17° Cine Ceará abre espaço para produção ibero-americana

O 17° Cine Ceará, aberto na última sexta-feira, dia 1° de junho, e que prossegue até o dia 8, em Fortaleza (CE), apresenta, nesta edição, a produção do cinema Ibero-americano. “Ao contrário dos outros festivais, o nosso Cine Ceará não fica na mesmice.

O Cine Ceará que, segundo Oliveira, destaca-se entre os mais de 120 festivais de cinema realizados no Brasil, “ganhou mais importância ao se tornar um festival Ibero-Americano, em 2006”. Diretores, produtores e atores do Brasil e de países latino-americanos e da península ibérica estão em Fortaleza durante toda a semana participando das exibições da Mostra Competitiva e dos debates.



Com o tema Audiovisual e Educação, o Festival agrega às Mostras Competitivas  – Competitiva Brasileira de Curta-Metragem e Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem – uma programação de seminários, oficinas, lançamentos de livros e mostras especiais.



O vídeo “Caldeirões do Padre”, de Jotemir Paulino, morador do município cearense de Saboeiro, exibido na solenidade de abertura, é uma das produções realizadas na segunda edição do Projeto Revelando os Brasis. O filme é baseado em uma história real. Retrata o drama vivido por uma mulher que enlouqueceu depois de se apaixonar pelo padre da cidade. São os próprios moradores da cidade, que participaram como atores, que contam essa “desventura”.
 


A Mostra Competitiva de longa-metragem oferecerá este ano um Grande Prêmio de US$10 mil (dez mil dólares) para o melhor filme. O Festival concederá premiações nas seguintes categorias de longa-metragem: Filme, Direção, Fotografia, Edição, Roteiro, Som, Trilha Sonora Original, Direção de Arte, Ator e Atriz. E para curta-metragem: Filme, Direção, Fotografia, Edição, Roteiro, Som, Direção de Arte, Ator e Atriz.



O Troféu Eusélio Oliveira – uma homenagem a grandes nomes do cinema e personalidades que apóiam a cinematografia – será entregue ao fotógrafo Thomaz Farkas, que participa do evento com uma mostra de filmes da Caravana Farkas, organizada pelo fotógrafo entre os anos 1968 a 1972. A atriz Vanja Orico, que integrou o elenco do filme O Cangaceiro (1953), e o ex-presidente da Companhia Energética do Ceará (Coelce), Crístian Fierro, também serão agraciados com o Troféu.



Elogiados longas latino-americanos



A expansão do festival permite ao público e cinéfilos terem contato e conhecimento com a produção ibero-americana que dificilmente chegam ao circuito comercial, dominado pelo cinema americano. No Cine Ceará serão exibidos filmes como o peruano “Mariposa Negra”, de Francisco J. Lombardi.



O filme, a adaptação do romance “Grandes Miradas”, de Alonso Cueto, faz uma exposição do Peru na época em que Fujimori o governava e estabelecia uma rede de corrupção. As personagens centrais, Gabriela, professora enlutada pelo assassinato do noivo, e Ângela, jornalista responsável pela deturpação dos fatos, resolvem unir forças para buscar a verdadeira história do crime.


 
Outra produção muito elogiada e premiada – “As Cruzes” (Las Cruces, 2005), do guatemalteco Rafael Rosal, será exibido no festival. O filme conta a história de um grupo de guerrilheiros que, perseguido por militares, refugia-se numa pequena comunidade nas montanhas da Guatemala. O grupo, composto por seis homens e uma mulher, deixa os moradores em polvorosa porque a cidade poderá ser arrasada pelo exército.



Rosal, realizador de postura política crítica, graduado em cinema, ex-diretor e redator de um semanário internacional, fundou e dirige o “Festival Ícaro de Cinema Centroamericano”, em 1998 e a “Casa Comal, Arte e Cultura”, em 2000.



“De Bares”, do espanhol Mario Iglesias, obra de estréia e projeto pessoal do diretor, ligado às artes plásticas, tem sua história desenrolada no interior de um bar, no qual um rapaz, Oscar, resolve esperar a namorada após sair do trabalho. As fotos nas paredes chamam a sua atenção e o garçom explica que elas contam histórias de clientes ou de pessoas que estiveram ali apenas de passagem. Através das fotos ele tem contato com alguns desses relatos da vida cotidiana e de situações inesperadas que marcaram as vidas de diversas pessoas.



E no encerramento do Festival será apresentado “Madrigal”, do cubano Fernando Perez, realizador de “Suíte Havana”. Mireya Castañeda, do site “gramma internacional”, elogia: “Madrigal é uma obra complexa, uma película que dá continuidade ao cinema de Fernando Pérez, onde nada obedece à improvisação, simbólica, metafórica, e do qual o espectador participa”.