecerem os laços com governos estrangeiros e ajudando a estabelecer alianças econômicas e militares. Este artigo discute o contexto de poder e o fundamento ideológico por detrás do “apoio à democracia” – como este termo é empregado de forma retórica para vencer a resistência nacionalista e socialista à dominação estrangeira no domínio econômico e cultural, com particular ênfase na Rússia e nos estados na sua “fronteira próxima”. Apesar de esta interferência estrangeira ter ocorrido em quase todos os países da Europa Central e do Leste (CEE), a ênfase aqui é posta em cinco países que são alvos particularmente importantes do interesse dos EUA: Rússia, Sérvia, Geórgia, Ucrânia e Belarus. Por último, o artigo aborda a forma como a manipulação da opinião pública pelo governo e pelos media pretende conferir legitimidade à noção de “apoio à democracia” e às boas intenções globais do estado.



“Apoio à democracia” e NED



O colapso da União Soviética deu aos EUA uma oportunidade única para expandir a sua influência aos antigos estados socialistas da Europa Central e Oriental, Ásia Central e Rússia. Nos anos 1990, as ONG’s americanas da “liberdade” e os consultores políticos privados aderiram à corrida a estas regiões na esteira dos apóstolos do mercado livre para participarem na “construção da democracia” e introduzirem a “engenharia eleitoral” à moda americana. Favorecendo este fluxo global de “assistência técnica não partidária”, a USAID adotou em 1991 um teste de “iniciativa para a democracia” ao qual passou a condicionar a extensão dos seus empréstimos e doações a vários países em desenvolvimento (um gesto similarmente adotado pela União Européia dois anos antes). Uma organização envolvida nesta iniciativa, a International Foundation for Election Systems baseada em Washington D.C. (IFES), nota como o “fim da guerra fria criou oportunidades . . . para responder a uma enorme procura de assessoria não partidária para democracia e governação”. A IFES reclama ter escritórios de campo em trinta e cinco países com um efetivo de 1.500 consultores, incluindo nomes sonoros como os de Stanley Greenberg (que ajudou a dirigir a campanha presidencial de Bill Clinton em 1992). Alguns destes consultores do IFES são capazes de converter o trabalho de assistência à democracia em contratos com candidatos políticos estrangeiros. Joseph Napolitan, fundador da International Association of Political Consultants, está na direcção do IFES, juntamente com outros bem conhecidos especialistas americanos. [3]



O National Endowment for Democracy (NED), que apóia programas em mais de oitenta países, é praticamente um instrumento privado financiado pelo Congresso, criado pela administração Reagan em 1983 para canalizar dinheiro, equipemento e consultores políticos e outra assistência técnica do género para certos países com vista a “fortalecer processos eleitorais democráticos… por meio de medidas oportunas em cooperação com forças democráticas indígenas”. Ou seja, a suposta “raison d’etre” da NED seria encorajar a atividade eleitoral em países em processo de transição para a democracia e apóiar outros onde os processos eleitorais já foram instituídos. A NED foi descrita como um “uma organização que fornece dinheiro, apoio técnico, fornecimentos vários, treino, apoio em técnicas de propaganda, assistência em relações públicas e equipemento moderno a agrupamentos políticos selecionados, organizações cívicas, sindicatos, movimentos dissidentes, grupos estudantis, editores livreiros, jornais e outros meios de informação”. Ironicamente referindo-se a eles próprios como uma “organização não-governamental”, o seu propósito global tem sido o de “desestabilizar movimentos progressistas, particularmente os de orientação socialista ou democrática-socialista”. [4]



Um certo número de críticos dentro e fora do governo (dos EUA), tanto à esquerda como à direita, vêem a NED como uma relíquia anti-comunista da Guerra Fria, falsamente se apresentando a ela própria como apartidária. O Chairman do conselho de administração da NED, o ex-representante Vin Weber, é um importante membro de uma firma de consultoria que, de acordo com a sua biografia, fornece consultoria estratégica a instituições interessadas em temas relacionados com o funcionamento dos ramos executivo e legislativo do governo federal. Ele é também um parceiro de negócios dos antigos políticos Republicanos e oficiais governamentais Jack Kemp, Jeane Kirkpatrick e William Bennet, e é conhecido como sendo um “super lobista”. O presidente da NED é Carl Gershman, um ex-social democrata que se tornou consultor da arqui-conservadora Jeane Kirkpatrick (atualmente no conselho de administração do IRI), quando era embaixadora do governo de Ronald Reagan nas Nações Unidas. Ao longo dos anos, houve no interior do Congresso várias tentativas para desmantelar a NED, incluindo uma recente iniciativa de um representante do Texas, Ron Paul, que chamou à organização “nada mais do que um dispendioso programa que usa os dinheiros dos contribuintes americanos para promover e favorecer determinados políticos e partidos no exterior”. atualmente, a NED está nas boas graças da maioria dos legisladores Democratas e Republicanos. [5]



Alegadamente, a NED deveria fornecer uma alternativa à CIA, encorajando o aparecimento de instituições democráticas em estados anteriormente repressivos. Ao contrário da CIA, as vastas operações da NED no exterior criam oportunidades para operacionais da política que não precisam de se encobrir por detrás de vidas e entidades falsas. No entanto, embora não adotando os métodos sujos da CIA, “a NED interfere nos assuntos internos de outros países por variadas formas, seja fornecendo fundos, assistência técnica, treino, materiais de propaganda, computadores, faxes, copiadoras, automóveis, etc, a grupos políticos selecionados, organizações cívicas, sindicatos, movimentos dissidentes, grupos estudantis, editores livreiros, jornais, outros meios de informação, etc”. De acordo com uma opinião, a camuflagem dos seus objetivos imperiais, a par da sua imagem de benfeitores, faz da NED um instrumento da política de estado muito mais eficaz do que a CIA foi alguma vez. – um imperialismo “soft”. [6]



Enquanto muita gente nestes antigos estados autoritários mono-partidários saúda o advento de uma política aberta, multi-partidária, permanece uma suspeição, largamente disseminada, em relação ao patrocínio de instituições políticas domésticas por organizações estrangeiras. Mesmo quando os fundos da NED ajudaram a realização das eleições de 1988 no Chile que contribuíram para a queda do regime de Pinochet, os partidos da oposição expressaram o seu descontentamento em relação à interferência dos EUA. E esta suspeição não é infundada. A tendência política de centro-direita da CIPE e da Solidarity Center da AFL-CIO é clara. Um olhar às ligações e apoios dos membros do National Democratic Institute e, especialmente, do International Republican Institute — listando sessenta e quatro dos seus fundadores e “benfeitores” — revela uma clara intersecção de burocratas-capitalistas com representantes dos setores da energia, automóvel, mídia e defesa. Embora corporações como a Chevron-Texaco, Exxon Mobil e Enron contribuam com fundos tanto para o NDI como para o IRI, a sua influência, particularmente nos países que constituem os principais alvos da NED, como a Venezuela, Iraque e o resto do Oriente Médio, estende-se muito para além do que a sua relativamente peqüena contribuição direta poderia sugerir. O que torna o NED um instrumento particularmente “útil” é o fato de que, embora financiado com fundos federais, as atividades dos seus institutos não têm que ser reportadas ao Congresso. [7]



Na sua declaração de princípios, o IRI proclama que os seus programas são “apartidários e em estrita conformidade com os princípios americanos fundamentais tais como a liberdade individual, iguais oportunidades, e espírito de empreendimento que impulsiona o desenvolvimento econômico”. No entanto, seguindo os seus “princípios americanos”, o IRI, chefiado pelo líder conservador John McCain, não sofre de uma versão de “apartidarismo” que tolere organizações de esquerda. No seu apartidarismo anti-esquerdista, o IRI aparece freqüentemente associado com outra organização financiada pela NED, o Free Trade Union Institute (FTUI) da AFL-CIO. Nos anos 1980, um dos projetos de “apoio à democracia” da FTUI foi uma doação de US$ 1,5 milhão para apoio a um grupo extremista de direita, a National Inter-University Union, para fazer frente a supostas influências comunistas perigosas no governo socialista de François Miterrand. Na visão do mundo do IRI, “liberdade” quer dizer “livre empreendimento”, e aqueles que resistem às políticas econômicas de portas abertas são considerados, de fato, anti-democráticos. Consideravelmente mais que o NDI, o IRI condiciona os seus programas de financiamento a um teste ideológico. Ambas organizações baseiam-se em primeiro lugar em pessoas com experiência não em trabalho para o desenvolvimento, “mas principalmente nas salas de comando das campanhas presidenciais, em esforços junto do Congresso e de lobbies, e através de laços familiares com membros de topo dos partidos” [8]



A “Operação de Salvamento” da Rússia pelos EUA



Com o colapso da União Soviética nos anos 90’s, a indústria eleitoral dos EUA começou a operar num ambiente mais globalizado, sustentada pelo financiamento do estado e encorajada para o estabelecimento de pontes para as conquistas econômicas do neoliberalismo, em nome da “liberdade”. Sendo a anterior “ovelha negra”, a Rússia era alvo apetecível para a engenharia eleitoral dos pensadores da política externa dos EUA. Inicialmente, com a produção de spots políticos televisivos em 1993 e depois na eleição presidencial de 1996, os primeiros consultores americanos eram convidados para Moscou para propagandizar as vantagens do capitalismo e de Boris Ieltsin sobre o comunismo e o chefe do Partido Comunista (PCFR) Gennady Zyuganov. Imediatamente antes da campanha eleitoral, os EUA ajudaram a financiar Ieltsin com US$ 14 bilhões em empréstimos. O chanceler Alemão Helmut Kohl comprometeu-se com mais US$ 2,7 bilhões, a maioria dos quais completamente incondicionais (e portanto permitindo o seu uso na compra massiva de votos) e o primeiro-ministro Francês Alain Juppé adicionou US$ 392 milhões ao bolo, “pagos inteiramente aos cofres do estado Russo”. O Diretor do Fundo Monetário Internacional, Michel Candessus, empenhou a sua organização, como uma “obrigação moral”, no apoio aos planos de privatização de Ieltsin. A maior parte dos fundos do FMI foram destinados ao tesouro do estado para gastos discricionários – com a condição de que a assistência financeira seria suspensa em caso de vitória de um Partido Comunista. “No final de contas, porém, a campanha porta a porta do KPRF foi abafada pela campanha da equipe de Ieltsin, moderna, longamente preparada, bem financiada e que inundou os meios de comunicação”. [9]



Por trás da campanha de Ieltsin, e operando na sombra, estavam os consultores americanos George Gorton, Joe Shumate e Richard Dresner, que haviam previamente trabalhado na campanha de Pete Wilson para Governador da Califórnia. [10] No momento que Ieltsin desceu nas pesquisas, os três foram solicitados a usar as suas capacidades para ajudar a fazer o “resgate” de Ieltsin. Eles foram recrutados para este trabalho por Steven More, um especialista de relações públicas Americano, e por uma empresa Russa de publicidade, Vídeo International. Dresner era um antigo parceiro de negócios de Dick Morris e antigo conselheiro de Bill Clinton na sua campanha de para governador. Morris, por seu lado, era o principal assessor político de Clinton (tendo anteriormente trabalhado para os senadores conservadores do Sul, Trent Lott e Jesse Helms) e trabalhou como elemento de ligação entre o presidente dos EUA e os amigos de Morris na equipe de Ieltsin. Apesar destes vínculos estreitos, os consultores negaram quaisquer ligações entre a campanha Russa e a Casa Branca. [11]



O pessoal da Vídeo International (VI) foi treinado para a campanha eleitoral pela firma americana de publicidade Ogilvy & Mather (parte do grupo publicitário WPP, de dimensão mundial). A estratégia da campanha, incluindo o uso de arquivos mostrando a brutalidade de Stalin, era atacar o PCFR e Zyuganov com uma sortida mão de táticas anti-comunistas. Poucos anos depois da queda da União Soviética, isto representou um a viragem extraordinária na política Russa (antes Soviética). Como notou uma acadêmica em entrevista à VI, os produtores da companhia troçaram de Zyuganov por este não ter sido capaz de perceber a importância do marketing político, o que sugeria uma outra notável adaptação no pensamento político Russo. [12]



A VI era dirigida pelo antigo membro do KGB, Mikhail Margolev, que havia antes estado cinco anos em agências de publicidade americanas. Posteriormente juntou-se à equipe de relações públicas de Putin para a campanha eleitoral de 2000. Depois disso tornou-se “senador” no Conselho Federal, a casa mais importante do parlamento russo. Ele e outros assessores próximos de Putin têm vindo a receber “informação em primeira-mão sobre as estratégias e técnicas da prática de campanha à moda americana”, tutela que, presume-se, eles prevêem que será de utilidade para as grandes ambições políticas do seu líder. Um outro executivo da VI, Mikhail Liesin, tornou-se ministro da informação de Putin. Liesin é conhecido na Rússia pelo assédio aos órgãos de informação que são críticos do governo de Putin, marcando o estilo cada vez mais autoritário daquela liderança. [13]



Os consultores americanos trabalharam estreitamente com a filha de Ieltsin e diretora de campanha, Tatiana Diatchenko, passando para a sua contraparte russa as técnicas americanas do marketing eleitoral. De acordo com um relatório, “eles deram assessoria em organização, uso estratégico e tático das pesquisas e grupos alvo” com uma “mensagem central da campanha no anti-comunismo”, um papel que eles partilham com a Burson-Marsteller e outras empresas americanas de relações públicas. Eles pressionaram também Ieltsin no sentido de assumir uma atitude mais autoritária e a pensar em como tornar as televisões estatais mais submissas. Sublinhando que eles salvaram Ieltsin de uma derrota certa e a Rússia de um regresso à Guerra Fria, os consultores admitiram ter usado uma gama de táticas de manipulação na sua estratégia de propaganda para disseminar o medo entre os russos, um estilo que tem sido muito aperfeiçoado por muitos estrategistas políticos Republicanos. Uma reportagem da revista Time sobre estes acontecimentos apareceu com o título escaldante de “Yanks to Rescue” – e inspirou depois o filme “Spinning Boris”, acerca de como o heroísmo dos assessores políticos americanos “salvou a Rússia do comunismo”. [14]



A propaganda política dos assessores, divulgada sobretudo a partir de estações de rádio e televisão do estado sob controlo total de Ieltsin, repetia o tema de que uma vitória de Zyuganov traria de volta a economia centralizada e um clima de terror. Para captar os votos dos jovens, os assessores americanos pediram a Ieltsin para aparecer em concertos de rock, e, num deles, fizeram-no subir ao palco e cantar e dançar. Alguns dos seus assessores não aprovaram o ato, talvez porque ele teria causado o ataque de coração que atingiu o candidato, em plena campanha. Tanto os slogans da campanha como a administração Clinton ignoraram a economia fora de controle, a fraca saúde do candidato, a sua dependência em relação ao álcool, e o seu amplo recurso a políticas repressivas. Apesar das suas tendências autocráticas, desrespeito pelas liberdades inscritas na constituição, dos freqüentes escândalos de lavagem de dinheiro, e guerra brutal na Tchetchenia, Ieltsin recebeu o apoio incondicional das principais economias de mercado, como se o mercado livre fosse a verdadeira medida da democracia. Um correspondente da Time resumiu a intervenção americana com uma lógica maquiavélica: “A democracia triunfou – e com ela vieram as técnicas das campanhas eleitorais modernas, incluindo a vigarice e a charlatanice que os americanos conhecem tão bem. Se estas técnicas nem sempre são recomendáveis, os resultados que elas ajudaram a atingir na Rússia certamente são” [15]



Os russos, também eles, aprenderam as artes negras do circo político maquiavélico. Em Moscou existe hoje o Centro para Consultoria Política, mais conhecido por “Niccolo M” – nome de um conhecido teórico da manipulação política e do marketing político. Em 2002, à Niccolo M — cujos fundadores recebera treino do NDI e do IRI em seminários financiados pela NED — juntaram-se vários outros grupos de consultoria política tais como o Centre of Political Technologies, que presta assessoria para o desenho de estratégias de campanha e organiza contatos nos meios de negócios e entre funcionários do Kremlin. O pessoal do Niccolo M usou todos os métodos aprendidos dos seus mentores, incluindo a promoção da imagem do candidato, as pesquisas, os grupos alvo, o correio direto, o contato por telefone, uso maciço dos “mass media”, anúncios publicitários de ataque direto, e o marketing político. Depois da sua derrota de 1996, o PCFR começou a estudar os manuais de campanha ocidentais e a adotar as mesmas táticas. Os círculos de negócios russos aprenderam a dar o dinheiro diretamente aos assessores, em vez de o darem aos candidatos, como forma de exercerem um controle mais restrito sobre a forma de fazer política, uma prática que corresponde ao financiamento eleitoral por “soft-money” nos EUA. [16]



A NDI felicitou-se pelo papel por ela desempenhado na transformação da sociedade russa por meio da introdução das técnicas eleitorais americanas. Sob influência dos EUA, afirma, os partidos políticos russos passaram a “dirigir as suas mensagens aos eleitores com base em informação demográfica e geográfica . . . promovendo pesquisas sobre as atitudes dos eleitores através de grupos alvo e pesquisas . . . pequenas reuniões, associação com grupos cívicos, campanhas porta a porta, contato telefônico e panfletos; organizando campanhas mais sofisticadas nos órgãos de informação com vista a criar notícias e a responder a acontecimentos…”. Muitas destas mudanças podem ser atribuídas ao treino fornecido pelo NDI. [17]



De fato, o “apoio à democracia” americano à Rússia tem sido parte de um vasto projeto para transformar aquele país numa economia de mercado e colocá-lo sob controle estável e fiável de funcionários eleitos favoráveis ao capitalismo e aos EUA, apesar do seu registo e inclinações anti-democráticos. No início dos anos 90, o Institute for International Development da Universidade de Harvard (HIID), “que funciona como guardião de centenas de milhões de dólares de financiamentos subsidiados de dinheiros dos contribuintes americanos e dos G-7 e outros fundos do Ocidente”, enviou uma equipe de “terapeutas de choque” composta por economistas e liderada por Jeffrey Sachs. Através do HIID foram canalizados US$ 300 milhões em doações da USAID que foram para a firma de relações públicas Burson-Marsteller e para as “big six” multinacionais de contabilidade que operam na Rússia, para ajudar a vender o programa de privatização. [18] Trabalhando estreitamente com Anatoly Tchubais, primeiro Vice-Primeiro Ministro de Ieltsin, Ministro das Finanças e chefe do staff de Ieltsin, o apoio do HIID levou à conversão de grandes empresas do estado em companhias privadas. Com este objetivo, o grupo de Harvard “escreveu o rascunho de muitos dos decretos do Kremlin”. [19] As políticas promovidas pelo grupo de Sachs foram posteriormente qualificadas de desastrosas, de acordo com subseqüentes indicadores da qualidade de vida dos russos.



Salvando outras “democracias tradicionais”



Para além da Rússia, o NED – e especialmente o IRI – centraram os seus esforços de financiamento nos antigos estados membros do bloco soviético. Em 1990, assessores políticos americanos estavam já treinando futuros contra-partes em vários estados anteriormente dirigidos por partidos comunistas e agora chamados de “em transição para a democracia”. Se a natureza semi-pública, semi-privada do NED dificulta a distinção entre conduta oficial e conduta não-oficial da política externa, a intervenção política de cidadãos americanos individuais torna tal distinção ainda mais difícil. Quando o presidente da Geórgia, Eduard Shevardnaze, (ex-ministro das Relações Exteriores da União Soviética no governo de Gorbachev) foi forçado a renunciar de chefe de estado da Geórgia após uma eleição manipulada e do levantamento nacional que se lhe seguiu em 2003, foi revelado que o financeiro bilionário e ativista político internacional George Soros havia tido uma importante participação na orquestração da transferência de poder. Soros, cujas organizações estão envolvidas na desestabilização de regimes nacionalistas, fundara a estação de televisão de oposição Rustavi 2, o jornal 24 Tchas (24 Horas) e o movimento de juventude Kmara!, tal como havia, três anos antes, apoiado um outro movimento de juventude, o Otpor, na Sérvia. O Otpor esteve no centro da operação de derrubada do governo de Slobodan Milosevic.



Líderes estudantis da Geórgia reconheceram que haviam imitado a revolta Sérvia, passo por passo. “Ativistas do Otpor ministraram cursos de 3 dias ensinando a mais de 1.000 estudantes georgianos como fomentar uma revolução não sangrenta. Estas iniciativas foram financiadas pela Open Society Institute de Soros”. George Soros foi a mais visível das mãos estrangeiras na derrota de Shevardnaze, mas a USAID, o NDI, o IRI, a Freedom House e o Departamento de Estado dos EUA estiveram envolvidos em diferentes graus na manipulação do processo eleitoral no país. Richard Miles, embaixador dos EUA em Belgrado que desempenhou um papel chave no derrube de Milosevic foi transferido para Tbilisi, onde “repetiu o truque” orientando Mikhail Saakashvili nas técnicas para derrubar Shevardnaze. Leonid Kutchma, presidente da Ucrânia nessa altura, frisou então que a derrota de Shevardnaze era “um golpe engendrado pelo Ocidente”. Os EUA propagandearam a vitória de janeiro de 2003 de Saakashvili como uma legítima expressão da democracia eleitoral. [20]



Como os EUA têm interesses fundamentais no oleoduto de Ceyan na região de Baku, na Geórgia, e a administração Bush via com maus olhos os negócios de petróleo entre o governo de Shevardnaze e os russos, a oposição do país foi o alvo escolhido para as manobras encobertas da CIA. Claramente, a primeira escolha da Casa Branca para substituir Shevardnaze era Saakashvili, um formado em Direito pelas universidades de George Washington e de Columbia. Os EUA forneceram-lhe especialistas em pesquisas, estrategistas e assessores. Após a saída forçada de Shevardnaze, os EUA forneceram US$ 14 milhões para ajudar no pagamento de salários de pessoal governamental e Saakashvili foi investido na presidência em janeiro de 2004. Para ajudar a consolidar a sua vitória, os seus apoiantes no parlamento forçaram a um novo recenseamento, o qual reduziu o número de recenseados em mais de um terço, garantindo assim uma participação oficial de 50% dos recenseados, o mínimo requerido para validar os resultados da eleição. [21]



As eleições presidenciais de novembro de 2004 na Ucrânia forneceram mais uma oportunidade para os EUA e governos da Europa Ocidental procurarem influenciar um afastamento político da Europa do Leste em relação ao seu legado soviético. O candidato favorito dos EUA e da União Européia era Viktor Iuchtchenko, alguém que os Estados Unidos e seus aliados Europeus viam como capaz de trazer a Ucrânia para a Otan e de adotar o programa da Organização Mundial do Comércio (OMC). Como chefe do banco central da Ucrânia no início dos anos 1990, Iuchtchenko, cuja mulher americana havia trabalhado na administração de Reagan, adotara entusiasticamente o programa de reformas estruturais do FMI. A reestruturação econômica levou à inflação dos preços dos produtos e serviços locais, à redução drástica do valor dos salários e a um rabaixamento global da saúde da economia do país que criou sérias dificuldades para a população da Ucrânia. [22]



O rival de Iuchtchenko para a presidência era o primeiro-ministro Viktor Ianukovitch, o candidato apoiado pelo presidente Kutchma e pelo presidente russo Vladimir Putin. Mas o Departamento de Estado o via como um “corrupto” e “inaceitável” e ameaçou com sanções no caso de ele ganhar as eleições “por meio de fraude”. Várias agências do governo dos EUA, juntamente com organizações privadas, incluindo o NDI, o IRI e a International Renaissance Foundation de Soros, contribuíram com milhões de dólares para a campanha de Iuchtchenko, enquanto um executivo da firma Rock Creek Creative se vangloriava de ter criado um sítio na Web para o candidato dos EUA/EU que era uma “praça da liberdade virtual para o movimento pela democracia” na Ucrânia. [23] A estes apoios juntou-se o da Konrad Adenauer Foundation, da Frederich Ebert Foundation e da European Peoples Party (Christian Democrats). Ironicamente, a administração Bush enviou para Kiev, como observadores eleitorais, o antigo presidente e diretor da CIA, George Bush pai, e o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, bem conhecido pelas suas iniciativas desestabilizadoras no Sudeste Asiático e na América Latina. De mesmo modo, parece ser um caso de “ética situacional” o fato de o IRI, com base nas pesquisas à boca das urnas por si financiadas, ter contestado a declaração inicial de vitória proferida por Ianukovitch, enquanto que o mesmo método de sondagem à boca das urnas não foi considerado válido em locais como a Florida (2000) e Ohio (2004).



Tanto os EUA como a União Européia financiaram pesquisas pré-eleitorais e à boca das urnas, ao serviço de Iuchtchenko, tendo declarado de antemão que uma vitória de Ianukovitch seria inaceitável. Não se sentindo incomodada com esta óbvia parcialidade, a American Bar Association apoiou a causa assegurando a instrução de juízes ucranianos, incluindo cinco juízes do Tribunal Supremo que invalidou os resultados da eleição de novembro e apelou para a realização de novas eleições. [24] E tal como na Iugoslávia e na Geórgia, o momentum por trás do candidato da oposição apoiado pelo Ocidente era um movimento de estudantes financiado a partir do exterior, o Pora. De fato, não era segredo para ninguém que líderes tanto do Otpor da Sérvia como do Kmara! da Geórgia haviam sido trazidos para prestar assistência e instrução aos ativistas da Pora.



Três proeminentes Ongs na Ucrânia, o Centro Internacional para Estudos Políticos, o Centro de Instrução Regional da Ucrânia Ocidental e o Centro para a Reforma Política e Legal, têm visíveis vínculos com Iuchtchenko. De acordo com um deputado Republicano do estado do Texas, Ron Paul, a primeira foi financiada por Geoge Soros e as outras duas pelo governo dos EUA. Milhões de dólares para as eleições ucranianas foram injetados pela USAID através da “Poland – America – Ukraine Cooperation Initiative”, gerida pela organização privada de “apoio à democracia”, a Freedom House. Os vínculos deste e de outros grupos de “reforma” com Iuchtchenko são claramente visíveis. [25] Apesar do barulho que o governo dos EUA e várias Ongs fizeram em torno de uma alegada fraude do lado de Ianukovitch, as manobras pró-Iuchtchenko na Ucrânia Ocidental não foram menos evidentes.



Para além disso, como foi notado por alguns observadores, o governo dos EUA não mostrou qualquer indignação contra a maciça manipulação de votos que ocorreu durante a eleição de Ieltsin em 1996, nas eleições presidenciais no Azerbeijão em 2003, a derrubada inconstitucional de Shevardnaze na Geórgia, a tentativa de golpe militar contra o popular presidente Hugo Chavez em 2002, ou as eleições presidenciais no México em 2006. Soube-se também que o IRI ajudou na organização e coreografia de grandes manifestações de rua e no projeto de símbolos conotados com resistência, tal como punhos fechados, antes das recentes eleições em Belgrado, Tbilisi e Kiev. Estas manifestações foram acriticamente mostradas pela maioria dos órgãos de informação americanos como indicadores de uma ampla tendência popular pró-Ocidente. Os mesmos órgãos de informação – muitas vezes comportando-se com a submissão característica dos órgãos de informação controlados por ditaduras – ignoraram os vastos protestos realizados nas vésperas da invasão do Iraque, nos Estados Unidos, Reino Unido e muitos outros países. Se as eleições legislativas de março de 2006 na Ucrânia mostraram alguma coisa em relação aos sentimentos dos eleitores, foi que eles não apoiam aquela interpretação pró-Ocidente, pois o partido “Nossa Ucrânia” de Iuchtchenko, favorável à OMC, ficou em terceiro lugar e o partido de Ianukovitch ficou em primeiro lugar. No verão de 2006, em meio a uma crise governamental, Iuchtchenko viu-se forçado a convidar Ianukovitch para primeiro-ministro. [26]



A engenharia Eleitoral Global: o “Big Spin”



Com a exceção do período da segunda Guerra Mundial, o intervencionismo dos EUA tem sempre mostrado pouco respeito por princípios democráticos, apesar da retórica da sua política externa. Apesar de os EUA terem sempre prestado ajuda a regimes ditatoriais em todo o mundo – política que continua hoje –, num ambiente de rápidas comunicações como o do mundo actual, um discurso do tipo “apoio à democracia” é mais apropriado aos seus objetivos neo-liberais. No que respeita aos desígnios anglo-americanos em relação à Rússia e à Europa do Leste, não houve grandes mudanças desde que Lorde Balfour declarou, em 1918 (ano da intervenção militar anglo-francesa-americana na Rússia): “A única coisa que me interessa no Cáucaso é a estrada de ferro que transporta o petróleo de Baku para Batumi. Os nativos podem se cortar aos bocados uns aos outros, que eu não me importo”. [27]


Além da estratégia geopolítica global de controlar as reservas de petróleo, com intervenção estrangeira nos estados da região do Mar Cáspio à Ásia Central e domínio militar permanente na área, há o apelo de novas fronteiras para a expansão do capitalismo transnacional. A busca de legitimidade política e de dominação contidas na benigna expressão “apoio à democracia” é partilhada por uma variedade de interesses corporativos e de estado estrangeiros e seus parceiros locais, e apóia-se na atividade de propagandistas de relações públicas e mercenários da “engenharia eleitoral”. Ricck Ridder, um assessor político e ex-presidente da Association of Political Consultants, afirmou, em relação à onda de consultores que correram ao México antes das eleições de 2002: “se há alguma coisa que os americanos podem ensinar aos mexicanos, é isto: a democracia é um negócio em expansão”. [28]


E de fato, o “apoio à democracia” é uma indústria em desenvolvimento. A eleição de políticos e partidos do “mercado livre” é a porta de entrada por onde passam toda a sorte de aventureiros e vigaristas, incluindo os especialistas da “engenharia eleitoral”. No entanto, não é seguro que a assistência técnica e o capital ocidentais sejam sempre bem vindos ou bem sucedidos. Existe, aliás, um grande ceticismo em todo o mundo acerca dos motivos por trás do NED e do “apoio à democracia”. A presença de assessores de campanha estrangeiros e profissionais de relações públicas têm sido referida, de forma sarcástica, como sendo as “Brigadas Marriot” – referindo-se ao seu local favorito de alojamento. [29]


A Belarus é um país onde o Departamento de Estado, o NED, a EU, e os seus companheiros de viagem neoliberais têm ainda que fazer sérias investidas. É talvez pelo fato de que a Belarus criou uma economia estável sem os ataques e as devastações da “terapia de choque” neoliberal, nem a destruição do setor público, que, mesmo um governo de “mão dura” como o de Lukachenko, mantém legitimidade. Em reação à saudável derrota do candidato Alexander Milinkievitch, apóiado pelos EUA e União Européia, e ao fracasso de um movimento de juventude do tipo do Otpor e do extremista de direita “Young Front” nas eleições de 2006, Lukachenko foi proibido de visitar os estados da União Européia e os EUA. Isto não é o que acontece, por exemplo, com os chefes de estado do Egito, Colômbia, Paquistão, Arábia Saudita, Kazaquistão, Azerbeijão, Guiné Equatorial, Israel, ou Indonésia, os quais gozam de acesso fácil ao Departamento de Estado e escritórios da Casa Branca. Nestes estados pró-Ocidente, tão repressivos para os seus povos quanto submissos em relação aos seus patrões ocidentais, e (em alguns casos) ex-ditaduras militares que abriram as portas a corporações transnacionais, a manipulação de eleições é muitas vezes usada pelas elites dirigentes e seus patrões estrangeiros para “colher os frutos da legitimidade eleitoral sem correr os riscos da incerteza democrática”. [30]


Esta engenharia eleitoral em nome do capitalismo neoliberal provavelmente irá encontrar resistência, à medida que os países perceberem que são vítimas de manipulação, particularmente por forças exteriores. A longo prazo, podemos antever que o fracasso desta falsa democracia dará lugar a um discurso mais autêntico de internacionalismo baseado no respeito pela diplomacia pacífica, direitos humanos e civis, soberania nacional e participação popular – sem recurso ao marketing político e outras manifestações da hegemonia neo-colonial.



Notas:
[1] Citado em Wiliam Blum, Rogue State (Monroe, Me: Common Courage Press, 2000), 180
[2] David Samuels, “At play in the fields of oppression”, Harper’s (May 1995)
[3] Ankie Hoogvelt, Globalization and the postcolonial world (Baltimore: John Hopkins University Press, 1997), 173; International Foundation for Election Systems, 2003,
http://www.ifes.org; John Maggs, “Not so-innocents abroad”, National Journal 32, no. 25 (June 17, 2000).
[4] Lori F.Damrosh, “Politics Across Boarders”, American Journal of International Law 83, no. 1 (October November1989); Bill Berkowitz, “NED targets Venezuela”, Z Magazine Online (May 2004),
http://www.zmag.org
[5] National Endowment for Democracy, http://www.ned.org; Ron Paul, “National Endowment for Democracy”, October 11, 2003, http://www.antiwar.com
[6] Blum, Rogue State, 180; William I. Robinson, Promoting polyarchy (Cambridge University Press, 1996), 110 11
[7] Barbara Conry, Loose canon: “The National Endowment for Democracy” (Cato Institute, 1993)
http://www.cato.org; IRI, 2003 http://www.iri.org
[8] Becky Shelley, “Political globalization and the politics of international non-governmental organizations,” Australian Journal of Political Science 35, no. 2, (2000); Thomas Carothers, “The resurgence of United States political development assistance to Latin America in the 1980s” in Laurence Whitehead, ed., The international dimensions of democratization (New York: Oxford University Press, 1996), 125 45; Samuels, “At Play.”
[9] Fred Weir, “Betting on Boris,” Covert Action Quarterly (Summer 1996): 38 41; Sarah E. Mendelson, “Democracy assistance and political transition in Russia,” International Security 25, no. 4 (2001)
[10] Após terem salvo o Mundo para o capitalismo, Gorton, Shumate, and Dresner foram trabalhar para a campanha de Arnold Schwarzenegger para salvar a Califórnia dos Democratas.
[11] “U.S. Republicans reportedly helped Ieltsin engineer election win,” Deutsche Presse-Agentur, July 7, 1996
[12] Mendelson, “Democracy Assistance”, 76
[13] Fritz & Gunda Plasser, Global political campaigning (Westport, Conn.: Praeger, 2002); Time (July 15, 1996); Mendelson, “Democracy Assistance,” 73
[14] U.S. political consultants take bow for Yeltsin victory,” Deutsche Presse-Agentur, July 9, 1996; Time (July 15, 1996); Janine R. Wedel, Collision and collusion (New York: Palgrave, 2001), 143; Moscow Times, June 3, 2002
[15] Daniel Hellinger, “Democracy builders or information terrorists?” St. Louis Journalism Review (September 1996): 10 11; Mark Stevenson, “America's newest export industry: Political advisers,” Associated Press, January 29, 2000; Mendelson, “Democracy Assistance”; Time (July 15, 1996
[16] Os 30 bilhões de dólares destinados anualmente pela NED à Rússia foram também usados para financiar a campanha de 41 membros da Duma no Parlamento Russo (Norman Solomon, The habits of highly deceptive media [Monroe, Me.: Common Courage Press, 1999], 75). Com escritórios em Moscou, o NDI e o IRI estiverem profundamente envolvidos no treino de ativistas políticos e partidários em muitas regiões da Russia, apoiados por mais de US$ 15 bilhões durante os anos 1990 (Mendelson, “Democracy Assistance,” 75 76). Julie Corwin, “The business of elections,” Radio Free Europe/RadioLiberty, September 11, 2002; Mendelson, “Democracy Assistance”; Plasser & Plasser, Global political campaigning
[17] Carothers, “The resurgence,” 152
[18] As “big six” são: Deloitte and Touche, Coopers and Lybrand, KPMG Peat Marwick, Arthur Andersen, Ernst and Young, e Price Waterhouse
[19] Wedel, Collision and collusion, 125, 142, 241
[20] World Press Review, December 7, 2003; Guardian, November 26, 2004; Financial Times, January 4, 2004, 4
[21] Toronto Sun, November 30, 2003; Guardian, November 24, 2003; Financial Times, January 5, 2004, 3
[22] Catholic New Times (Canada), December 19, 2004
[23] Washington Post, March 7, 2005
[24] New York Sun, December 31, 2004
[25] Paul, “National Endowment for Democracy”
[26] Mark Almond, Belarus,
http://www.bhhrg.org; Guardian, November 26, 2004
[27] The Guardian, April 1, 2004
[28] Los Angeles Times, August 27, 1999
[29] Wedel, Collision and collusion
[30] Andreas Schedler, “The menu of manipulation,” Journal of Democracy 13, no. 2 (2002): 36 50


Artigo publicado originalmente na Monthly Revue, volume 58, n.º 7. Reproduzido do site “O Diário” (http://www.odiario.info). Tradução de Francisco Lopes Pereira.