Representação do PSOL não preocupa Renan

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, nesta terça-feira (29) que a representação enviada ao Conselho de Ética pelo PSOL para que aquele órgão investigue as denúncias contra ele veiculadas pela imprensa recentemente não o preocupam.

Abordado por jornalistas ao chegar ao Senado, Renan Calheiros não quis fazer mais comentários sobre as de suposto envolvimento dele em irregularidades. “Não há fato novo. Tudo o que eu tinha para falar já falei ontem”, disse, referindo-se ao discurso que fez da tribuna do Senado na segunda-feira (28), quando apresentou documentos para comprovar que eram seus os recursos utilizados para o pagamento da pensão à filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, bem como do aluguel do apartamento em que ambas moravam.


 


O senador negou ainda que exista na Casa um “clima de tensão” que justifique seu licenciamento do cargo.


 


Isolado, PSOL sugere afastamento


 


A decisão do PSOL de formalizar a representação contra Renan Calheiros trouxe de volta ao noticiário político a ex-senadora Heloísa Helena. Ela foi a Brasília para participar pessoalmente de reunião do PSOL.


 


O PSOL tem apenas um representante no Senado: José Nery (PA), que assumiu recentemente a cadeira pois era suplente da então senadora Ana Júlia Carepa que renunciou para assumir o governo do estado do Pará.


 


Por determinação da direção de seu partido, coube a Nery a tarefa de protocolar a representação do PSOL contra o presidente do Senado. Mas quem se pronunciou sobre o assunto foi a presidente do partido, Heloisa Helena — que considera Renan Calheiros um inimigo político em Alagoas. “Quando um partido faz uma representação para identificação de quebra de decoro, ele investiga o abuso das prerrogativas asseguradas ao parlamentar, os crimes contra administração pública, intermediação de interesses privados, exploração de prestígio, tráfico de influência e recebimento abusivo de vantagens indevidas. Isso que trata a representação”, afirmou a ex-senadora alagoana.


 


A representação do PSOL está baseada única e exclusivamente nas suposições publicadas pela imprensa. O documento apresenta trechos de matérias jornalísticas com acusações contra Renan Calheiros (O Globo, Folha de S.Paulo e Veja) e afirma que “as acusações e denúncias trazem indícios fortes da possibilidade de prática de ilícitos pelo senador”.


 


A representação sugere que o Conselho de Ética colha o depoimento dos envolvidos, analise os documentos já apresentados e realize “as diligências necessárias, sob a ótica da eventual quebra do decoro”. O documento também cita a Constituição federal e o Regimento Interno do Senado Federal para sugerir que os fatos caracterizam, “em tese, práticas criminosas típicas, entre as quais corrupção passiva e improbidade administrativa”.


 


Heloisa Helena também pediu a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar denúncias da Polícia Federal relativas à operação Navalha, que aponta o envolvimento de autoridades com a construtora Gautama. “Só uma CPI tem poder de investigação”, defendeu.


 


O líder do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), recomendou que o presidente do Senado se afaste do cargo durante as investigações. “Queremos o afastamento temporário, para que tudo se esclareça”, disse.


 


O apelo do deputado psolista não encontrou respaldo em nenhum outro partido. Renan Calheiros já avisou que não irá se licenciar e vários senadores da base aliada e da oposição e até mesmo o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), vieram a público manifestar apoio à decisão de Renan de permanecer na presidência do Senado.


 


Conselho de Ética


 


O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar realiza sua primeira reunião nesta quarta-feira (30), às 10h, na Sala nº 19 da Ala Senador Alexandre Costa, com o objetivo de eleger o presidente e o vice-presidente do colegiado. A reunião foi convocada pelo corregedor do Senado, Romeu Tuma.



Em entrevista à imprensa, o corregedor disse que o futuro presidente do Conselho de Ética terá a prerrogativa de arquivar a representação ou designar um dos senadores integrantes do colegiado para iniciar o processo de investigação para apurar a representação do PSOL.



Tuma também opinou que o conselho poderá convocar para depoimento todos os citados pelo presidente Renan Calheiros em seu discurso de segunda-feira (28), como Cláudio Gontijo e o repórter Policarpo Júnior, autor da reportagem da revista Veja.


 


Da redação,
com agências