Tesouro no Atlântico gera tensão entre Espanha e Inglaterra

Em 18 de maio, a companhia americana Odyssey Marine Exploration, especializada na busca de restos de embarcações e dos tesouros que elas podem abrigar, anunciou ter retirado dos destroços de um navio no fundo do mar quinhentos mil moedas de prata e de our

A companhia de exploração recusou-se a fornecer quaisquer outras indicações sobre a nacionalidade do navio encontrado e a sua localização, limitando-se a afirmar que os seus restos jazem no Atlântico, fora de quaisquer águas territoriais, e que o seu conteúdo não está “sujeito à soberania de nenhum país” segundo as convenções internacionais.



Mas a Espanha suspeita de que este navio poderia muito bem se encontrar em suas águas territoriais, acredita que ele seja de fato espanhol e se pergunta se a Odyssey Marine Exploration não teria cometido um “delito de espoliação do patrimônio histórico”. Foi aberto um inquérito oficial, que está sob a responsabilidade da Guarda Civil, a polícia militar espanhola.



A Espanha já vinha cultivando relações conflituosas com a Odyssey. Em 2006, Madri havia interrompido buscas organizadas por esta companhia, as quais visavam a encontrar o HMS Sussex, um navio de guerra britânico que havia afundado em 1694, no Mediterrâneo, não longe de Gibraltar, e que conteria, ele também, um importante tesouro.



As buscas pelo HMS Sussex acabaram sendo retomadas depois de um acordo concluído, em março, entre Londres e Madri. Este acordo autorizava as buscas destinadas a encontrar o casco do navio, mas exigia a identificação formal dos vestígios antes que as escavações fossem iniciadas. Este trabalho havia sido entregue à Odyssey Marine Exploration, que havia chegado a um entendimento com a Grã-Bretanha sobre a partilha em partes iguais do conteúdo do navio. Madri, por sua vez, se comprometera a reconhecer que este era propriedade do Reino Unido.



“Quase quatrocentos navios”



A embaixada britânica em Madri assegurou que a descoberta da Odyssey “nada tem a ver com o navio HMS Sussex”. Mas isso não foi suficiente para tranqüilizar as autoridades espanholas, que informaram aos seus homólogos britânicos de que o acordo estava “rompido”.



O ministério espanhol da cultura afirma que o tesouro foi descarregado no porto da colônia britânica de Gibraltar, de onde ele teria sido transferido para um avião, que teria levantado vôo rumo a Tampa. Madri pediu a Londres e a Washington “explicações” sobre as autorizações alfandegárias relativas ao avião que serviu para transportar as moedas.



O governo espanhol tomou a decisão de verificar “todas as movimentações efetuadas pelos dois navios da Odyssey”, atracados em Gibraltar, “durante os vinte últimos dias”, declarou Carmen Calvo, a ministra da cultura. Segundo ela, haveria um cemitério de “quase quatrocentos navios, provavelmente o maior patrimônio subaquático do mundo”, os quais se encontrariam no fundo do estreito de Gibraltar.



Fonte: Le Monde